Receba as notícias do montesclaros.com pelo WhatsApp
montesclaros.com - Ano 25 - domingo, 19 de maio de 2024
 

Este espaço é para você aprimorar a notícia, completando-a.

Clique aqui para exibir os comentários


 

Os dados aqui preenchidos serão exibidos.
Todos os campos são obrigatórios

Mensagem: “Pensar, é só pensar”

Waldyr Senna Batista

Em entrevista ao jornal de sua propriedade, o deputado Rui Muniz, candidato a prefeito pelo DEM, formulou síntese de seu programa, ainda não divulgado, para o caso de vir a ser eleito.
Deu destaque especial ao projeto que colocaria no lugar da Praça de Esportes um gigantesco complexo comercial de 4 andares, com lojas, cinemas, restaurantes, terminal rodoviário urbano, estacionamento subterrâneo e teatro com capacidade para duas mil pessoas. No quarto andar seria instalado um clube social, com salas para festas e ginástica, além de piscinas, que seria uma espécie de compensação para a extinção do atual MCTC. Ele acha que aquela área central, com 30 mil metros quadrados, está ociosa e precisa ser melhor aproveitada.
Custo provável do empreendimento: R$ 300 milhões, dinheiro que a prefeitura não tem e que seria buscado em órgãos públicos e na iniciativa privada, fórmula que o candidato diz pretender aplicar na realização de outras obras de grande porte. Ele resume: “Precisamos instituir na prefeitura a cultura de fazer muito gastando pouco. Vamos buscar investimentos em setores públicos e privados”.
Pensar, é só pensar, ensina o filósofo Millôr Fernandes. Mas executar não se resume no estalar de dedos ou no uso da varinha de condão das estórias da carochinha. Nas campanhas eleitorais há candidatos que costumam produzir “factóides” e dar cordas à imaginação. Se eleitos, deparam-se com a dura realidade do dinheiro, que inexiste nos órgãos públicos. Quanto ao empresariado, só investe em empreendimentos que lhe garantam retorno.
Daí surge a velha acertiva de que administrar é escolher prioridades. Projeto da dimensão do sugerido pelo candidato democrata estaria inscrito em milésimo lugar numa lista de mil. Viriam antes obras de saneamento, criação de espaços para minimizar o estrangulamento do trânsito, substituição de toda a pavimentação e de todos os equipamentos subterrâneos, e muito, muito mais.
Na hipotética lista das mil prioridades, qualquer planejamento urbano sensato provavelmente colocaria em primeiro plano recomendação para que se evitem iniciativas que atraiam grandes contingentes de pessoas e veículos na área central, já saturada, precisamente na em que se situa a Praça de esportes, onde o imaginado complexo comercial multiplicaria a demanda. Não haveria ali, e nas imediações, espaço para tudo isso. Acresce mais que a iniciativa privada já vem suprindo com eficiência esse setor, haja vista o sucesso do shopping center, que já inspirou a instalação de outro na entrada do bairro Ibituruna, sem contar o próximo funcionamento de grandes empresas atacadistas na periferia. A sociedade não pede centro comercial ao poder público.
Para a Praça de esportes, que começou a ser desfigurada na administração passada, com a construção de quiosques em uma de suas laterais, os candidatos a prefeito deveriam apresentar projeto de recuperação e revitalização. Porque a grande obra do prefeito Antônio Teixeira de Carvalho (“doutor Santos”), na década de 1940, tem sido ameaçada de destruição nos últimos anos. Ela saneou a “várzea” (um pântano que ali existia) e se prestou à formação de várias gerações de campeões. Sua área, de fato, atualmente está ociosa, mas por culpa exclusiva da prefeitura, pois vários prefeitos não lhe dedicaram a mínima atenção.
Os comentários aqui feitos podem ser tidos como extemporâneos, e são, porque tomam por base ligeira referência a item de uma proposta de campanha eleitoral. Para que ela venha a se concretizar, diversas etapas teriam de ser vencidas, a começar pela vitória do proponente no pleito que se avizinha. Mas esse estágio embrionário não os invalida, pois campanha eleitoral existe exatamente para o debate sobre a viabilidade de propostas e projetos.
Exemplo de fracasso quando não se discute isso, é o estádio municipal, que foi lançado há quase 40 anos, fora da realidade do município e sem lugar na lista das prioridades. Mesmo contando com recursos federais, o “Mocão” não passa de enorme buraco, que engoliu dinheiro que está fazendo falta em setores essenciais.

(Waldyr Senna é o mais antigo e categorizado analista de política em Montes Claros. Durante décadas, assinou a ´Coluna do Secretário´, n ´O Jornal de M. Claros´, publicação antológica que editava na companhia de Oswaldo Antunes. É mestre reverenciado de uma geração de jornalistas mineiros, com vasto conhecimento de política e da história política contemporânea do Brasil).

Preencha os campos abaixo
Seu nome:
E-mail:
Cidade/UF: /
Comentário:

Trocar letras
Digite as letras que aparecem na imagem acima