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montesclaros.com - Ano 25 - quinta-feira, 2 de maio de 2024
 

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Mensagem: ´História da pediatria mineira passa pela Santa Casa de Misericórdia´ Anna Marina (jornal ´Estado de Minas´) Sou uma das “viúvas” inconformadas de Pedro Nava, cujos livros devorava a cada volume, atraída pelo inesgotável talento que ele tinha. Não só de se lembrar de tudo, como também de falar tudo. Criou um mundo de inimigos enquanto viveu, ninguém consegue superar o desvendar dos seus maus momentos em letra de fôrma. Sua passagem pela escola de medicina e pelos hospitais mineiros deixou em suas memórias uma tsumani de informações sobre os medalhões da época, médicos que eram tidos como figuras completas – mas que tinham, como todos nós, os pequenos borrões de comportamento. Como sempre fui muito atraída por memórias, e pelos casos médicos, consegui até desvendar quem eram alguns figurões que Nava trata por codinomes. Tudo para não aumentar a violência de suas críticas.Foi dentro desse espírito de gostar do assunto que apreciei muito o livro que ganhei, Reverência pela vida; a pediatria em Minas, que faz histórico sobre a Santa Casa de Belo Horizonte. O texto e a pesquisa são de Manoel Hygino dos Santos, que passou mesmo um pente-fino não só no progresso científico como também no anedotário que acompanha a Santa Casa. Como aquela história que rolou pela minha família com todos os detalhes, e que conta como o dr. David Rabello transformou uma moça em rapaz. A operação, pioneiríssima, foi feita em 1912, e balançou a cidade. A moça estudava na Escola Normal (hoje Instituto de Educação) e o pai começou a desconfiar de que alguma coisa não estava funcionando bem. Levou a moça para o David Rabello, que confirmou um caso de hipospadia, má-formação uretral. Operada, a moça que se chamava Emília tomou o nome de seu salvador, virou David, um rapagão de 17 anos. Outro caso engraçado é o do médico Antônio Aleixo, dermatologista que fez escola e que foi proprietário do primeiro carro de passeio da cidade. Devia ser muito barbeiro, porque conseguiu atropelar um pedestre na Rua da Bahia, esquina de Avenida Afonso Pena. O fato provocou outro bochicho na cidade. Mas o médico não só socorreu o atropelado como deu a ele, como desculpa e a título de consolação, um terno de casimira. Bons tempos aqueles, quando fatos assim, tão prosaicos, movimentavam a medicina mineira. O livro trata também de glórias da Santa Casa, como o fato de ser o primeiro hospital mineiro a ter um serviço de oncologia infantil. Um de meus primos queridos, que já morreu, João Augusto Moreira, foi um dos médicos que implantou no serviço o centro de quimioterapia, que, em 1973, estava nos primórdios. Há também levantamento aflitivo sobre os gêmeos conjugados, que nós leigos conhecemos como xifópagos. O procedimento médico na pediatria da Santa Casa é padrão nesses casos. O livro publica várias fotos de crianças separadas, casos terríveis como a divisão das pernas, cada um fica com uma. Um reparo curioso é que as fotos não mostram crianças que parecem ter nascido em classes de maior poder aquisitivo. Tenho para mim que, com os avanços da medicina e dos exames pré-parto, mães de maior poder aquisitivo preferem sacrificar o feto do que colocar no mundo uma aberração. Manoel Hygino não deixa de lado um capítulo dedicado às parteiras, uma referência à Maternidade Hilda Brandão, prática que está sendo estimulada em cidades pequenas, e que já botou no mundo muita gente boa.

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