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montesclaros.com - Ano 25 - domingo, 5 de maio de 2024
 

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Mensagem: A escalada do crime

Waldyr Senna Batista

A execução de um jovem de 14 anos de idade, com cinco tiros na cabeça, no início desta semana, confirma a condição de Montes Claros como integrante da rota do narcotráfico, situação corroborada pelo delegado Saulo Nogueira, titular da delegacia especializada de tóxicos e entorpecentes. Segundo ele, das 53 mortes por assassinato ocorridas no ano passado, pelo menos 30 tiveram ligação com o tráfico de drogas.
Ele garante que a polícia tem agido com eficiência na repressão, estando recolhidos na cadeia local 80% dos traficantes, enquanto os 20% restantes estão foragidos. Deve ser força de expressão, pois, por essa conta, a cidade estaria livre do problema, mas a recente morte do adolescente e o tiroteio realizado entre quadrilhas, levam a crer que não é bem assim. Cabe o registro dramático do pai do rapaz, que se confessou aliviado com a morte dele, tal era seu envolvimento com o tráfico.
Mas a droga é apenas uma das faces cruéis do crime que vem marcando Montes Claros nos últimos tempos. Outra, é o furto de carros, que está assumindo proporções alarmantes. Só no último fim de semana, teriam acontecido quatro casos, todos na área de bares e restaurantes da avenida Sanitária que, pela grande concentração de veículos, deveria ser melhor policiada.
Um policial informou a uma das vítimas desse tipo de crime como agem os “puxadores” de carro naquela avenida. Eles escolhem a vítima, de preferência dono de modelo popular, e passa a monitorá-la, acompanhando-a até o restaurante onde se instala. O observador, pelo telefone celular, instrui seus comparsas sobre o momento adequado para agir e é por eles informado logo que a operação é concluída, momento em que deixa o local.
Na delegacia, ao registrar a ocorrência, a vítima se dá conta de que não terá o amparo que imaginava, ao ser informada de que não há pessoal, nem veículos e nem mesmo combustível para que a polícia se movimente. Resta-lhe esperar que o carro seja abandonado em lugares ermos, como às vezes acontece, ou então optar por esquema alternativo de investigação, que lhe custará os olhos da cara, obviamente sem qualquer garantia de sucesso, além novas solicitações de dinheiro. Contatos com o suposto investigador, só por telefone. Envolvido nessas conversações nebulosas até alta madrugada, o desesperado dono do carro roubado ouviu uma informação desanimadora: “A esta hora seu carro já deve estar na Bahia”. Como é que ele sabe disso? – indagou aos seus botões.
A pessoa que forneceu essas informações diz que o veículo de sua propriedade, modelo 2006, custou-lhe R$37 mil, sendo R$10 mil de entrada e 36 parcelas de R$700. Foi equipado com sistema de alarme e trava de direção, que se mostraram inúteis diante da agilidade dos ladrões. Não tinha seguro. “Tenho nas mãos agora uma dívida para os três próximos anos”, afirma o novo sem-carro.
Há muito o crime em Montes Claros distanciou-se dos limites prosaicos do ladrão pé-de-chinelo. Organizou-se em padrões sofisticados que a televisão e os jornais exibem. Essa evolução aterrorizadora se deu em velocidade alucinante, colhendo de surpresa o obsoleto dispositivo de segurança, que se confessa desemparelhado.
A população se sente cada vez mais insegura, dentro de casa e fora dela. Nem nos locais onde se busca diversão e lazer, como na avenida Sanitária, ponto de concentração principalmente da juventude, se pode desfrutar de tranqüilidade. Se a média de crimes de morte durante o ano passado foi de um caso por semana, 2007 começa com presságios ainda piores: nas duas primeiras semanas registraram-se quatro assassinatos.
No caso do furto de veículos, pelo relato de uma das vítimas, viu-se que o policial sabe em detalhe como agem os criminosos e o local em que atuam. Ficaria faltando ir até lá e prendê-los. Mas como fazê-lo, se o estado de penúria do Estado nessa área chega a ser constrangedor, apesar dos relatórios otimistas que constantemente vêm a público?

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