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montesclaros.com - Ano 25 - quinta-feira, 28 de março de 2024


José Prates    [email protected]
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Por José Prates - 23/6/2015 10:55:08
A RELIGIÃO E O SER HUMANO

Por mais que procurem, não vão ser encontrados em nenhum lugar do mundo, nem na sua historia, seres humanos nascidos em qualquer canto, civilizado ou não, que não professem ou não tenham professado uma crença religiosa onde se encontra o Deus único com o seu poder e amor à sua criação. A crença religiosa vem de longe, de tempos imemoriais. Existem evidências de que povos da Idade da Pedra já professavam uma religião cujo Deus Criador era reverenciado em rituais, mostrando que o culto e o amor a Deus não são de hoje, vêm de tempos imemoriais. Chegou ao homem ao nascer-lhe a consciência, segundo cremos.
Não podemos esquecer que a religião é parte integrante e inseparável da cultura humana e, provavelmente, sempre será porque o sentimento religioso é inerente ao ser humano e nele está desde o seu nascimento, tendo influído na formação e unificação da sua sociedade. Existem evidencias de que quase todos os acontecimentos ligados ao progresso da humanidade, que ocorreram no passado, tiveram a religião como impulsora.
Mesmo as diversas guerras que se travaram algumas tiveram motivação religiosa chegando a serem chamados de “Cruzadas” como foram os movimentos militares de inspiração cristã que no século XI partiram da Europa Ocidental em direção à Terra Santa (nome pelo qual os cristãos denominavam a Palestina e à cidade de Jerusalém) com o intuito de conquistá-las, ocupá-las e mantê-las sob domínio cristão. A influencia religiosa na sociedade era tão grande que as estruturas socais foram estabelecidas e definidas com base em religiões, principalmente a religião cristã que muito influiu na formação do comportamento social que nos atingiu.
Hoje em dia, apesar de todo o avanço científico, a importância da religião no comportamento humano sobrevive e cresce, sobrepondo-se a toda modernidade que lhe quer ofuscar. Onde está o poder da religião desafiando previsões que anteviram seu fim? Na consciência do homem onde ela funciona como um freio impedindo os passos quando entra na estrada do mal. A grande maioria dos seres humanos professa alguma crença religiosa direta ou indiretamente e a religião continua a fazer o seu papel de norteadora dos sentimentos humanos. Dificilmente, é encontrado um ser humano que não tenha crença em Deus. È um sentimento que nos veio ao nascer e brotou na mente ao surgir a inteligência. Quem disser não crer em Deus, está enganando a si próprio.

José Prates


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Por José Prates - 21/6/2015 10:33:32
RECORDAÇÕES QUE NOS EMOCIONAM

Muitos fatos acontecem, muitas coisas aparecem que nos comovem, outras que nos chamam a atenção ou nos conduzem a um passado, às vezes, distante, nos trazendo à mente episódios que estavam esquecidos. Agora mesmo, recebi uma carta de um sobrinho que reside em Montes Claros, no Norte de Minas cujo endereço naquela cidade é Avenida Leonel Beirão, bairro Maria Cândida. A mim, esse endereço surpreendeu e até me emocionou. Quem mora lá pode ser que não sinta nada ao ouvir o nome Leonel Beirão ou não se lembre de nada que se relacione a este nome. Para essas pessoas, pode ser apenas, o nome da rua. Mas, para nós que vivemos aquele tempo em Montes Claros, não é somente isto. É muito mais. Foi por isso que quando vi na carta que recebi pelo correio, o endereço do remetente, parei com o envelope na mão porque aquela boneca gigante com a meninada atrás, apareceu diante de mim, subindo a Rua Dr Santos. Foi um momento de emoção e alegria porque Montes Claros a cidade que me criou e me ensinou a trabalhar, a cidade que eu amo como meu berço, homenageou um seu filho, nascido do povo, gente do povo que viveu para o povo. Leonel Beirão um artista que dedicou sua arte ao povo, trazendo com seus bonecos alegria e descontração. Estudou o quanto pode, aprendeu, apenas, o fundamental. Humilde, vivia com o povo que lhe ensinou a viver. Um homem que não freqüentou faculdade, nem chegou a conhecê-la, mas, foi um publicitário competente que fez seus personagens encantarem o povo que parava na rua para vê-los passar.


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Por José Prates - 16/2/2015 12:55:38
VIVER, NA ACEPÇÃO DA PALAVRA

Quando nos aposentamos e nos dispomos ao “descanso” em casa, sem nada a fazer, a não ser ler o jornal pela manhã, chega-nos um momento em que nos sentimos incomodados com a falta de ocupação da mente e do corpo em qualquer ação que nos desperte para a vida. Viver, na acepção da palavra, é manter-se em atividade mental ou física com criações ou afazeres que mantenham a mente e o corpo em plena atividade. Qualquer órgão parado, sem função, sem exercício, atrofia, morre. A mente, principalmente. Sem ocupação positiva, passa a criar coisas desinteressantes, às vezes, prejudiciais à própria mente. Muitas pessoas desculpando-se pela ociosidade mental, dizem que sua idade não permite à mente fazer isso nem aquilo porque a idade avançada interfere na ação mental. Ou seja, passam a pensar e agir como velhos incapazes, sempre com a desculpa de que isto ou aquilo não é mais pra sua idade. Realmente, existem procedimentos que não são para a idade avançada, principalmente, nas mulheres, como, por exemplo, a maneira de trajar-se. Algumas mulheres idosas usam trajes que chegam ao ridículo. São poucas, mas, existem as que não se conformam com a velhice e na vestimenta buscam mostrar juventude. É uma maneira de confortar a si própria, mostrando, pelo traje, que a velhice não chegou. Mas o procedimento não deve ser este. O ideal é aceitar e cuidar da velhice do corpo, sem deixar a mente “envelhecer”. É mantê-la jovem, com idéias jovens, enriquecida pela experiência adquirida no trajeto percorrido na estrada da vida, evitando, porem, procedimentos que cheguemA ao ridículo.
Quantos e quantos idosos, homens, mulheres, com sessenta, setenta, oitenta e até noventa anos estão levando aos jornais seus artigos, suas crônicas, com criticas ou elogios aos acontecimentos no país, que os jornais publicaram. São mentes conservadas na juventude, mantidas, porem, num corpo velho. Está aí, Anselmo Gois, noventa anos, com a mente jovem trazendo a nós seus comentários inteligentes sobre Isto ou aquilo que aconteceu no país. Não é um jovem, mas, mantém a mente jovem para nos servir. Como ele é, existem muitos outros, nas diversas atividades da vida. O envelhecimento do corpo é natural pela ação do tempo. A vida que o jovem leva hoje, nesse mundo tumultuado, influencia como ele estará na terceira idade. Mas, nuca é tarde para começar a se cuidar. Por isso é que devemos levar a essa juventude o estimulo à vida produtiva em sociedade, sem egocentrismo. Isto porque o sentimento de fraternidade deve existir na sociedade como um meio de união nas ações sociais ou de trabalho. O sentimento de fraternidade gera o amor ao próximo que elimina o egocentrismo. Por isso é necessário na sociedade. É por isso que devemos lutar, levando ao jovem de hoje a idéia da fraternidade como principio de vida em sociedade.


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Por José Prates - 31/1/2015 15:26:50
Jacaraci no passado

José Prates

Ás vezes, mesmo independente da vontade, alguma coisa surge na lembrança, nos conduzindo de volta ao passado distante. Agora mesmo, sem qualquer motivo, minha terra natal, Jacaraci, lá no velho e sofrido sertão baiano, acordou-me fazendo me lembrar dos meus sete ou oito anos de idade naquela pequena cidade berço de famílias ilustres como a família David composta por nomes importantes como Mozart que durante anos e anos governou o lugar levando-o de vila a cidade. Parte de minha infância foi vivida ali, gozando as delicias de um lugar poético onde todo mundo conhecia todo mundo que não dispensava a saudação mutua ao se cruzarem na rua. Coisa de lugar pequeno? Não. Coisa de amizade e consideração ao amigo, hoje ignorada ou desconhecida em muitos lugares que dizem civilizados.
Eram três ruas. Rua do Fogo, Rua do Meio e Rua de Baixo. Acima da Rua do Fogo, numa ruela chamada de rua das pedras, moravam as poucas mulheres, ditas de “vida livre”, afastadas da sociedade como pecadoras públicas. . Na rua de baixo, onde moravam Tia Candida, Tio Antonio Julio, “seu” Athanasio, tinha o beco de Titone que dava aceso ao riozinho de águas límpidas que nascia na serra geral e cortava a cidade de lada a lado. Do outro lado do rio, numa pequena elevação, tinha a “bica” correndo água que era apanhada em latas de 20 litros, geralmente latas de querosene, vazias, carregadas na cabeça, por mulheres queram chamadas de “b otadeiras dagua”para abastecer as casas. Eram as “botadeiras” d´agua, mulheres pagas por moradores para abastecerem sua casas. Era um trabalho remunerado, uma espécie de profissão. Começava cedo o vai e vem dessas botadeiras dagua, de lata cheia na cabeça, cantarolando, subia o beco de Titone, sempre alegres, sem sentirem o peso da lata na cabeça.
Os tempos eram outros, muito diferente do hoje em que vivemos. Naquele tempo, numa cidade como Jacaraci, os habitantes comportavam-se como em família. As dificuldades de vida eram suportadas com fidalguia porque existia a colaboração mutua espontânea num clima de fraternidade o que agora, na vida tumultuada dos grandes centros, não existe. A maioria da população procura resolver os seus problemas de modo próprio, com recursos próprios. O sentimento de fraternidade está desaparecendo corroído pelos interesses próprios ou de grupos que fazem desaparecer o interesse na ajuda ao próximo. O homem de hoje ao passo que se avolumam os problemas financeiros envoltos em grandes negócios, o sentimento de fraternidade, o amor ao próximo vão diminuindo, ofuscados pela riqueza material, pelo poder do dinheiro. O homem isola-se nos seus negócios, vivendo para eles e a família, exclusivamente. Salvo algumas exceções.


