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montesclaros.com - Ano 25 - segunda-feira, 29 de abril de 2024
 

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Mensagem: Flatulência descontrolada Alberto Sena Houve uma época, em Montes Claros – podem até não acreditar, mas houve – em que a Rua Corrêa Machado, entre as ruas Doutor Veloso e João Pinheiro era um bom lugar de morar. O asfalto ainda não havia chegado. Com o calorão de sempre, na cidade, era comum as famílias levarem cadeiras para as portas das casas a fim de se refugiarem na rua tanto do calor como dos pernilongos. Isso acontecia, só para se ter uma ideia, até pouco tempo antes da chegada da televisão. Na ocasião, em termos de veículo de comunicação, havia em Montes Claros a ZYD-7, “Rádio Sociedade Norte de Minas, da rede verde e amarela Norte e Sul do País, falando de Montes Claros para o mundo”, o jornal Gazeta do Norte, O Jornal de Montes Claros e depois o Diário de Montes Claros. Passado algum tempo, veio o “Big Boy”, pseudônimo de Newton Alvarenga Duarte, “disc jockey” da Rádio Mundial responsável por uma verdadeira revolução no rádio brasileiro. Ele era a sensação das noites. A televisão chegou e foi responsável por retirar as famílias das portas das casas. Limitou-as às dependências das salas e dos quartos, porque vieram as novelas e os demais programas televisivos. Mas, neste momento, me vejo com a família sentado numa cadeira na porta da casa da Rua Corrêa Machado, depois de construída a calçada de cimento. Foi nos primeiros anos da década de 60. Fica fácil calcular a época e compreender não estar tão longe assim porque muitos dos personagens ainda estão vivos para confirmar o episódio a ser contado, acaso seja necessário, para corroborar a veracidade desta estória e de outras do período. Numa noite de calor quase insuportável, estávamos todos, mãe – pai já havia falecido – e alguns dos filhos à porta de casa e alguém teve a feliz ideia de mandar comprar picolé lá na soverteria da Praça Coronel Ribeiro. Tinha de voltar rápido, de bicicleta, para evitar o derretimento dos picolés. Estavam na porta da casa vizinha duas moças irmãs, uma delas com o namorado, com quem acabou se casando. A irmã dela ali estava naquela condição de “vela”, e, em certo momento, a moça deu de entrar e ficaram só os dois e nós na nossa porta, conversando animadamente e chupando picolé. Estávamos meio estremecidos com os vizinhos por causa de um problema criado por eles mesmos a partir de um bueiro de água fluvial. No período chuvoso a água da chuva passava de um quintal para o outro, a partir da Rua Doutor Veloso até alcançar a Rua João Pinheiro. A água do nosso quintal tinha de escoar para o do vizinho, que, duma hora para outra cismou de fechar o bueiro a um canto do muro. Resultado: o aguaceiro recebido dos outros quintais inundou o nosso e tivemos de usar um enxadão para desobstruir a passagem d’água pelo bueiro. Houve bate-boca e por causa disso, a relação com os vizinhos – mãe viúva e filhos, duas moças e um rapaz – ficou estremecida. Então, retomando a narrativa, estava o casal ali, namorando, quando, não se sabe se ele ou ela deixou escapar uma flatulência alto e em bom som. Como não podia deixar de acontecer, o riso foi geral. A moça entrou correndo para dentro de casa sem olhar para trás, e o namorado dela se foi embora às pressas, envergonhado. Passados alguns instantes, a moça reapareceu no portão ressabiada. Ela achava que o namorado havia se escondido no campo de futebol do outro lado da rua, onde havia um buraco redondo no muro por onde as pessoas costumavam passar. Estava tudo escuro dentro do campo desativado. Como se estivesse pisando em ovos, a moça atravessou a rua e foi até ao buraco do muro. Ela se foi esgueirando como quem queria surpreender alguém e ao chegar na boca do buraco soltou um grito estridente capaz de assustar qualquer pessoa. Mal sabia ela, o namorado já estava longe dali. Foi um episódio tragicômico. A princípio, ninguém entendeu o porquê de ela ter atravessado a rua pisando em ovos sendo que o namorado já havia ido embora. Só ela não sabia e ficou decepcionada, além de envergonhada. Ligeiro, a moça atravessou a rua e entrou correndo em casa, chorando. Ficou um tempo sem pisar os pés do lado de fora. Tudo por causa de uma incontrolável flatulência.

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