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montesclaros.com - Ano 25 - sábado, 4 de maio de 2024
 

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Mensagem: Incêndio na praça do Rosário João Carlos Sobreira A praça da Igreja do Rosário (hoje praça Portugal) era tranqüila e bucólica em meados da década de sessenta. Podemos representá-la por um triangulo alongado, tendo um dos lados iniciado na esquina da rua Viúva Francisco Ribeiro, onde havia um velho casarão e hoje funciona a principal agência do Banco do Brasil na nossa cidade. Ali funcionava o Grupo Escolar D. João Pimenta, tendo ao lado um terreno murado, vago, que estava sendo usado como depósito de gás a céu aberto. Ao seu lado a residência do casal Fernanda e Arthur Ramos, existente até hoje, com finalidade comercial. Da outra esquina, onde começa a rua Lafetá até rua Governador Valadares, havia um muro contínuo com apenas alguns portões, de garagens existentes nos quintais das casas com frente para a rua Dr. Veloso. Na esquina do outro lado da rua Governador Valadares, um prédio de dois pavimentos, onde eu morava com minha mãe no térreo e funcionavam salas de escritório, em cima. Fechando o triangulo, no lado menor, a nova Igrejinha do Rosário, recém construída em substituição à antiga e linda Capela, que o progresso exigiu e a prefeitura foi obrigada a demolir, porque estava interrompendo, quase que completamente, o prosseguimento da avenida Cel. Prates. Em compensação, a localização da nova Capela, fechando o início da avenida Afonso Pena, interrompeu o seu prolongamento existente, trocando, a meu ver, “seis por meia dúzia”. Confirmou-se aí, mais uma vez, o surrado refrão que diz: “Montes Claros é, cada vez mais, uma cidade sem memória”. A demolição da velha Capelinha, se deu sob vigorosos protestos da população e rios de lágrimas das piedosas rezadeiras, O mato tomou conta do deposito de gás, ou por esquecimento, ou por deficiência no lay-out de arrumação dos botijões de gás, perfeitamente visível do lado de fora. Não havia espaço para passagem de um capinador entre as pilhas, que podiam ser vistas acima do muro não taon alto. As folhas do mato já estavam ultrapassando os botijões e perigosamente amareladas, portanto, secas. Não apareceu nenhum fiscal da prefeitura para autuar o responsável, a fim de corrigir o perigoso erro. A baixa umidade relativa do ar, permanentemente na cidade, o calor constante e o clima seco, se associados à uma ponta de cigarro aceso, poderiam transformar tudo em uma previsível tragédia. Pois não deu outra! Certo dia, pela manhã o mato seco começou pegar fogo. Foi combustão espontânea, disseram uns. Que nada, só pode ter sido uma ponta de cigarro, afirmaram outros. A dúvida ficou, mas o sinistro foi real, barulhento e amedrontador. As labaredas subiram acima dos botijões, atingindo, primeiro sua válvula de segurança, que derretida, liberou o gás sob pressão, transformando o botijão em um possante maçarico, capaz de fazer a língua de fogo alcançar uma distancia superior a quarenta metros. Os botijões vazios quando atingido pelo agora maçarico, explodiam e eram arremessados em todas as direções, principalmente para o ar. Encontrei, posteriormente, no telhado lá de casa, a sessenta metros do foco de fogo, três botijões retorcidos, amassados e rasgados pela explosão, que haviam quebrado várias telhas e foram parar na laje de forro das salas. Oito deles, no mesmo estado, foram encontrados na praça da Matriz e alguns foram localizados nas proximidades da ponte do rio Vieira, que dá acesso ao Orfanato. As casas e quintais da circunvizinhança, devem ter sido aquinhoadas com o inusitado “meteoro” sem que tenha sido dado conhecimento posteriormente. O meu dileto amigo José Marques, conhecido na cidade como Zé Português, tinha, na ocasião, um caminhão que fazia transportes de materiais para outras cidades e o deixou, carregado de tecidos, pernoitando, como de hábito, no outro lado da avenida, bem em frente ao depósito de gás. A língua de fogo do “lança chamas” o atingiu, destruindo, por completo, caminhão e mercadorias. Felizmente, no terreno vago, o único combustível para o incêndio era o gás dos botijões cheios. Acabado esse, não havendo mais nada para alimentar o fogo, o incêndio extinguiu por si próprio. Foi um acontecimento apavorante, de pequena duração. Quando o incêndio começou, eu já estava visitando uma das minhas obras. Até que chegou o eletricista, com a notícia que estava tendo um “fogaréu perto da casa de Dona Zaeth”. Contou para nós, rapidamente o que sabia e incontinente, corri para casa. Ao chegar, mamãe e minhas tias e primos que moravam próximos, estavam nas cinco janelas que abrem para a rua Governador Valadares, todas fechadas. Como eu já havia feito o serviço militar no CPOR, na arma de Artilharia e sabia muito bem que cada explosão é responsável por um deslocamento de ar, capaz de estilhaçar vidros como os das cinco janelas, tratei de abrir todas elas imediatamente. Chegando ao quarto de mamãe, onde estava a primeira janela aberta por mim, qual não foi minha surpresa ao vê-la fechada. Abri de novo e fui verificar as outras. Também fechadas! Furioso, procurei saber quem estava me fazendo perder tempo com essa desastrosa brincadeira. Encontrei tia Jujú, apavorada e com muito medo (ela sempre foi assim) procurando “o irresponsável que estava fazendo todos correr o risco do perigo de uma tragédia abrindo as janelas!” Com o fato esclarecido, tudo se acalmou e pudemos acompanhar o resto do incêndio com as janelas abertas. E acabado o sinistro, ao comentarmos o ocorrido, todos demos boas gargalhadas.

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