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Por José Prates - 9/1/2015 17:49:34
A NORMALIDADE DA VIDA

Quando a idade chega alem dos cinqüenta anos, começa destruir em nós, pobres mortais, muita coisa que nos ajudava a viver bem e felizes. É a natureza que obedece ao que dita o tempo implacável na sua ação e, aos poucos, vai destruindo o que era belo em nosso corpo, substituindo a beleza pela velhice que deforma tudo, chegando ao ponto, em muitos casos, de nós próprios não nos reconhecermos. Geralmente, a maior preocupação de todos nós, principalmente das mulheres, é com o rosto, O resto do corpo é coberto pela vestimenta, ninguém vê, mas, pode imaginar como deve estar. É difícil aceitar o envelhecimento do corpo, por isso procura-se por todos os meios disponíveis, mantê-lo perfeito, sempre com boa aparência. Até hoje, porém, ninguém descobriu uma fórmula para conter o envelhecimento. Nem milagre aconteceu até hoje. O que existe – e muitos - são meios de apressá-lo e o mais comum desses meios são as preocupações, cujo sintoma está nos cabelos brancos antes do tempo. Mas, infelizmente, poucos, muito poucos, neste mundo de Deus, não têm preocupação. Todo mundo procura evitá-las, mas, elas aparecem até do nada. Quando uma pessoa morre cheia de preocupações, todo mundo diz que “descansou”, porque a preocupação faz o vivente sofrer. Todo mundo sabe disso.
Quando a gente é novo, ainda criança ou mesmo na adolescência, não existem preocupações que martirizam porque nessa fase da vida, na meninice ou na adolescência, raro é aquele que tem plena noção de responsabilidade, o que não deixa a carga pesar. Quase sempre, o peso da responsabilidade traz a preocupação que, geralmente, se faz acompanhar da insônia, para martírio do corpo.
Tudo isso pode ser evitado e, assim, levar uma vida tranqüila. Há consenso de que o ideal é morar no campo, mas, poucos têm essa possibilidade. Quem mora na cidade não deve, por isso, sentir-se desprivilegiada nesse aspecto porque em qualquer cidade, por pequena que seja, existem parques e jardins públicos de onde é possível retirar vida. Sentado no banco do jardim ou caminhando entre flores, descansa e consegue driblar o estresse. Mas, é necessário expulsar os pensamentos negativos e procurar habituar-se a uma respiração compassada e profunda. Com isso, é possível manter a paz e a tranqüilidade necessárias à normalidade da vida.


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Por José Prates - 27/12/2014 17:51:46
AS LEMBRANÇAS QUE APAGAM

JOSÉ PRATES

“O prédio do antigo Cine Ipiranga está à venda. Ê só subir a Avenida Melo Viana para ler o anúncio, melancólico.” Diz Baltazar na mensagem 1977. Será vendido e, talvez, demolido para outro prédio aparecer em seu lugar, apagando completamente a lembrança daquele cinema, que foi a alegria da criançada daquela rua que o lotava aos domingos, para assistir aos seriados com o cow-boy Roy Rogers em sua luta contra os gangsteres, no oeste americano. É a ação implacável do tempo que destrói tudo aquilo que não é protegido contra ela. Naquele tempo que não está muito distante, as salas de cinema mais a praça de esportes, eram os locais de diversão do montesclarense. Eram três as salas de cinema o Cine Cel Ribeiro, Cine Montes Claros e Cine Ipiranda, este o mais modesto. Os filmes de Cow-boy exibidos em serie nas “matinés”, aos domingos, faziam a alegria da criançada:que lotava as salas de cinema, principalmente o Cel Ribeiro, o mais freqüentado. Essas salas de projeção eram, a principal e, praticamente, a única diversão do montesclarense classe média, porque fora isso,, existiam apenas, a Praça de Esportes e, aos domingos, uma caminhada até os “morrinhos” para contemplar a cidade aos seus pés.
O interesse do montesclarense por sua terra, que vem desde o inicio, desde a criação da fazenda e depois povoado dos montes claros, é o fator principal do desenvolvimento que vem se processando no lugar desde a sua descoberta. Primeiro foi o comércio que acompanhou os descobriores, atraindo mais e mais pessoas que ai se fixavam contribuindo para o seu deenvolvimento que foi, relativamente, rápido. Não demorou e Montes Claros já era uma Vila e pouco tempo depois, cidade. Hoje além de importante centro comercial, líder no Norte de Minas, é também um importante centro universitário, pólo de uma região com mais de dois milhões de habitantes. Centro industrial atraindo grandes empresas. É uma metrópole que consegue conciliar agitação e desenvolvimento sem qualquer problema. Montes Claros é isto, uma cidade com cerca de 500 mil habitantes em pleno Norte de Minas que adquiriu e mantém foros de capital, liderando o comercio e a cultura da região. Cultura porque Montes Claros é o centro educacional da região para onde vão os jovens das cidades vizinhas para o estudo médio e superior


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Por José Prates - 22/12/2014 15:06:11
A ALEGRIA DA VITORIA ALCANÇADA

Hoje foi um dia especial na minha vida. Um dia marcado por alegria e emoção ao assistir um ato que no passado, há uns vinte e poucos anos, ninguém imaginava acontecer. É a historia da menina que nasceu humilde, cresceu humilde, estudou e se tornou médica. O seu nome é Ludmila, nome formado por dois elementos eslavos: que significa "querida pelo povo". Quando criança, ainda engatinhando, ficava sentada na cama, brincando comigo, às vezes sorrindo, outras vezes chorando porque a mãe tinha ido para o trabalho. O tempo passou, a menina cresceu, estudou, ficou uma moça bonita, simples, sempre alegre, mostrando que está bem com a vida. Preparou-se para a luta. Hoje, para ela, para nós, é um dia festivo.
Ela está ali, em pé, sorridente, atendendo ao chamado para receber o diploma de médica que conquistou com brilho. E eu presente, tomado pela emoção, com as lágrimas ameaçando a descer pela face. Por quê? Porque a menina que eu vi ao nascer e conosco está até agora, tem a mim como seu avô e eu a tenho e amo como neta. É da família e está na família que se tornou mais bela com a chegada de uma médica que abrilhantou seu quadro familiar. É emocionante, sem dúvida. A emoção foi trazida pelo filme projetado agora em nossa mente, mostrando o desenrolar da vida dessa menina, conosco sempre presente com nosso afeto e nosso amor. Não consigo, ainda, vê-la médica, clinicando, salvando vidas. Eu ainda a vejo criança, deitada no meu ombro, fazendo-me caminhar para lá e para cá na sala grande, para fazê-la dormir. É médica, sim, eu sei. Mas, na minha mente continua aquela menina, sem mudar nada, aquela menina que precisa do meu ombro para dormir.
José Prates


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Por José Prates - 17/12/2014 15:44:44
A importância da mulher. Pra dizer a verdade, nas décadas de cinqüenta, quando iniciava minha vida profissional no jornalismo, em Montes Claros, Ninas Gerais, enfronhado na política partidária, fazendo cobertura do que acontecia, não imaginava, nem podia imaginar que um dia, uma mulher viesse a governar o país e ao final de seu mandato, outra mulher estivesse candidatando-se ao lugar, com chance de eleição, como está acontecendo hoje. Pois isso acontece agora tranquilamente, como coisa natural.
O país mudou? O sistema de política é outro? Não. Tudo continua a mesma coisa, exceto a mulher que acordou de longo sono e assumiu o seu lugar na sociedade. Demorou, demorou muito, mas, a mulher deixou de aceitar a imposição de ter nascida para ser dona de casa. Resolveu mostrar ao mundo os seus atributos, revelando-se excelentes trabalhadoras em qualquer espécie de trabalho que use mais o poder da mente que o esforço físico. A independência da mulher, hoje, acontece no mundo inteiro. Não podemos dizer que a mulher foi em toda vida da humanidade, uma submissa ao homem e por ele comandada, porque no passado tivemos mulheres extraordinárias que pelos seus feitos ingressaram na história como heroínas. Vejam, por exemplo, Anna Nery que ao irromper a Guerra do Paraguai em dezembro de 1864, os seus dois filhos e seu irmão seguiram para o campo de luta. Anna requereu ao presidente da província da Bahia, conselheiro Manuel Pinho de Sousa Dantas, lhe fôsse facultado acompanhar os filhos e o irmão (major Maurício Ferreira) durante a guerra, ou ao menos prestar serviços nos hospitais do Rio Grande do Sul. Deferido o pedido, partiu de Salvador incorporada ao décimo batalhão de voluntários (agosto de 1865), na qualidade de enfermeira. Fez toda campanha, prestando relevantes serviços como enfermeira no campo de batalha. A primeira enfermeira do Exercito Brasileiro. Outra grande mulher foi Joana Darc por 16 anos, levou as forças francesas em uma série de ataques bem sucedidos contra os ingleses. Ela teve que usar roupas de homens e cortou o cabelo curto para não ser vista como um objeto sexual. Ela conseguiu inspirar um exército de homens com o dobro de sua idade para segui-la. Não foram, apenas, estas duas que mostraram o poder da mulher quando ela o assume. Muitas outras estiveram presentes no noticiário do mundo como governanta como, por exemplo, a Rainha Elizabeth na Inglaterra e outras mais.
Se duvidarem da competência da mulher na administração de uma empresa, devem avaliar com cuidado a perfeição, a maestria na condução da administração de um lar com todos os seus problemas. É no lar, sob o comando da mãe, que a mulher tem a primeira aula de administração, iniciando os seus desafios. Já pensaram, já prestaram atenção na habilidade da mulher em definir, planejar convenientemente as tarefas que lhe competem como administração do custeio do lar que deve estar dentro das condições econômicas de que dispõe. Além disso, e o mais importante é manter a autoridade sobre os filhos e ao mesmo tempo ser amorosa para com eles. Tudo isto compete à mulher em nossa própria casa. Coisas que acompanhamos no dia a dia, o mês inteiro, o ano todo, mas, não vemos o caixa onde ela vai receber o pagamento.


