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montesclaros.com - Ano 25 - domingo, 28 de abril de 2024
 

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Mensagem: (Do livro ´Por Cima dos Telhados, Por Baixo dos Arvoredos´ - Parte 48)

COMO NASCEU A COTEMINAS

Minha história pessoal é simples. Sou personagem do êxodo rural. Nasci na roça e aos 8 anos e meio de idade vim para Montes Claros, para aprender a ler, escrever e contar, como se dizia naquele tempo.
Meu pai era pequeno comprador de algodão no povoado e dispunha de galpão com tulhas de algodão. Meu convívio com o algodão começou brincando nessas tulhas. Dessa época ficou o cheiro de algodão que até hoje carrego na memória.
Meu primeiro emprego foi em uma firma compradora de algodão, aos 18 anos. Três anos depois essa firma associou-se a uma empresa beneficiadora de algodão e se instalou em Montes Claros, então a maior praça algodoeira do Estado.
Nessa ocasião eu estudava contabilidade à noite e fui transferido, como escriturário, para a nova empresa, da qual assumi a contabilidade três anos depois, com participação nos lucros.
Nove anos após, durante os quais trabalhei como contador e gerente, um dos sócios resolveu mudar de atividade e me vendeu 35% do capital da empresa. Passados mais oito anos, adquiri os restantes 65% e mudei o nome da empresa para Algodoeira Luiz de Paula S.A.
Estávamos em 1960.
O que era naquele tempo o Norte de Minas?
Não era a potência que hoje conhecemos.
Longe dos centros de decisão do Estado e mal servido de meios de comunicação, o Norte de Minas era a região menos conhecida e mais atrasada do Estado. A decantada prosperidade de Minas encontrava no setentrião mineiro, uma área de exceção. Outras regiões do Estado, situadas mais próximas da Capital ou do Rio e São Paulo prosperavam e constituíam a Minas Gerais conhecida. A Minas Gerais dos grandes políticos, dos banqueiros, das riquezas minerais, da propalada prosperidade. O Norte de Minas era chamado de terra dos “baianos cansados”, numa referência aos colonizadores da região e aos milhares de bons nordestinos que vieram depois em demanda de São Paulo e Paraná e se deixaram ficar nestas plagas que tanto se identificavam com sua terra de origem.

Em 1960 a população da cidade era de 46.531 habitantes, segundo dados do IBGE. Hoje, como sabemos, é de 320.000.
No setor primário, destacavam-se a pecuária e a cotonicultura como atividades principais.
No secundário, a posição de Montes Claros, no ano de 1960, era bastante modesta. A força de trabalho aplicada à indústria não alcançava, àquela época, 1.000 empregos diretos, sendo estimada em 2.000 para todo o Norte de Minas.
Dois produtos se revelaram da maior importância para a colonização e desenvolvimento do Norte de Minas, por sua adaptação às condições regionais de clima e solo – o boi e o algodão.
Por longos anos o boi era vendido “em pé”, para as charqueadas e frigoríficos de Minas, São Paulo e Rio. E o algodão era vendido bruto e só mais tarde passou a ser descaroçado na região e remetido em fardos para as fábricas de tecidos também de Minas, São Paulo e Rio.
O Norte de Minas produzia apenas matéria prima.

(continuará, nos próximos dias, até a publicação de todo o livro, que acaba de ser lançado em edição artesanal de apenas 10 volumes. As partes já publicadas podem ser lidas na seção Colunistas - Luiz de Paula)

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