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montesclaros.com - Ano 25 - domingo, 19 de maio de 2024
 

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Mensagem: A Sudene e a nova Sudene
Waldyr Senna Batista

Está sendo superdimensionada a importância da reunião da Sudene, que deverá ser realizada em Montes Claros no início do próximo mês. Ela tem sido anunciada como capaz de solucionar problemas de toda ordem, com pauta informal que se amplia a toda hora, envolvendo questões estruturais, conjunturais, administrativas e até políticas, incluindo o lançamento prematuro de candidaturas à sucessão presidencial do próximo ano. As chances de tudo isso vir a acontecer situam-se próximo de zero. Na prática, ela terá efeito mais simbólico do que prático, e isso logo se verá quando vier a ser divulgada a pauta oficial. O equívoco fundamental, nessa avaliação, é estarem tomando como parâmetro a Sudene do tempo das vacas gordas, que não mais existe, engolida que foi por práticas pouco convenientes e recomposta mais para atender promessas eleitorais do que os genuínos interesses da região nordestina, nela incluídos metade de Minas Gerais e boa parte do Espírito Santo. Enquanto a velha Sudene tinha como ferramenta principal os incentivos fiscais, que promoveram a industrialização de sua área de competência, sua sucessora ainda não ofereceu elementos para se avaliar qual é o verdadeiro foco de sua atuação. Até porque, ela não teve tempo suficiente para mostrar a que veio. Vai demorar muito tempo ainda para que ela retome a antiga prática, se é esta, de fato, sua proposta. Em meio à crise que avassala a economia mundial e que já provoca estragos no Brasil, com a queda do PIB, dificilmente haverá como esperar resultados a curto prazo, muito menos no curso de uma reunião. Assim é que, mais do que a reunião da Sudene, com mais de uma dezena de governadores e centenas de “aspones” engravatados, como se via no passado, as atenções se concentrarão na figura do presidente Lula da Silva, cuja presença aqui se deverá mais à inauguração da usina de biodiesel da Petrobras. Dificilmente o presidente se deixará envolver pelo que, diante de sua presença, se tornará acontecimento menor, que é a reunião da Sudene, cuja importância é inegável em termos locais e regionais. No passado, as reuniões do Conselho Deliberativo da Sudene, que se realizavam fora de sua sede em Recife, tinham como característica pauta predominantemente voltada para a região que acolhia os componentes do órgão. Isso fazia delas uma festa. O que não será o caso da que está programada para Montes Claros no próximo mês, cuja pauta ainda não se conhece. Em razão disso, é de se imaginar que tudo acontecerá em função do presidente Lula que, no entanto, não estará acessível a procedimentos que se assemelhem, por exemplo, à concessão de título de cidadania, de que ele certamente se orgulhará muito. De qualquer forma, a reunião da Sudene, mesmo sem grandes decisões, terá o mérito de marcar posição na retomada do processo desenvolvimentista que se registrou nas décadas de 60 e 70 do século passado, que resultou na implantação de indústrias de grande porte na região. Algumas delas aí ainda se encontram em atividade, representando alguns milhares de empregos permanentes e muitos milhões de reais em impostos recolhidos. Neste caso, destacam-se a Coteminas (com três unidades), a fábrica de cimento (atual Lafarge), a Biobrás (atual Novo Nordisk), a Itasa (que resultou na Nestlé) e a Somai (produção de ovos), além de indústrias metalúrgicas em Pirapora e Várzea da Palma. Sem a Sudene, elas não existiriam e, sem elas, a situação econômica e social do Norte de Minas seria sofrível. Não há que se falar, portanto, em “cemitério de indústrias”. As empresas que sobreviveram justificam plenamente os investimentos feitos graças aos incentivos fiscais da Sudene. O que não se deve é superestimar as potencialidades da nova Sudene e esperar que ela produza milagres.

(Waldyr Senna é o mais antigo e categorizado analista de política em Montes Claros. Durante décadas, assinou a ´Coluna do Secretário´, n ´O Jornal de M. Claros´, publicação antológica que editava na companhia de Oswaldo Antunes. É mestre reverenciado de uma geração de jornalistas mineiros, com vasto conhecimento de política e da história política contemporânea do Brasil).

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