79083
Por José Prates - 2/12/2014 10:41:01
Está nascendo o Ano Novo, trazendo esperanças, enquanto vai embora o ano velho levando consigo os sonhos que não se tornaram realidades, desfazendo ilusões que nasceram iluminadas pela luz dos desejos. O novo ano aponta no horizonte do “hoje” trazendo esperanças. Esperanças alimentadas pelos sonhos que ressurgem a cada novo ano, mantendo vivas as ilusões que nos alimentam.
O tempo passa. O ano que vai embora se coloca no passado; o ano que começa apresenta-se como o presente que deve ser vivido intensamente. É a esperança que não morre, estimulando a vida. O ano novo que vai começar é o nosso amanhã, o futuro que não nos é revelado embora possa ser deduzido pelos atos do presente. Por isso, o Apostolo Paulo nos recomendou: “Sabei tirar proveito do tempo presente”, enquanto o Filosofo Sócrates nos recomenda a “não se preocupar com o amanhã porque é incerto; esquecermos o ontem porque passou; vivermos intensamente o hoje porque é o tempo presente” Mas, o que é o tempo? É tudo que vem do “antes” para o “depois”, com o “agora” interpondo-se entre os dois. Então, vivendo o “agora” devemos analisar o que veio do “antes” para prepararmos as condições para o “depois”.que depende de nossas ações no presente.. Geralmente, o começo de um novo ano nos emociona porque vemos e sentimos a passagem do tempo em nossa vida. Mas, o que passa, o tempo ou a vida? Nossa vida sofre a ação do tempo, mas, vai além dele. Por isso é que devemos tirar proveito do tempo, como nos recomenda o apostolo Paulo..
Daqui a pouco, mais alguns dias, acaba o ano velho e tem inicio um ano novo fazendo emergir as esperanças que estão guardadas no recôndito da alma. Temos porem, que nos lembrar que não vivemos, apenas, de esperanças, mas, em luta constante pela sobrevivência condigna. Não podemos nos esquecer de que em todos os atos dessa luta buscando a felicidade, o amor deve estar presente como instrumento principal. O Apostolo Paulo nos diz que : "Ainda que eu fale a língua dos anjos e dos homens, se não tiver amor sou como um bronze que soa, perdendo-se no ar. Ainda que eu tenha fé, a ponto de transportar montanhas, se não tiver amor nada sou. Ainda que eu distribua todos os meus bens aos famintos, sem amor, nada me adianta” São três ingredientes que sempre devem estar presentes nas batalhas para a conquista de uma vida digna: obediência às leis divinas e humanas; amor ao próximo e respeito aos seus direitos legítimos. São estes os fundamentos que devem nortear as ações humanas. O amor é fundamental porque nele está o sentimento de irmandade, necessário ao relacionamento entre as pessoas.
José Prates


79072
Por José Prates - 29/11/2014 12:24:04
DOCUMENTÁRIO MOZART DAVID
“‘O Documentário Mozart David”, um livro escrito por Zoraide Guerra David, que, há uns cinco anos passados, me foi enviado de jacaracy, por Julizart, um amigo de infância, estava na estante onde o coloquei depois de lido por mim. Hoje, arrumando a estante, eu o apanhei e o retrato de “seu” Mozart, com ares de riso, ficou em minha frente, olhando pra mim. Eu me senti criança, menino de onze anos, naquela sala grande, em sua frente, com a correspondência nas mãos para lhe entregar, o que fazia todos os dias, como carteiro pago pelo comercio. Eu não saia logo depois de lhe entregar a correspondência. Ficava parado num canto da sala, admirando ele datilografar com dois dedos na máquina de escrever, colocada na mesa grande, cheia de papéis. Gostava de ouvir o tic-tac das teclas da máquina batendo no papel e ficava sonhando comigo fazendo a mesma coisa, quando fosse grande. Quando ele levantava a vista e me via ali, parado, perguntava o que eu estava esperado. Sem nada responder, eu ia embora.
Já, naquele tempo, isto nos idos de 1945, 1950, Montes Claros era uma cidade populosa, com 70 mil habitantes, com um comércio varejista que crescia rapidamente, influindo em toda região. Naquele tempo, Montes Claros liderando toda a região, gozava da importância de uma capital e influía em todo o comercio regional, sendo o seu centro abastecedor, como era, também, a única porta de saída usada pelo nordestino para alcançar o “eldorado” chamado São Paulo. Para atender ao grande volume de emigrantes que ali chegava com destino a São Paulo, existia a chamada “Casa da emigração”, um grande salão com camas, dependências sanitárias e banheiros onde os emigrantes ficavam até serem contratados pelos agenciadores e levados para as fazendas paulistas que necessitavam dessa mão de obra boa, barata e pouco exigente, substituindo o italiano que não se sujeitou às condições impostas pelos agricultores brasileiros. O sacrifício imposto a esses nordestinos, para atingir Montes Claros e de lá embarcar num trem para São Paulo, era muito grande. Era meses de viagem, quase todo o tempo a pé, de saco nas costas. Não havia rodovias como as que existem hoje. Quando enxergavam ao longe, os primeiros sinais de Montes Claros, que eram as torres da Catedral ainda em construção, ajoelhavam na estrada de terra batida e oravam agradecendo a Deus. O “Eldorado” estava próximo. Alguns emigrantes, geralmente solteiros, iam e lá ficavam para o resto da vida.


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Por José Prates - 5/11/2014 11:41:50
AS ELEIÇÕES FORAM FEITAS

Uma semana já passou depois que as eleições foram feitas, tudo transcorreu normalmente sem tumulto, dentro da lei. Foi ótimo, ninguém pode negar. A Presidente Dilma foi reeleita mostrando que o eleitor brasileiro aceitou o seu governo e deseja sua continuação, mas, lembrou a ela a necessidade de apurar fatos e identificar pessoas responsáveis por desvios e escândalos que de vez em quando acontecem como foi o caso do chamado mensalão. Está ai, à vista de todo mundo porque não é de hoje que o Brasil está infestado de pessoas que rezam pela cartilha da incompreensão; gente que luta por objetivos inconfessáveis ou se movem por propósitos que se chocam com foros de civilização, com nossas tradições e, até, com a própria Constituição. Vivemos sob risco e todos nós nos sentimos em risco permanente porque há mais do que seqüestradores, assaltantes, paranóicos soltos, usuários de drogas prontos a agir contra nós. È difícil dizer isto, mas, existem muito mais aproveitadores, oportunistas, do que sabemos ou pensamos,. Sem entrar especificamente nos escândalos que estigmatizaram a administração pública, envolvendo poderosas empresas, como é agora, o caso da Petrobrás que foi dado a publico, o que não acontecia antes, existe a ação de grupos que professam princípios que ferem não só a Constituição, mas os ideais mais sagrados da nação. Não é a primeira vez que uma coisa dessa acontece, mas, ninguém ficava sabendo porque tudo era coberto por panos quentes para não aparecer. Parece que os panos quentes acabaram.
A Presidente Dilma, referindo-se â Petrobrás, disse em entrevista â imprensa que “Além disso, eu quero dizer também, que eu não falo de corrupção só em época eleitoral. Eu combato a corrupção fora do período eleitoral e faço isso de forma sistemática. Nesse caso da Petrobras, ou qualquer outro, que tenha a ver com corrupção, eu vou investigar a fundo, doa a quem doer. Quero dizer que não vai ficar pedra sobre pedra”, repetiu a presidente o que aponta o inicio de uma nova era com a apuração anunciada. Não interessa ao Brasil viver com aqueles que não o respeitam, com os maus patriotas, os que não o amam, os que contribuem para, mais uma vez, vilipendiar sobre a livre manifestação do pensamento, como aconteceu, há pouco, com um periódico da capital de São Paulo, cujas instalações foram atacadas pela malta. Não foi meia dúzia de indivíduos, mas cerca de
200, segundo apurou a polícia. Quem eram eles? Quem está por trás de sua atividade criminosa? A história nos diz que “a coação à imprensa, ferindo o indivíduo, ofende, ao mesmo tempo, a ordem pública, a nação, o regime de governo”, já admoestava Rui Barbosa: “Todo o poder que se oculta, perverte-se” É bom não se esquecer disso. .. José Prates


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Por José Prates - 16/10/2014 11:15:38
Muito oportuna a mensagem de Walter Abreu convidando os amantes de Montes Claros a se juntarem para “planejarmos e construirmos o lugar onde queremos viver e sermos felizes” porque não é uma coisa que alguém possa fazer sozinho, por mais boa vontade que exista porque, como ele diz, “O Norte de Minas precisa avançar de forma equilibrada, distribuindo o crescimento populacional, econômico e social por todos os municípios. Caso contrário, a sua maior cidade fará o movimento do cachorro correndo atrás do próprio rabo” e isso é uma verdade incontestável. Estudos são necessários para um bom planejamento com definição de metas para o futuro o que deve ser feito por um grupo de pessoas capazes e interessadas no que vão fazer. Não basta dizer “eu amo Montes Claros” é necessário mostrar esse amor em suas ações pelo progresso do lugar como o Walter está propondo, agora. Tenho vontade, muita vontade de estar lá ao lado desses lutadores, mas, a idade avançada e a distância física que nos separa impedem a realização desse desejo. Ficarei aqui torcendo para o êxito da empreitada.


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Por José Prates - 13/10/2014 11:21:02
A RELIGIÃO E O SER HUMANO

Por mais que procurem, não vão ser encontrados em nenhum lugar do mundo ou na sua historia, seres humanos nascidos em qualquer lugar civilizado ou não, que não professem ou não tenham professado uma crença religiosa onde se encontra o Deus único com o seu poder e amor à sua criação. A crença religiosa vem de longe, de tempos imemoriais. Existem evidências arqueológicas de que povos da Idade antiga já professavam uma religião cujo Deus Criador era reverenciado em rituais. Como vemos o culto e o amor a Deus, não são de hoje. O amor a Deus é um sentimento que nasceu na consciência do homem ao brotar-lhe a fé que lhe anima.
Não podemos esquecer que a religião é parte integrante e inseparável da cultura humana e, provavelmente sempre será porque o sentimento religioso é inerente ao ser humano e nele está desde o seu nascimento, tendo influído na formação e unificação de sua sociedade. Existem evidencias de que quase todos os acontecimentos ligados à humanidade que ocorreram no passado, tiveram a religião como impulsora. Mesmo as diversas guerras que se travaram, algumas tiveram legitimação religiosa chegando a serem chamados de “Cruzadas” como foram os movimentos militares de inspiração cristã que no século XI partiram da Europa Ocidental em direção à Terra Santa (nome pelo qual os cristãos denominavam a Palestina e à cidade de Jerusalém) com o intuito de conquistá-las, ocupá-las e mantê-las sob domínio cristão. A influencia religiosa na sociedade era tão grande que as estruturas socais foram estabelecidas e definidas com base em religiões, principalmente a cristã que muito influiu na formação do comportamento social que nos atingiu e adotamos.
Hoje em dia, apesar de todo o avanço científico por que o mundo passou, a importância da religião no comportamento humano sobrevive e cresce, sobrepondo-se a toda modernidade que lhe quer ofuscar. Onde está o poder da religião desafiando previsões que anteviram seu fim? Na consciência do homem onde ela funciona como um freio impedindo os passos quando entra na estrada do mal. A grande maioria da humanidade professa alguma crença religiosa direta ou indiretamente e a religião continua a fazer o seu papel de norteadora dos sentimentos humanos. Difícil é encontrar um ser humano que não tenha crença em Deus. È um sentimento que nos tomou ao nascer e brotou na mente ao nascer da inteligência acompanhada da noção do bem e do mal. Quem disser não crer em Deus, está enganando a si próprio.
José Prates



