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montesclaros.com - Ano 25 - quinta-feira, 18 de abril de 2024
 

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Mensagem: A fortaleza de pedra

Manoel Hygino (Jornal ´Hoje em Dia´)

Muito criança, fui uma vez, ou duas?, a festas em uma fazenda do Barrocão. Não guardo lembranças, senão do ambiente cálido da recepção, muita gente presente, foguetório, muitos pratos típicos, doces e salgados para dias de permanência de toda aquela gente.
Tantos anos decorridos, memoro a alegre convivência com pessoas cujo nome não mais sei, ao ler o registro de JJSantos, que tampouco ainda conheço. Ele foi a Grão-Mogol rever a cidade, que tem características semelhantes a Vila Rica, Tijuco e a amorável Serro Frio da Vila do Príncipe.
Construíram-se 50 quilômetros de asfalto, que - depois de distrito do Barrocão - ligam a BR 251 à formosa cidade alpestre nascida com o nome de Serra de Santo Antônio do Itacambiruçu, hoje Grão Mogol. Mas faltam ainda 17 quilômetros de asfalto, para demonstrar que no Brasil o poder público deixa sempre algo a concluir.
Essa é uma região belíssima, praticamente desconhecida do resto do Estado. Quando se pavimentarem suas estradas, seus acessos, implantando uma infra-estrutura adequada para o turista, ter-se-á instalado uma fonte notável de receita, ao possibilitar que os visitantes admirem belos trechos da terra mineira, cheios de história e de tradições.
Grão Mogol é terra de gente corajosa, que participou das lutas travadas na região num período turbulento, em que se conquistava a terra e sua riqueza ao custo de muitas vidas. Foi rica e é bela. Não me sai da cabeça que tive como madrinha uma senhora ali nascida, de sobrenome “Alcântara”. Só isso me suscitava a idéia de nobreza. Estudara em colégios distantes, aprendera e falava francês. Talvez por isso, gostasse dos tangos de Gardel, nascido em Marselha.
Grão-Mogol é uma das fascinantes cidades de Minas que não conheço e que precisa ingressar no roteiro turístico de brasileiros e estrangeiros, que não cingirão a ver de perto a grandeza de Ouro Preto, de Diamantina, de São João del-Rei, Tiradentes, já conquistados pelos visitantes que lhe apreciam ruas, igrejas, gentes.
Haroldo Lívio, escritor e advogado, é um dos empolgados com esta rústica cidade, que não feneceu com a escassez dos minerais nobres. Haroldo, enciclopédia viva de toda uma vasta região, ensina que Grão-Mogol foi a primeira cidadela de extensa zona geopolítica. No apogeu da mineração diamantifera, conseguiu registrar 12 mil almas, população expressiva para aquela época de fastígio, que abrangeu o Império e os primeiros anos da República.
O vigor diminuiu, quando a turba de caçadores de riquezas percebeu que telas escasseavam. Como velhas cidades do Oeste americano, algumas das quais ficaram inteiramente abandonadas quando o ouro minguou e desapareceu.
Dali partiam as tropas de muares carregados de ouro e pedras preciosas para enfeitar as cabeças de rainhas e princesas nas grandes cortes da Europa. De lá saíam as bandeiras, em direção à mística Serra Resplandescente, ou alimentando a ilusão de que todos, bem à frente, nos dias seguintes, encontrariam diamantes colossais brilhando à luz do sol, nas areias alvinitentes do Itacambiruçu.
Até Itacambira fui, com fotógrafo do Rio de Janeiro, com o poeta Cândido Canela (seus 100 anos serão em 2010), em busca de outro mistério. O das múmias sob o piso assoalhado da igreja.
Não mais há bandeiras, nem aventureiros famintos de riquezas, nem índios furibundos. Mas Grão-Mogol está viva, diante de nossos olhos, para quem conferir. Não o retrato na parede.
“A igreja paroquial, de pedra construída, os muros de pedra, as ladeiras cansadas, é tudo feito de pedra sobre pedra... Chega-se em Grão-Mogol por caminhos empedrados, de águas cantantes e ar puro de montanha...
A cidade alterosa é uma fortaleza de pedra”.

(N. da Redação - Na foto, assinalado, o escritor Haroldo Lívio, na sua última visita à celebrada igreja ´de pedra construída´, a que alude a presente crônica do escritor montesclarense Manoel Hygino)

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