Receba as notícias do montesclaros.com pelo WhatsApp
montesclaros.com - Ano 25 - domingo, 19 de maio de 2024
 

Este espaço é para você aprimorar a notícia, completando-a.

Clique aqui para exibir os comentários


 

Os dados aqui preenchidos serão exibidos.
Todos os campos são obrigatórios

Mensagem: OS BORÓS DA FÁBRICA DE TECIDOS

Houve época em que era permitida a emissão de cédulas de mil-réis para suprir a necessidade da moeda corrente no país. O Tesouro Nacional, a Caixa de Conversão, a Caixa de Estabilização e o Banco do Brasil emitiram cédulas próprias até o inicio do padrão Cruzeiro (1942). No período do Brasil Colonial o costume de usar vales em substituição ao troco de cobre tornou-se um fato corriqueiro. Foram as chamadas Emissões Emergenciais. A história do dinheiro no Norte de Minas Gerais inicia na cidade de Diamantina. As primeiras cédulas, em Minas Gerais, apareceram no ano de 1833 e foram consideradas de valores legítimos nas transações denominadas de Troco de Cobre.
Depois que a Família Real aportou por aqui foi criado o Banco do Brasil. Em vista disso a primeira emissão de cédulas brasileiras aconteceu no ano de 1810, que eram impressas na Inglaterra. A apresentação gráfica dessas cédulas lembrava a da libra inglesa. Com a proliferação dos Bancos no território brasileiro, também as emissões de cédulas ganhavam fôlego incontrolável. A numismática brasileira é uma das mais ricas do mundo, devido a sua diversidade de valores monetários criada pelo governo do Império.
Historicamente o Norte de Minas figura como um reduto primitivo onde as emissões de cédulas aconteceram com legalidade. A mais antiga das cédulas emitidas no Norte de Minas pertencia á Câmara Municipal de Rio Pardo de Minas. Eram os vales, ou borós, impressos sob a responsabilidade do poder público municipal e que teve pouca duração. Também a Empresa Granjas Reunidas da Matarazzo (Bocaiúva) emitiu o seu dinheiro o que aconteceu com a anuência do Império do Brasil.
Entretanto o que mais interessa para a história econômica e monetária de Montes Claros são os ditos borós. Estes começaram a circular no quarto quartel de 1800 sob a responsabilidade da Fabrica de Tecido Companhia Montes Claros que emitiu cédulas de $500 reis e de 2$000 réis. Esse dinheiro possuía as seguintes características: eram cédulas uniface, pois somente no anverso que elas apresentavam a cor café com leite com os seus valores impressos em tinta vermelha. Também a Fabrica de Tecidos Rodrigues Soares, Bittencourt, Velozzo & Comp., lançava outras cédulas no comércio de Montes Claros: foram cédulas de 1$000 e de 2$000 réis com duas estampas distintas. Tinham elas a cor acinzentada com os valores destacados em azul e com o verso na cor verde.
Algumas dessas cédulas foram entregues ao historiador Simeão Ribeiro com rígidas recomendações conforme correspondência transcrita abaixo:
Prezado Simeão Ribeiro,
Estas cédulas me foram oferecidas pelo bondoso farmacêutico Mário Versiani Veloso, tão admirador e amigo de nossa terra, que me obrigou procurar colocá-las, e nenhuma outra pessoa poderia encontrar que pudesse obrigá-las e preservá-las de impiedosa destruição. Elas bem definem uma época e o valor de uma geração de nossos antepassados. Creio que os signatários dos vales da Fábrica de Tecidos anexos, sejam do seu conhecimento, exceção talvez de Bittencourt, meu avô materno que foi sócio da Fabrica de Tecidos do Cedro e gerente da mesma durante vários anos. No fim do Império foi agraciado com a comenda da Ordem da Rosa e com o título de Barão de Gorutuba. Retirando-se da sociedade, adquiriu a Fazenda Campo Grande, da atual cidade de Juramento, e depois de sua morte [foi] vendida para Manuel Batista Braga, recém chegado do estado da Bahia. Por esta região passava a chamada estrada baiana, por onde transmigravam grande parte dos nortistas em busca de terras rurais férteis e frescas a ali que possuíam estas condições. Também lá onde ainda existe bom número de Quadros e Sás se encontra a origem de meu avô.
Um abraço do amigo e admirador
Montes Claros 14 de junho de 1980.
Alpheu Quadros

As associações numismáticas têm acelerado as suas pesquisas no sentido de complementar os catálogos de Cédulas, Moedas e Medalhas, acatando, assim, pedido de inúmeros associados existentes por todo o território nacional. Temos procurado fazer, também, este papel. A cada garimpada bem sucedida, vem representar uma conquista de inegável valor para o meio numismático brasileiro. Por isso, as cédulas da Fábrica de Tecidos de Montes Claros passam a fazer parte da numismática, aguçando a curiosidade de colecionadores e dos estudiosos em economia.

Preencha os campos abaixo
Seu nome:
E-mail:
Cidade/UF: /
Comentário:

Trocar letras
Digite as letras que aparecem na imagem acima