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Por José Prates - 13/10/2014 11:03:40
ATA DA SESSÃO SOLENE DE INSTALAÇÃO DO MUNICIIPIO DE JANAUBA
Ao primeiro de janeiro de mil novecentos e quarenta e nove, no edifício destinado a se realizar a solenidade de instalação do município de Janaúba, sob a presidência do Sr. Antonino Antunes da Silva, 1º Juiz de Paz, de conformidade com as disposições a respeito, reuniram-se em sessão solene as autoridades e pessoas gratas, com numerosa assistência popular, para o fim de se proceder a instalação do município de Janaúba criado nos termos da Lei 329 de 7 de dezembro de 1948 , com jurisdição sobre as circunscrições que tem por sede esta localidade os foros de cidade. Aberta a sessão, e constituída a mesa, o Senhor Presidente convidando a todos os presentes a se porem de pé, pronunciou em voz alta, clara e pausada, as seguintes palavras inaugurais: “Em virtude dos poderes que me oram outorgados, declaro instalado o município de Janaúba com jurisdição sobre as circunscrições que tem por sede esta localidade que ora recebe os foro de cidade com a competência e atribuições que a lei lhe confere e determina.” Sentando-se a seguir, a mesa e a assistência, o Senhor Presidente deu a palavra ao Senhor Presidente deu a palavra ao Senhor Robinson Crusoé, Alvaro Coelho, Antonio Brito de Oliveira, José Prates e Dr. Almerindo Alves de Brito Farias que proferiram discurso alusivo ao sentido da solenidade aos seus fundadores e suas emancipação.
O Senhor presidente franqueou a palavra a quem mais dela quisesse usar, não tendo quem mais dela quisesse fazer uso.
Ninguem mais fazendo uso da palavra, o Senhor Presidente declarou encerrada a sessão, convidando os presentes a ouvirem a leitura desta ata que foi assinada pelo Senhor Presidente pelos demais autoridades e pessoas presentes.
Eu, João Cordeiro, comerciante, funcionando como secretario escrevi a presente ata e a li ao termino da sessão, cuja realização aqui se registra.
Antonio Antunes da Silva
Cirilo Evangelista Barbosa
Ary Soares de Oliveira
Antonio Brito de Oliveira
Veraldino Conrado da Silva
Sants Mendes Ferreira
Almerindo Alves de Brito Farias
Marcolino Evangelista Barbosa
José Prates
José Augusto de Souza
Americo Soares de Oliveira


78743
Por José Prates - 5/10/2014 16:22:53
AS DIFICULDADES QUE SE NOS APRESENTAM

"O caminhoneiro foi morto a tiros, pelos ladrões que levaram o caminhão e a carga de cimento. É o triste retrato do nosso país. Ficaram dois órfãos, de 9 e 16 anos, residentes em Montes Claros." É a triste noticia que este Mural nos traz. A frieza da noticia mostra que o fato é coisa comum, rotineira, nos dias de hoje. Uma noticia como outra qualquer; uma vida ceifada por assaltante, que não é mais novidade porque acontece sempre em quase todos lugares deste país. È o que vemos todos dias nos jornais, rádios e TV. São coisas que no passado, ninguém imaginava acontecer. Agora, todos perguntam o que aconteceu que alterou os sentimentos humanos. Muita coisa aconteceu de uns tempos para cá com a modernidade chegando e o homem despreparado se afastando de Deus. A ausência de Deus muda os sentimentos da pessoa, fazendo desaparecer o amor ao próximo, sentimento indispensável no relacionamento humano. Sem ele, nasce o egocentrismo que elimina a fraternidade, criando, então, o homem sem Deus que não respeita o direito à vida.
Hoje, em nossos dias, pelas dificuldades que se nos apresentam na condução da vida, uma parte da humanidade que não recebeu um preparo adequado na infância e adolescência para suportar os percalços na vida adulta, é vitima da ansiedade, fazendo-os perder o autocontrole, chegando, às vezes, ao desespero. E no desespero o homem não raciocina e as consequências são imprevisíveis. É daí que pode nascer o crime, principalmente quando a fome é uma ameaça. Aliás, não é somente a fome que leva o adolescente ao descaminho, mas, também, o complexo de inferioridade que lhe assoma ao ver outro jovem em situação superior à sua, principalmente no trajar. Não são eles os culpados por isso, mas, nós, a sociedade que tem a obrigação de tratar esses jovens retirando-os da exclusão social para levá-los aonde seja possível educá-los devolvendo-lhes a dignidade. Procurem ao redor e não encontrarão qualquer estabelecimento educacional público com essa finalidade. Não é difícil reverter uma situação como essa, basta boa vontade.


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Por José Prates - 23/9/2014 10:35:59
O BARULHO VOLTOU!
No ano passado, quando abríamos este Mural para saber das noticias de Montes Claros, o que víamos eram reclamações sobre o barulho na cidade que diziam perturbador para o morador de qualquer logradouro. No inicio das reclamações, falavam do “triangulo da impunidade” lugar escolhido para badernas, que eu não sei onde é, sem fiscalização nem controle. As reclamações aumentavam porque o barulho também aumentava não deixando ninguém dormir em paz. A imprensa entrou na briga e não demorou o barulho foi diminuindo até chegar ao suportável, fazendo cessar as reclamações que agora estão voltando devagar porque o barulho incomodativo, também, está voltando devagar. Mas, já incomoda, segundo dizem os reclamantes.
Nos grandes centros com grande população e um comércio ativo, como é o caso de Montes Claros, é natural o barulho nas ruas com o vai-e-vem de carros e de pessoas, no horário comercial, cessando quando cessam as atividades e o povo volta para casa. A noite, então, deve ser tranqüila. Segundo, porem, a noticia que nos chega, é que em Montes Claros o barulho atravessa a noite com os carros de som e propaganda em volume alto, circulando pelas ruas, incomodando uma gente que precisa descansar.
Montes Claros, hoje, é uma metrópole, aonde o barulho que vem das ruas pode ser considerado normal para a cidade do seu porte. Contra isto, ninguém reclamou. As reclamações são contra o barulho noturno em alguns pontos da cidade, onde carros de som a todo volume percorrem as ruas estreitas, deixando o pessoal sem dormir. Isto é o que dizem os reclamantes, segundo as noticias que nos chegam e o que nos dizem os amigos e parentes com quem falamos, de vez em quando, ao telefone. Dizem, também, que as autoridades municipais nada fazem para impedir o barulho ilegal depois das 22 horas, que não deixa as pessoas idosas descansarem, num sono tranqüilo e reparador.
José Prates


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Por José Prates - 13/9/2014 16:15:34
Tudo que diz respeito a Montes Claros interessa-me nuito, primcipalmente quando trata de sua história. Gostaria de conhecer o trabalho literario RUA DE BAIXO - O PASSADO REENCONTRADO, mas, não sei onde encontrá-lo. Gostaria de saber - José Prates. Endereço: Av Rio Branco, 25 - 10º andar ou Rua João Rodrigues da Cunha, 626 - Nilopolis RJ CEP 26510-056 - Obrigado - E-mail [email protected]


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Por José Prates - 10/9/2014 14:57:23
Muita gente lembra com saudades da estrada de ferro por onde trafegava os trens entre Montes Claros e Belo Horizonte com uma composição de quatro carros de passageiros, sendo dois de primeira classe e dois de segunda que sempre iam lotados, principalmente os de segunda com nordestinos destinados a São Paulo. A presença do trem como principal meio de transporte de pessoas, a longa distancia, chegou em Montes Claros em setembro de 1926 graça ao empenho do então Ministro da Viação e Obras Publicas Eng. Francisco Sá, filho da região, cuja estatua apontando para o sul, ainda está na antiga Praça da Estação. A estrada de ferro trouxe facilidade de transporte para o nordestino que sempre buscou São Paulo em busca de trabalho. Caminhões cheios de nordestinos chegavam e desarregavan na “Casa da Imigração” que ficava na Prça da Estação. Sempre lotada, muitos nordestinos acomodavam-se na plataforma da Estação à espera do trem.
Setenta anos depois de o primeiro trem chegar â estação, agora, em setembro de 1996, não sei por que, chegava ao fim o transporte ferroviário na região, substituído por ônibus e avião. Esse meio de transporte teve uma grande importância para o desenvolvimento dessa região, especialmente Montes Claros onde foi, por muito tempo, o fim da linha ou como diziam na época, a ponta de trilhos. Por isso, teve o progresso alavancado com um grande processo de industrialização a partir da década de 1970, graças à facilidade de transporte, principalmente o ferroviário que facilitou e incentivou a implantação da atividade industrial pela Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste o que serviu para atrair migrantes, criando, então um grande fluxo migratório. Hoje a predominância do espaço rural foi e está sendo substituída pelo urbano para atender às exigências da expansão urbana pelo aumento das atividades produtivas na cidade como a indústria, o comércio e serviços, como tambem, pelo aumento da demanda habitacional, gerado pela concentração populacional. O limite entre o campo e a cidade está deixando de ser visível e a população do campo vem decrescendo a cada ano com o aumento da capacidade de trabalho do homem, o que motiva a procura da cidade em busca de trabalho. (Dados oferecidos pelo IBGE)

(José Prates, 87 anos, é jornalista e Oficial da Marinha Mercante. Atualmente, é um dos diretores do Sindicato da Classe)


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Por José Prates - 7/9/2014 16:42:18
MONTES CLAROS ONTEM E HOJE


