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montesclaros.com - Ano 25 - domingo, 19 de maio de 2024
 

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Mensagem: DEUS EXISTE!!!
O avião do Papa descia. O meu também. O do Papa na confederação das tribos para altas discussões filosóficas com os teólogos da libertação; o meu, em minha aldeia, a sesquicentenária Princesa do Norte, ao encontro da afabilidade e do calor humano que a gente só encontra nas próprias raízes. Vi aquela vastidão de luzes noturnas pela janela do avião. Meu Deus, disse a mim mesmo, como minha aldeia cresceu! E como é bela, à noite, toda iluminada! Mas sabia que o esplendor dessa beleza se revelaria no momento em que me deparasse com minha gente, na Praça da Catedral, onde seriam nomeados os 150 felizes ganhadores da medalha “Civitas”. E não deu outra.
Após ouvir o magnífico pronunciamento de nosso cacique Athos, joguei uma partida de basquete, dirigido por Zim Bolão, numa quadra da Praça de Esportes em que estavam Geraldo Barata, Dácio Cabeludo, Raimundo Chupa-Dedo, Walduck Wanderley, Amaury Fraga, Guigi, Joãozinho, Jairo, Valtinho, Armeninho, Maninho, Haroldinho, Tutica, Roberto e Lúcio Amaral. Vi Sabu, à beira da piscina da Praça de Esportes, exigindo de seus alunos movimentos mais adequados para reduzirem seus tempos. Vi Zé Maria Melo tratar carinhosa e elegantemente uma bola de futebol. Vi Coró fazer uma defesa espetacular, num chute certeiro de “tio” Ênio, e Bonguinha deixar a torcida em delírio com uma atlética e garbosa ponte, após certeira cabeçada de Manoelzinho. Marcelino aplaudia as jogadas e Elias Siuf irradiava tudo, pela ZYD-7, onde Alpheu Prates tecia seus inteligentes comentários. Li o mestre Oswaldo Antunes reivindicar, com sabedoria e ardor, mais um grande benefício para nossa terra, num editorial do “Mais Lido”. Li Waldyr Senna, com a verve de sempre, criticando, de forma construtiva, algum emprego errado do dinheiro público e oferecendo a alternativa correta. Li as colunas de Lazinho Pimenta e Theodomiro Paulino. Enquanto isso, Toninho Rebello, em seu corcel marrom, placa 2121, chegava, bem cedinho, à Prefeitura, para enfrentar mais um dia de luta pelo progresso de sua amada princesinha. Vi Luiz de Paula, com Zezinho da Viola e Zé Côco do Riachão acompanhando-o, cantar uma bela música que acabara de compor, queimando um cigarrinho de palha, à beira de uma fogueira de São João. E quando chegavam ao fim, deles se aproximou “Mané Quatrocentos”, dizendo a Zezinho que uma corda de sua viola se partira ao meio, fazendo-o parar de tocar para, em seguida, exclamar seu famoso e festejado “olalaique!!!”. Vi D. Geraldo, da genial família Espírito Santo, abrindo o sacrário para, depois de entrar em linha direta com Deus, voltar-se para o público e pregar, como nunca se ouvira antes, o amor e a fraternidade. Vi meu avô Donato Quintino, João Chaves, “seu” Mundinho Dias e Zé Luiz Veloso, sentados à porta da agência lotérica “A Preferida”, na Rua Quinze, batendo aqueles papos inteligentes e se deliciando com o desfile vespertino de lindas donzelas vestais. Em seguida vi Dr. Alpheu, de terno cinza, camisa branca, gravata borboleta vermelha e sapatos marrons, ser convidado a integrar o grupo. Vi Mário Ribeiro chamar Mauricinho e “Zão” e a ele propor a criação de uma escola de medicina em nossa aldeia. Vi Darcy Ribeiro voltando do exílio, dizendo que fora parido por uma avenida e telefonando aos amigos, pedindo que lhe organizassem um jantar na casa de “tia” Zinha, regado a pacas e putas. Vi Simeão Ribeiro Pires convidando Gélson Dias, tratando-o por “Lumumba”, a um passeio ecológico por nossas grutas. Vi “tia” Dulce Sarmento, manhãzinha, dedilhando seu piano, para alegria dos vizinhos, na sala de sua aconchegante residência, ao lado da entrada principal do Estádio João Rebello.
E foi assim, vendo coisas e mais coisas, que saí das nuvens, retornei ao presente, caí na real e pisei meu chão. Senti que naquela praça, como bem expressou o muralista César Soares, as torres da Catedral se curvaram perante mais de três séculos de história, aos sons de catopés, marujos e caboclinhos, de artistas do Banzé (comandados por Zezé Colares) e do Grupo de Serestas “João Chaves” (comandado por D. Fina e assessorado por Dr. Hermes e Virgílio). E eu ali, abestalhado, entre os 150 homenageados, sem saber sequer o que fazer, de tanto orgulho, sem me julgar merecedor de tamanha honraria, abraçando aquela gente irmã que mora bem lá nos fundões de meu velho coração sertanejo. De volta a Belô, quase estourei de emoção, depois de abrir o Mural e ler a crônica do mais jovem ganhador medalha “Civitas”, o grande jornalista Luiz Ribeiro, me homenageando. Bala Doce, deixe de ser besta, Deus existe!!!

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