Mais pesquisas vão indicando: ao substituir tarefas rotineiras, IA enfraquece o desempenho dos estudantes
Segunda 30/06/25 - 14h38Duas pesquisas recentes lançam luz sobre os efeitos do uso intensivo de inteligência artificial (IA) no desempenho cognitivo, especialmente entre jovens estudantes.
Embora as ferramentas de IA ofereçam ganhos imediatos em produtividade e resolução de problemas, os dados sugerem que seu uso sem orientação pode prejudicar o desenvolvimento do pensamento crítico.
No Reino Unido, um estudo com mais de 600 pessoas, publicado em janeiro, identificou uma correlação negativa significativa entre o uso frequente de IA e habilidades de raciocínio crítico.
Os pesquisadores observaram que usuários mais jovens, em especial, têm recorrido aos programas não como apoio, mas como substitutos para tarefas rotineiras — o que pode levar à perda gradual de autonomia intelectual.
Já nos Estados Unidos, uma pesquisa conduzida pela Wharton School, da Universidade da Pensilvânia, avaliou o desempenho de estudantes do ensino médio na Turquia.
Os alunos que tiveram acesso a um tutor virtual baseado em IA — semelhante ao ChatGPT — apresentaram melhores resultados em problemas de matemática enquanto utilizavam o recurso.
No entanto, quando a ferramenta foi retirada, o rendimento desses mesmos alunos caiu para níveis inferiores aos daqueles que nunca haviam utilizado inteligência artificial no processo de aprendizagem.
Os dois estudos apontam para o chamado "descarregamento cognitivo", fenômeno em que o cérebro delega tarefas mentais à tecnologia, reduzindo o esforço próprio.
Embora a IA possa ser uma aliada no ensino, os pesquisadores alertam para a necessidade de um uso equilibrado, que complemente — e não substitua — o desenvolvimento das habilidades humanas.