Um leitor de vinte e dois anos de idade fala sobre a Montes Claros de seus pais e diz que todos os montesclarinos de hoje gostariam que aquele tempo voltasse para felicidade e alegria dos que aqui vivem hoje, atormentados pelas dificuldades visíveis na cidade que tanto cresceu em população, sem estrutura para isso. O que mais causa reclamações é a violência que tomou conta da cidade, amedrontando o habitante pacato e inocente. Nós vivemos a Montes Claros sertaneja, menina moça cantada na poesia de Candido Canela quando a violência era desconhecida, permitindo o romantismo dos namorados que rompiam a noite em serenata, despertando a amada que vinha à janela. Isso não existe mais, é coisa do passado que um jovem como o leitor não conhece e, talvez, nunca venha a conhecer. Não foi a cidade que mudou porque cresceu e o grande desenvolvimento chegou. A violência foi trazida de fora, acompanhando o aumento populacional difícil de ser controlado; não foi resultado do crescimento da família montesclarense que aqui nasceu e aqui cresceu aprendendo que a fraternidade é o elo que une a família. A violência veio de fora trazida pelas drogas que hoje, infelizmente, procura os grandes centros populacionais.
Segundo o noticiário dos jornais, os casos de violência em Montes Claros estão deixando a população assustada. A estatística da violência mostra que a cada três dias, uma pessoa é assassinada coisa que nunca existiu antes. Hoje, em qualquer grande cidade, o trafico de drogas está atuando e causando violências e disto Montes Claros não conseguiu fugir, como diz o Chefe da 11ª Região Integrada de Segurança Publica: "Estamos buscando uma ação integrada dos órgãos de Defesa Social visando uma intervenção pontual, focada no tráfico de drogas, que é o principal crime que tem estimulado os homicídios". Deve-se dizer que na maioria absoluta dos atos de violência que se verificam nos grandes centros, a droga está presente como causa ou incentivadora e os jovens são o alvo dessa maldição. Por isso é necessária uma ação rápida dos orgãos de segurança para o mal não cresça de forma alarmante chegando ao incontrolável, como acontece hoje em muitas grandes cidades. Em Montes Claros, pelo que diz a imprensa, o uso da droga está no inicio, fácil portanto de ser atacada e é o que todo mundo espera.


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Por José Prates - 31/8/2014 11:13:59
A Independência da Mulher


Pra dizer a verdade, nas décadas de cinqüenta, quando iniciava minha vida profissional no jornalismo, em Montes Claros, enfronhado na política partidária, fazendo cobertura do que acontecia, não imaginava, nem podia imaginar que um dia, uma mulher viesse a governar o país e ao final de seu mandato, outra mulher estivesse candidatando-se ao lugar, com chance de eleição. Pois isso acontece agora tranquilamente, como coisa natural. O país mudou? O sistema de política é outro? Não. Tudo continua a mesma coisa, exceto a mulher que acordou de longo sono e assumiu o seu lugar na sociedade. Demorou, demorou muito, mas, a mulher deixou de aceitar a imposição de ter nascida para ser dona de casa. Resolveu mostrar ao mundo os seus atributos, revelando-se excelentes trabalhadoras em qualquer espécie de trabalho que use mais o poder da mente que o esforço físico. A independência da mulher, hoje, acontece no mundo inteiro. Não podemos dizer que a mulher foi em toda vida da humanidade, uma submissa ao homem e por ele comandada, porque no passado tivemos mulheres extraordinárias que pelos seus feitos ingressaram na história como heroínas. Vejam, por exemplo, Anna Nery que ao irromper a Guerra do Paraguai em dezembro de 1864, o seus dois filhos e seu irmão seguiram para o campo de luta. Anna requereu ao presidente da província da Bahia, conselheiro Manuel Pinho de Sousa Dantas, lhe fôsse facultado acompanhar os filhos e o irmão (major Maurício Ferreira) durante a guerra, ou ao menos prestar serviços nos hospitais do Rio Grande do Sul. Deferido o pedido, partiu de Salvador incorporada ao décimo batalhão de voluntários (agosto de 1865), na qualidade de enfermeira. Fez toda campanha, prestando relevantes serviços como enfermeira no campo de batalha. A primeira enfermeira do Exercito Brasileiro. Outra grande mulher foi Joana Darc por 16 anos, levou as forças francesas em uma série de ataques bem sucedidos contra os ingleses. Ela teve que usar roupas de homens e cortou o cabelo curto para não ser visto como um objeto sexual. Ela conseguiu inspirar um exército de homens com o dobro de sua idade para segui-la. Não foram, apenas, estas duas que mostraram o poder da mulher quando ela o assume. Muitas outras estiveram presentes no noticiário do mundo como governanta como, por exemplo, a Rainha Elizabeth na Inglaterra e outras mais.
Se duvidarem da competência da mulher na administração de uma empresa, devem avaliar com cuidado a perfeição, a maestria na condução da administração de um lar com todos os seus problemas. É no lar, sob o comando da mãe, que a mulher tem a primeira aula de administração, iniciando os seus desafios. Já pensaram, já prestaram atenção na habilidade da mulher em definir, planejar convenientemente as tarefas que lhe competem como administração do custeio do lar que deve estar dentro das condições econômicas de que dispõe. Além disso, e o mais importante é manter a autoridade sobre os filhos e ao mesmo tempo ser amorosa para com eles. Tudo isto compete à mulher em nossa própria casa. Coisas que acompanhamos no dia a dia, o mês inteiro, o ano todo, mas, não vemos o caixa onde ela vai receber o pagamento.


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Por José Prates - 26/8/2014 10:37:04
AS COISAS DO PASSADO

José Prates

O tempo passa, a gente envelhece, os traços da juventude desaparecem, mas, a memória fica intacta com tudo gravado como se todo o passado fosse uma relíquia que deve ser guardada a sete chaves. É por isso que, de vez em quando, sem a gente pedir, brotam na lembrança pedaços da vida que ficaram para trás, muito atrás, mas, que não se perderam na memória abarrotada de coisas do hoje, porque muitas coisinhas não param de acontecer. Lembrar o passado, geralmente, é agradável porque nos faz reviver momentos de plena felicidade quando ainda não conhecíamos desprazeres nem sabíamos o que era infelicidade. Esse tempo que está bem distante, eu vivi em Jacarací, lá no sertão baiano. Terra boa, de gente boa. A população era pequena, mas, tão unida que parecia uma família.
Não me esqueço aquele lençol de areia branca esparramada ao pé da serra onde a gente ia passear e comer mandapuçá, quando era tempo da fruta. A areia era tão branca que até parecia uma grande toalha estendida no chão, ao pé da serra. No Natal, a gente apanhava essa areia pra enfeitar o presépio armado na sala de visitas. Engraçado é que o tempo passa, a gente cresce, fica velho e não se esquece de nada, nem de pequenos detalhes como o que acontecia comigo quando chegava da escola: a panela de ferro com meu almoço, tampada, estava em cima do fogão e eu ia lá para apanhá-la, mas, antes, escondido da vó, ia apanhar torresmo numa panela que Didinha guardava no forno. Didinha era minha avó. O seu nome era Maria Silvina, mas, eu lhe chamava Dndinha. Depois que meu avô morreu - eu estava com cinco anos - ela vestiu-se de preto e de preto ficou até morrer. Nunca tirou o luto. Tomava conta de mim e... Tomava mesmo, até demais.
Quando me matriculou na Escola que tinha a Professora Julieta como mestra, eu já conhecia o alfabeto e já lia, devagar, soletrando, como minha avó me ensinou. Com Dona Julieta, aprendi a ler “por cima”, sem soletrar. Gostava da escola. Fiquei radiante quando aprendi fazer conta e tirar a prova dos nove. Contava isso pra todo mundo. Celso, meu primo, coletor estadual, disse que eu seria um matemático. Não sabia o que era isso, perguntei a minha avó ela explicou-me. Celso não acertou porque nunca fui chegado a números. O que sempre me interessou foram as letra, o português.
Depois de aprender a ler sem soletrar, isto aos nove anos de idade, o primeiro livro que li com interesse, do principio ao fim, foi Pinóquio, a estória de um boneco de madeira que virou gente. Gostei muito da estória e a desenvoltura de personagem impressionou-me. Depois que eu terminei a leitura do livro, Dindinha notou a minha curiosidade, o meu interesse em saber por que a transformação do boneco. Ela, então, explicou-me que essa estória nunca aconteceu, Pinoquiio nunca existiu. Foram criados pela imaginação do autor do livro. Fiquei surpreso e nasceu em mim o interesse pela ficção. O desejo de “inventar” uma estória passou a perseguir-me. Falei com Dindinha sobre isso, Ela, então, me disse que primeiro eu teria de ler, ler muito para adquirir conhecimentos. Foi quando conheci Monteiro Lobato. A estória de Jeca Tatú li umas três vezes e gostava daquele linguajar camponês, quase igual ao que eu ouvia na fazenda de meu avô Joza. A minha imaginação animava os personagens e eu os “via” em movimento nas cenas que minha mente criava. Contei isso pra minha avó. Ela me disse que a minha mente estava criando uma estória. Foi ai que nasceu o meu interesse pela literatura. E até hoje esse interesse está presente em mim, como presente está a lembrança de minha avó Silvina.

(José Prates, 87 anos, é jornalista e Oficial da Marinha Mercante. Atualmente, é um dos diretores do Sindicato da Classe)



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Por José Prates - 20/8/2014 17:19:10
A Procissão do Divino

Hoje, passei uma parte da manhã, lendo o que diziam os montesclarenses sobre a festa do Divino que terminou Domingo passado, em Montes Claros. Em cada mensagem postada, um pequeno comentário sobre o desfile dos catopés já nos transportava para a cena e lá ficávamos gozando a beleza do momento.
Pelo que lemos nas pequenas mensagens postadas no Mural, em nada diminuiu a beleza da procissão do Divino acompanhada pelos catopés, escoltando a Princesa, como, também, em nada diminuiu o interesse popular na festividade. Faz muito tempo que conheci essa festa que me encantou pelo seu alto conteúdo folclórico. Não conhecia o significado da presença desses três grupos – catopés, marujos e caboclinhos - na procissão do Divino. Para matar a curiosidade, fui aconselhado a procurar o historiador Dr Hermes de Paula que me contou a estória que vem de longe, como de muito longe vem a festa. Vem de muito tempo essa festa. São quase duzentos anos que no mês de agosto, na segunda metade do mês, catopés, marujos e caboclinhos dançam nas ruas de Montes Claros. Essa dança folklorica faz parte das festas desse mês que há muito foram incorporadas ao folclore montesclarense. É uma festividade religiosa, profana, podemos dizer, mas, que desde o seu inicio caiu no agrado do povo montesclarense, passando, então, a fazer parte de sua cultura. Deve-se dizer que as danças folclóricas de origem africana, bem ensaiadas, que os Catopês apresentam é de grande beleza.
Quando eu vivia em Montes Claros, nos anos 50, Na Festa do Divino, os desfiles nas ruas centrais da cidade, principalmente na Dr Santos,terminavam na pracinha da Igreja do Rosário onde era celebrada a missa de encerramento. Naquele lugar iniciava e terminava o desfile, sempre com a celebração de uma missa. Eu me lembro que nós, eu e minha esposa, recém casados,na véspera do desfile, à noite, íamos assistir nessa pracinha, o levantamento do mastro com a figura do Espírito Santo, iniciando, então, a grande festa.

