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montesclaros.com - Ano 25 - quinta-feira, 2 de maio de 2024
 

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Mensagem: Meninos e meninas, Agosto me traz a lembrança redemoinhos empoeirados, que bailavam pela cidade. Densas cirandas de ventos que eu pulava dentro, de um pé só, ressabiado, a procura do Saci Pererê e de suas estripulias. Era o mês dos ventos soprantes de araras, papagaios e pipas. Alísios que alçavam minha sureca (arara sem rabiola), vermelhamarela, losangular, saliente e atrevida. Raia que coroava o azul morno dos céus. Os ventos chegavam sorrateiros, sem avisar, soprando devagarzinho, brisazinhas. Com o decorrer dos dias, iam engrossando, tomando corpo, e brotavam os redemoinhos. A meninada não tinha consciência cronológica dos ritos da natureza, agia instintivamente. Ventou, então estava na hora de soltar pipa. Assim, a primeira semana de agosto era gasta no gosto de manufaturar araras e manivelas, de providenciar, no escondido, o pó de vidro e a cola de madeira para o cerol. De arranjar as taliscas de bambu no Pequi de Joani e descolar uns trocados para comprar os papéis de seda coloridos e os carretéis de linha 40 na lojinha do Seu Tamiro, na Travessa Cônego Marcos. A chegada dos ventos levava a criançada para os finais das ruas, para os mangueiros, onde não havia postes de luz, nem os inimigos fios, ladrões dos artefatos de alegria. Ventanias que embicavam pelas ruas soprando catopés e embaralhando suas fitas de cores vivas. Poeira e brancura. Puras. Nós, meninos, só queríamos olhar para os céus e ver nossas araras nas maiores alturas, sublimes, como um gavião reinante à caça de uma presa. Ficávamos de butuca a procura de outra pipa, içada por meninos de outros bairros. Os territórios e domínios da garotada eram demarcados pelos limites das ruas, mas o céu não era de ninguém. Lá em cima, no campo de batalha, valia tudo. Então, se víssemos uma arara empinada o desafio era certo e a conquista era resgatá-la com classe. A manha era dar fortes toques na linha, fazendo a pipa mergulhar lateralmente, em velocidade, até alcançar e laçar em 360º a outra linha descuidada. Fisgada, enlaçada, com ligeireza recolhíamos a presa na manivela e ficávamos no aguardo do envergonhado dono a procura da sua arara derrotada. O orgulho espirrava de satisfação. Aqui pra nós, pretéritos tantos anos, confesso: perdi a maioria das batalhas. Eu gostava mesmo era de “Cabaspará’, que meus primos de Belo Horizonte chamavam de ”Pentes Altas.” Passados os ventos de agosto, a poeira, os catopês, os amarelos e roxos dos ipês, setembro surgia mais quente e trazia chuvas esporádicas. O pó sumia, a terra dura amolecia, os riscos das fincas e as bilóias apareciam. A meninada descalça, sem nem bem saber, esquecia as pipas, e furava o chão macio com o dedão. Estava na hora de desentocar as bolinhas de gude. Dum dia para outro, não havia uma esquina que não tinha um bolo de meninos no “Gute please, todos”. Era assim mesmo, com essa mistura de inglês e português, que iniciava a partida de bolinha. Daí, um o garoto dizia: “bololô na minha, não dou nada e quero tudo”. Nada mais ditatorial. Quem gritasse primeiro esta frase, além de não poder ser alvejado, mesmo “estando no jeito”, tinha direito a todas regalias, mandingas e favorecimentos, tais como: mão quieta, mãos nos peitos, rondas... Cada um tinha sua bolinha sorteira (da sorte), o bolofofo (bolinha grande da cor de café com leite), a esfera minúscula e as “olho de gato” de matar de inveja. E quem não brincou de “Guerau”, que traduzido ao Far West de outrora queria dizer “Get yours hands up”. Bem, meninos e meninas de antigamente, deu saudade, né? Então, mate-a! Neste sábado, dia 21/08, às 20 horas, no Skema Kent, estaremos reunidos para relembrar a nossa infância, quando “Éramos Felizes e Sabíamos”. Apareça lá, e vamos reviver nossa Montes Claros Criança!

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