(José Prates, 87 anos, é jornalista e Oficial da Marinha Mercante. Atualmente, é um dos diretores do Sindicato da Classe)


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Por José Prates - 8/8/2014 09:01:01
Justiça na Homenagem

Avenida Leonel Beirão, bairro Maria Cândida, na cidade de Montes Claros, Norte de Minas Gerais pra quem mora lá ou viveu lá, pode ser que não represente nada ou não lhe re lembre de nada que se relacione ao nome dessa avenida. Para esses, pode ser apenas, um nome de rua. Quando, porém, eu vi na carta que recebi pelo correio, o endereço do remetente, parei com o envelope na mão porque aquela boneca gigante apareceu diante de mim, subindo a Rua Dr Santos com a meninada alegre, correndo atrás. Não posso negar que foi um momento de satisfação ao verificar que Montes Claros homenageou um seu filho, nascido do povo, gente do povo que viveu com o povo,humilde, vivendo a humildade. Um homem que não freqüentou faculdade, nem chegou a conhecê-la, mas, era um publicitário competente que inaugurou na cidade a propaganda de rua com seus bonecos gigantes anunciando as novidades que chegavam no comércio. Não era, porém, somente isso que fazia: ele estava sempre pronto a auxiliar as pessoas em seus problemas, principalmente quando morria alguém da família. Para melhor servir, criou uma funerária que tomava conta dos enterros, o que fazia com zelo, independente das condições da família do morto, dispensando a família desse problema.
O tipo de publicidade criado por Leonel Beirão em Montes Claros, isso na década de 50, era único na região, tronando-se conhecido em todo o Estado não só pela eficiência como pela originalidade o que contribuiu para que outras cidades o solicitassem, o que sempre acontecia. Nessa ocasião não havia televisão e no interior do Estado a imprensa escrita era rara. A publicidade, então, era difícil. Por isso, o modelo criado ppor Leonel Beirão, barato e eficiente, conquistou espaço em toda região. Portanto, é justa a homenagem que a cidade lhe presta com seu nome batizando uma sua avenida.

José Prates, 87 anos, é jornalista e Oficial da Marinha Mercante. Atualmente, é um dos diretores do Sindicato da Classe)


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Por José Prates - 30/7/2014 08:14:43
IGREJA DOS MORRINHOS, A LEMBRANÇA QUE NÃO MORRE

Contemplando a miniatura da Igrejinha dos Morrinhos que está aqui em minha frente, na mesa do computador, vejo-me sentado na base do cruzeiro, junto com a namorada, hoje esposa, de mãos dadas, vivendo em sonho o futuro que juntos pretendíamos construir e que, pela graça de Deus, construímos no lar que erguemos sobre o alicerce do amor, para abrigo e segurança dos nossos filhos, onde lhes demos o nosso exemplo de vida. Éramos dois adolescentes, hoje, somos bisavôs, mas, ainda guardamos na lembrança os momentos de sonhos vividos no ádrio da Igrejinha que em miniatura, está em nossa frente para nos fazer continuar sonhando embalados pela felicidade que nos envolve, ignorando o tempo que passou e a velhice que chegou. Hoje, quantas vezes, sentados e mãos entrelaçadas, contemplando a miniatura, nós nos sentimos como ontem, fazendo voltar os sonhos, não os mesmos sonhos do passado que traziam esperanças, nutrindo o amor recém-nascido, mas, a visão do sonho realizado pela firmeza do amor, fortalecido pela compreensão, confiança e respeito mútuos; a certeza da família criada, refletida na alegria e saúde dos netos e bisnetos que nos conduzem ao paraíso.
Por isso, eu penso que a ninguém interessa abandonar, esquecer tudo que lhe possa conduzir ao passado. Em cada um de nós, porem, há pedaços da vida ou lugares em que vivemos que não merecem ser lembrados porque trazem dores, mas, esquecidos não; Outros pedaços, porem, existem que nos fazem retornar a momentos de alegria e romantismo vividos numa juventude inocente, num passado que a memória não apaga. No nosso caso, um desses pedaços de vida são as visitas dominicais à Igreja dos Morrinhos,. Sua miniatura tendo ao lado os “catopés” que lembram as festas de agosto, não sai de minha frente, aqui, na mesa do computador, acima do monitor. Pequena, humilde, com paredes brancas; portas e janelas em azul claro. À entrada do pátio, o cruzeiro majestoso mostra a porta aberta, convidando à oração. .Quantas vezes eu parei a digitação para contemplá-la deixando que momentos do passado voltassem à memória, trazendo recordações. A miniatura se transforma na imaginação e a igrejinha aparece real, plantada no alto do morro, abençoando a cidade aos seus pés. Assim ela é e assim a vejo sempre porque ela continua sendo a igrejinha acolhedora que nos recebia aos domingos em românticos passeios, longe de vistas fiscalizadoras. Ali, dois jovens sonhadores, de mãos entrelaçadas e brilho nos olhos, inocente casal de namorados contemplando a cidade, sonhando com a felicidade de um lar. Lar que nos dias de hoje, muitos anos depois de construído, recebe sempre com alegria a visita de filhos e filhas; netos e bisnetos.

(José Prates, 87 anos, é jornalista e Oficial da Marinha Mercante. Atualmente, é um dos diretores do Sindicato da Classe)


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Por José Prates - 27/7/2014 09:03:43
O PASSADO VEIO POR TELEFONE

Foi há poucos dias atrás: chegou com o e-mail que me enviaram de “Monsclaros” o retrato da mangueira onde Nossa Senhora “apareceu” numa tarde sem sol, com chuva fina molhando o solo seco. Pois não é que a mangueira que no passado salvou o repórter “foca” sem matéria pra fechar a página, ainda está lá, frondosa, bonita, cheia de frutos que me deram água na boca. Com a foto vieram as lembranças de um tempo maravilhoso em que eu vivia sonhando com um amanhã que não chegou completo, faltando muita coisa que estava nos meus sonhos. Chegou com a metade, talvez. Mesmo assim, nos tornou felizes, eu e minha família. Montes Claros foi onde comecei a viver. Quanta gente foi parte dessa vida, ajudando na sua construção: Dr Luiz Pires, Zezinho Fonseca, Oswaldo Antunes, Wanderlino Arruda e Waldyr Sena que engatinhavam no jornalismo para transformarem-se mais tarde, nos excelentes jornalistas que são hoje, o que mostra que valeu a pena o nosso apoio àqueles jovens, iniciantes na vida profissional.
Outro dia, conversando ao telefone com um amigo em Montes Claros, os efeitos daninhos da idade avançada, foram embora expulsos pela lembrança agradável do passado que ocupou a mente, fazendo Wanderlino e Waldyr Sena aparecerem, iguaiszinhos eram no passado, sem tirar nem por. Wanderlino sempre apressado enquanto Waldyr Sena sentado à velha máquina, de olhos pro céu, pensava sobre o que escrever. Estava tudo bem até que Meira chegava para reclamar a falta de matéria pra ultima página. Sem o que fazer, Andrezo saiu para tomar café no bar do Periquitinho e eu corri pra Delegacia de Policia em busca de qualquer noticia.
As lembranças tomaram conta do espaço e a conversa com Narciso acabou Sem mais assunto, ele despediu-se e o telefone emudeceu.



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Por José Prates - 21/7/2014 12:41:22
O e-mail que (...) me enviou, trouxe o retrato da mangueira onde Nossa Senhora “apareceu” numa tarde sem sol, com chuva fina molhando o solo seco. Essa mangueira salvadora do repórter sem matéria pra fechar o jornal, ainda está lá, frondosa, bonita, cheia de frutos que me deram água na boca. Com a foto vieram as lembranças de um tempo maravilhoso em que eu vivia sonhando com um amanhã que não chegou completo, com tudo que eu havia sonhado. Chegou com a metade, talvez. Mesmo assim, nos tornou felizes, eu e minha família. Montes Claros foi a base de minha vida profissional. Recebeu-me como filho e como filho eu me sinto até hoje o que me orgulha e me envaidece


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Por José Prates - 15/7/2014 21:55:18
MARUJOS E CATOPÊS

Quando agosto vai-se aproximando, vai, também, chegando a nós a lembrança da festa de Nossa Senhora do Rosário em Montes Claros, norte de Minas, festejos que contagiavam o povo montesclarense porque fazia parte de seu folclore. Não sei se ainda hoje, essa festa é realizada com o mesmo interesse e beleza; com os “Catopês”, Marujos e Caboclinhos desfilando pelas ruas para encanto de todos. Naquele tempo, quarenta anos passados, não era uma simples festa religiosa que se restringe à Igreja, mas, um acontecimento que tomava conta da cidade. Eu não conhecia essa festa, porque onde nasci e passei minha infância, como, também, em outros lugares onde estive na juventude e adolescência, tal festa não existia. Apenas, pelo que me lembro, nesses lugares, em julho festejam o Divino, com a “cavalhada” na praça principal que lembra a luta entre mouros e cristãos, num Portugal cristianizado. Eram cavaleiros em trajes de guerreiros do século XVI, de espada em punho, com o Rei à frente. De um lado os azuis, representando os cristãos, e do outro, os vermelhos como os mouros. A festa terminava com a libertação da Rainha cristã que estava prisioneira dos Mouros,
Essa festividade á Nossa Senhora do Rosário, pelo que consta da história, vem desde o século XVI com uma origem histórica que foi a vitória dos cristãos sobre os muçulmanos, na batalha de Lepanto, em 1571, vitória que foi atribuída pelo Papa Pio V, à proteção da Virgem do Rosário, nascendo, então, o culto, que ficou restrito àquela parte da Europa. Quase 200 anos depois, ou seja, em 1716, o Papa Clemente XI estendeu o culto ao mundo católico em geral, em ação de graças por um novo triunfo alcançado por Carlos VI da Hungria, sobre os turcos. Portugal e Espanha, os mais católicos da Europa, além da Itália, adotaram o culto e introduziram na festividade a ele relativa, a representação de grupos lendários, dando à festa um bonito aspecto teatral. Os portugueses trouxeram isto para o Brasil colônia, o que se perpetuou no espírito dos colonizados brasileiros, quer por parte dos escravos, ou por parte dos próprios brasileiros, a idéia de render culto à mãe de Deus, sob o título de Nossa Senhora do Rosário. E não tardou que a religiosidade popular criasse mais lendas sobre a Virgem santa. E uma dessas lendas diz que em certa época Nossa Senhora do Rosário apareceu sobre as águas do mar, na costa brasileira. Os Caboclos ali presentes na ocasião, já devotos da Santa Virgem através de catequese dos Jesuítas, rezaram, dançaram, cantaram, tocaram seus instrumentos, para que a Santa Virgem viesse até eles. Mas Ela não veio. Em seguida os Marujos, também devotos, foram até a praia e empreenderam sua tentativa de trazer a Virgem do Rosário até eles. Após rezarem, dançarem, cantarem, tocarem seus instrumentos, não conseguiram trazê-la. Por último, vieram os Negros ou Catopês até a praia e após louvarem a Virgem do Rosário, ela veio até eles. Por isto é que eles a proclamaram sua padroeira e protetora e, para abrigar sua imagem, construíram uma capela que passou a ser conhecida como Igreja do Rosário.
No cenário das festividades, os Caboclos representam os índios que ao som de caixas de couro e sanfona reverenciam a Virgem com alegria. É a persistência do indígena que não se deixou dominar. Enfeitam-se com coletes coloridos, adornados de lantejoulas; usam cocares de penas coloridas, enfeitadas com fitas, perneiras com penas, pulseiras e brincos. Trazem consigo uma flecha de madeira para o ritmo da festa. Os Marujos representam o branco, a Esquadra Portuguesa na luta contra os Mouros. Vestem-se como marinheiros. Cantam ao som de instrumentos de corda, cavaquinhos e violões, de pandeiros, xiquexiques, flautas e caixas de couro. Seus passos são cadenciados e sugerem um movimentado combate. Os Catopês representam os negros e com o toque das caixas de couro revivem os gemidos nas senzalas. Levam tamborins, caixas de couro, xiquexiques e reco-recos. Suas roupas são capas de chita estampada, enfeitam-se com espelhos, lenços, usam capacetes enfeitados com penas. São os responsáveis por encaminhar a bandeira ao mastro, tirar a imagem de Nossa Senhora do andor e devolvê-la ao seu altar.
Há muito tempo sem ir a Montes Claros, não sei hoje, com o desenvolvimento econômico e cultural que atingiu a cidade, ainda existe a festa como era há tempos passados, quando revelava a grande religiosidade da população. Naquele tempo, isto por volta de 1950, essa festa que acontecia desde há muitos e muitos anos, constituía na festividade mais importante do lugar, com a duração, creio que de cinco dias, com danças no pátio da Igreja, festeiros, reis, rainhas acompanhados pelo povo. Vinha a solenidade do mastro e depois a procissão com o Rei e a Rainha, seguidos pelos cablocos, marujos e catopés. Eu me lembro de Leonel Beirão, fantasiado de índio, todo imponente, convencido do seu papel, á frente dos caboclos. Tudo era belo, contagiante.. . Não sei se ainda acontece em Montes Claros ou em outros lugares do Estado ou do país, com tamanho conteúdo lendário, num testemunho da riqueza do patrimônio imaterial da cidade com toda sua beleza folclórica.

(José Prates, 87 anos, é jornalista e Oficial da Marinha Mercante. Atualmente, é um dos diretores do Sindicato da Classe)


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Por José Prates - 3/7/2014 14:42:46
A MONTES CLAROS QUE NÃO ESQUECEMOS
JOSÉ PRATES
Não é possível à nossa memória modificar por informações, a imagem que registrou e guardou daquilo que vimos ou vivemos no passado. As últimas imagens registradas permanecem intactas na lembrança por muito tempo. É por isso que quando abrimos na internet, o “montesclaros.com” e nos inteiramos do que acontece naquela cidade que deixamos por imposição do ofício, em 1958, sentimos que não é a mesma que lá deixamos e que continua em nossa alma, povoando nossa mente. É, com certeza, outro lugar, diferente, sem a beleza poética das ruas estreitas onde os conhecidos ao se cruzarem, paravam para o abraço; onde a boneca gigante de Leonel Beirão quando passava, seguida de tambores rufando, atraia a meninada e gente grande, também. Na Montes Claros de hoje que virou uma espécie de metrópole, abrigando 400 mil habitantes que fizeram tudo mudar, inclusive a disposição dos bairros: o que era longe ficou perto; o que era subúrbio virou centro. As pessoas influentes, do passado, não estão mais, lá, já foram para outras dimensões levadas pela morte, mas, ficaram imortalizadas em placas, como nomes de ruas e avenidas, o que é justo, muito justo.
. A cidade cresceu, estendeu-se pra um lado e pra outro; cresceu pra cima com arranha-céus, mas, a gente que nasceu e cresceu ali, é a mesma, sem tirar nem por. Os costumes, também. O pequi – ai que saudade - vai continuar na mesa e a farinha, também; feijão preto, só de vez em quando, na feijoada com “fucim” e orelha de porco. A cidade cresceu por força do progresso alavancado pelos filhos que sempre procuraram o desenvolvimento da sua terra. A indústria chegou e trouxe mais gente de fora. O montesclarense, porém, em nada mudou: é o sertanejo humilde, cordial, sem arrogância. Outro dia, telefonei pra lá e a voz de quem atendeu ao chamado e que me chegava ao ouvido, dava-me a impressão de estar lá, como no passado. Estava ouvindo uma pessoa alegre, de voz mansa, falando devagar com um sotaque misto de baiano e mineiro. Foi, então, que eu senti que somos o mesmo montesclarense do passado, sem nada ter mudado. Vivemos a Montes Claros que não morreu nem se modificou em nós. A Montes Claros de hoje, grande, modernizada, com arranha céus, resultado do desenvolvimento econômico que chegou, é vivida pelos jovens que alavancam o progresso. Nós, os velhos montesclarenses de cabelos brancos, não nos afastamos da Montes Claros de ontem que continua em nossa mente com toda sua beleza e seu jeito sertanejo. É a cidade do Dr Plinio Ribeiro, do Dr Mario Ribeiro, de Simeão, de Lafetá com suas lojas, de Leonel e sua boneca gigante percorrendo as ruas. Aquela cidade encantadora, menina moça, namoradinha do sertão, ainda está em nós, sem tirar nem por.
Não queremos dizer que somos diferentes da gente de hoje, nascida outro dia mesmo, que não sabe e talvez não faça questão de saber quem foi esse ou aquele que deu nome a este ou aquele logradouro, nem, tampouco, fazem questão de lembrar a Montes Claros jovem, de casas baixas, sem arranha-céus. Essa gente jovem nasceu e vive na Montes Claros de hoje e até estranham quando falamos no ontem. São montesclarenses que nos sucederam na missão de fazer a cidade progredir e cumpriram a missão, muito bem, aliás. As imponentes torres da Catedral eram vistas de longe, anunciando aos viajantes a chegada à cidade Hoje, procuramos a catedral, numa foto da vista parcial da cidade e a encontramos escondida, encoberta pelos edifícios.. Fazer o que? Agradecer a Deus pelo grande progresso cultural e econômico que chegou à cidade. Não é, mesmo?

(José Prates, 87 anos, é jornalista e Oficial da Marinha Mercante. Atualmente, é um dos diretores do Sindicato da Classe)


78176
Por José Prates - 20/6/2014 10:24:37
Os problemas que atormentam a cidade

O Engenheiro Civil André Aquilar e o Arquiteto Davidson Caldeira, pelo sobrenome que trazem, devem ser montesclarenses que se interessam pela terrinha e seu desenvolvimento, falaram a respeito dos problemas trazidos à população, com prejuízo ao comércio, pelo crescimento desordenado da cidade com um grande aumento das atividades em todos os setores, sem que houvesse um planejamento por falta, ao que tudo indica, de interesse das autoridades municipais em enfrentarem o problema e resolvê-lo antes que se tornasse insolúvel. Não nos referimos, obviamente, às autoridades atuais, mas, do passado que, com certeza, não tinham qualquer visão do futuro. O que o engenheiro e o arquiteto falaram não é novidade pra ninguém, mesmo leigo no assunto. O problema está visível, palpável, imaginem, então, para os ilustres engenheiros da Prefeitura Municipal que convivem com ele, mas, nada podem fazer porque é resultado de um erro do passado quando ninguém pensava no futuro..
Nós montesclarenses que residimos fora, em lugares, muitas vezes, distantes, mas, voltando lá de vez em quando para rever a cidade, conhecemos esses problemas, principalmente do transito, porque nos atinge quando estamos lá e ficamos sem entender porque os responsáveis pela administração municipal nada podem fazer porque é impossível, por exemplo, alargar a Rua Dr Santos, principal via de acesso ao centro da cidade. Residimos no Rio de Janeiro há quase sessenta anos e freqüentamos a trabalho ou não, a Baixada Fluminense onde cidades como Nilópolis, Nova Iguaçu, São João do Meriti, Caxias e Japerí, hoje populosas e com vida própria, desenvolveram-se acompanhando o progresso e a ele atendendo, fazendo sem atropelo, as modificações e melhorias que o desenvolvimento populacional e comercial foram exigindo, principalmente, no transito, sem esperar que se tornassem problemas de solução difícil. Hoje, nessas cidades, a maioria das ruas estreitas que não puderam ser alargadas, como é o caso de muitas ruas em Montes Claros, o transito de veículos foi afastado e passaram a ser ruas de pedestres. No Rio, ninguém sentiu o problema que foi resolvido ao passo que ia se apresentando. O que fizeram porem, na Baixada Fluminense, não foi feito em nossa Montes Claros. Deixaram que o problema crescesse, dificultando sua resolução.
A sugestão do Engenheiro André é a criação de um novo centro comercial, como aconteceu em alguns outros lugares que tiveram problema igual. Não posso dizer com segurança porque não estou lá, mas, se o Engenheiro diz é porque sabe que isto pode ser feito. Não acredito que para isso, haja dificuldade de terreno ou desinteresse do habitante que é o grande prejudicado com a falta de estrutura em tudo, principalmente no transporte. Diz o Engenheiro que “a nossa cidade esta esgotada, o que temos de infra-instrutora não nos atende mais, nossas ruas estão sobrecarregadas, em situação de risco, a cidade não agüenta mais.” É necessário que tomem providencias para o reparo de tantos erros que vieram do passado e isto cabe às autoridades municipais.

(José Prates, 87 anos, é jornalista e Oficial da Marinha Mercante. Atualmente, é um dos diretores do Sindicato da Classe)


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Por José Prates - 17/6/2014 08:44:18
“No rancho fundo, bem pra lá do fim do mundo, onde a dor e a saudade contam coisas do passado...” é verdade. Quantas e quantas vezes, principalmente quando a velhice chega ao corpo, nos atormentando com suas dores que aparecem sem avisar, vindas ninguém sabe de onde nem porque, as estórias do passado que ficaram no rancho fundo, lá atrás, bem pra lá do fim do mundo onde a dor e a saudade passaram a morar, voltam pra tomar conta da mente do pobre velho que não consegue esquecê-las. Dizem que vieram pra aliviar as dores com o analgésico da lembrança dos momentos felizes vividos num tempo que passou, mas, às vezes, trazem a dor da saudade que martiriza. Algumas vezes, raras, recordar não é viver, mas, sofrer porque a lembrança nos traz pessoas que amávamos e que se foram levadas pela crueldade do destino e a cena da despedida dolorosa volta à lembrança fazendo-nos revivê-la.. Momentos de dor e de angustia quase sempre ficam guardados na memória e quando voltam à mente vêm acompanhados do sofrimento que produziram no passado. Mas, o que fazer, então? Procurar trazer à mente o que de belo e prazeroso lhe aconteceu; as lutas que travou e as vitórias obtidas que lhe trouxeram alegrias. Olhe no espelho sua face macilenta e veja a marca do tempo que você passou lutando e ai está, em pé, sorrindo feliz pelas vitorias alcançadas. Olhe em sua volta e contemple sua família como uma continuação de você próprio e sorria feliz pela missão cumprida. A velhice não é a marca do sofrimento, mas, o atestado da luta pela vida que você travou, cujo resultado está presente em seu lar enfeitado pelos sorrisos dos netos e bisnetos, com a benção de Deus.
José Prates

(José Prates, 87 anos, é jornalista e Oficial da Marinha Mercante. Atualmente, é um dos diretores do Sindicato da Classe)


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Por José Prates - 14/6/2014 09:41:23
RECORDAÇÕES QUE NOS FAZEM VIVER

Estão aqui, na minha frente, na mesa do computador, acima do monitor, as três figurinhas folclóricas de Montes Claros: o marujo, o caboclinho e o catopé ao lado da Igrejinha dos Morrinhos na sua poética simplicidade. Quanta lembrança essas imagens me trazem do inicio de minha vida profissional nessa cidade. Ainda jovem, 22 anos, funcionário público federal “concursado”, Agente da Estrada de Ferro cujo uniforme azul marinho, eu vestia com prazer e orgulho. Não conhecia a vida independente, sozinho no mundo, gerando recursos para manter a própria subsistência numa cidade grande. Fui morar numa pensão na Praça Dr. João Alves onde ficavam o Instituto Norte-mineiro de Educação e o Grupo Escolar Gonçalves Chaves. No centro da Praça, um cruzeiro. Quando a estiagem era grande, mulheres faziam procissão, umas de pedras na cabeça outras com garrafas d’água para deixarem nesse cruzeiro, como penitência pra chover. Ali, naquela praça, morando na pensão, eu comecei a levantar o alicerce de minha vida: estávamos em l950. Para a época, o emprego era bom, o salário suficiente para viver.
Porém, não me acomodei naquele emprego. Precisava de mais atividade. Estava procurando outro “que fazer” alem da ferrovia, quando me falaram do jornal que estava surgindo na cidade. Eu já havia feito reportagens para a Folha de Minas, como repórter amador e gostava do jornalismo. Quando, então, esse jornal de Montes Claros abriu suas portas, lá estava eu oferecendo-me como repórter. Vou trabalhar de graça, pensei. Quando vi, porém, um exemplar da primeira edição que já estava circulando, decepcionei-me. Era igual á velha Gazeta com artigos de fulano e cicrano, sem uma noticia sequer. Procurei o responsável e falei sobre o que eu pensava, pontificando-me a fazer umas reportagens. Relutou em aceitar porque não poderia manter um repórter. Mesmo assim, parti para o trabalho. Fiz uma reportagem sobre os emigrantes nordestinos que enchiam as plataformas da Estação férrea, onde muitas vezes, dormiam em total promiscuidade, enquanto esperavam o trem para São Paulo. Zezinho Fonseca que era o gerente do jornal mostrou a matéria ao linotipista que, também, era jornalista.
Os dois gostaram da redação e a reportagem foi publicada. Um sucesso, entre os leitores tornando o jornal conhecido e lido em toda cidade. Por isso, Zezinho Fonseca, pediu pra eu continuar escrevendo e fazendo reportagens. O jornal mudou de rumo, fazendo nascer em Montes Claros a imprensa de fato. Fiquei no jornal e na Estrada de Ferro, conciliando os dois empregos. No jornal fiquei quatro anos. Em 1954, nuna viagem que fiz ao Rio de Janeiro para tratar de assunto do jornal, fiquei sabendo que a Companhia Nacional de Navegação Aerea estava procurando um radiotelegrafista para trabalhar em Montes Claros. Fui, então, à Rua do México 11 o endereço que me forneceram. Fiz os testes exigidos e fui admitido, ficando de enviar os documentos exigidos quando chegasse a Moc. Afastei-me um pouco do jornal, por falta de tempo. Em 1958, fui transferido pela EFCB e depois, pela Nacional para o Rio de Janeiro onde, até hoje, me encontro. Não deixei o jornalismo. Continuo escrevendo, graças a Deus e aos amigos leitores.
JOSÉ PRATES

(José Prates, 87 anos, é jornalista e Oficial da Marinha Mercante. Atualmente, é um dos diretores do Sindicato da Classe)


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Por José Prates - 6/6/2014 12:37:42
E A VIOLENCIA CHEGOU

Ninguém sabe e ninguém pode dizer com segurança o que está acontecendo no mundo, de uns tempos para cá, que faz a violência crescer, chegando a pontos inimagináveis como é o caso de Montes Claros, no norte de Minas Gerais. Não queremos dizer que a cidade tornou-se totalmente violenta, mas, como está, ninguém nunca imaginou que fosse ficar. É verdade que no passado, não muito distante, naquele pedaço de Minas, Montes Claros era a maior cidade e como em qualquer cidade grande, muita coisa acontecia que na pequena cidade nem imaginavam acontecer. Mas, assassinatos um atrás do outro como está acontecendo agora, não havia. De vez em quando, na periferia, alguém morria a peixerada numa briga de rua, o que era comentado por muito tempo. Agora, parece natural, sem importância. Lendo oeste noticioso, hoje de manhã, logo no inicio vem a noticia de que um jovem foi assassinado pela manhã no Panorama II e em seguida, Manoel Higino fala sobre o assassinato da pobre velhinha quando saia acompanhada do neto, de um culto religioso. Imaginem que este ano, já completaram trinta assassinatos que é um numero bastante alto para uma cidade como Montes Claros, onde até a pouco tempo não havia tanta violência contra a pessoa. Era um grande comércio que atendia a toda região; na educação, atendia a juventude local e dos arredores e na saúde era a Santa Casa que recebia e atendia aos enfermos que vinham de longe em busca de socorro. Era cidade grande sem violência, mas, o progresso chegou e a violência veio atrás.
Quando falamos sobre a tranqüilidade e a paz que existia na Montes Claros que está em nossa mente, a cidade líder do Norte de Minas que nasceu com vocação para o progresso, ninguém acredita e acha que é fantasia porque hoje, em nossos dias, é bem diferente. Assumiu a posição de cidade grande e aceitou que a violência chegasse pra ficar. Eu leio todos os dias, as noticias que vêm de lá e sempre ou quase sempre, existe a noticia de algum assassinato como coisa rotineira. Isto nos entristece porque a nossa Montes Claros é outra. A cidade sertaneja, inocente e poética que, para nós, ainda existe e vai continuar existindo.
José Prates

(José Prates, 87 anos, é jornalista e Oficial da Marinha Mercante. Atualmente, é um dos diretores do Sindicato da Classe)


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Por José Prates - 14/5/2014 08:11:05
O PROGRESSO DE MONTES CLAROS

JOSE PRATES

A leitura quase diária do Montesclarosnoticias que fazemos com prazer e agora, depois de tanto tempo, já se tornou um hábito, é capaz de nos deixar a par dos acontecimentos na cidade, como, também, nos mostra as condições de vida que ali são oferecidas aos habitantes. Montes Claros cresceu, cresceu muito desde a última vez que lá estive pessoalmente. Um crescimento demográfico levado pela perspectiva de emprego, coisa que vem de longe, agora maior pela industrialização que já está presente, condições não existentes nas cidades e arrabaldes vizinhos. A sua colocação oficial no polígono da seca, ainda no governo estadual de Juscelino, nos idos anos 50, graças ao esforço do saudoso Deputado Plínio Ribeiro, trouxe-lhe as facilidades fiscais que garantiram e proporcionaram a instalação de industrias que foi o chamariz para o imediato e crescente aumento populacional que se fez, lamentavelmente, sem a estrutura necessária para isso.
Antes de mil novecentos e cinqüenta, não se tem noticias de qualquer ação do poder público municipal na modernização da cidade que sempre cresceu fisicamente no sentido horizontal, sem, contudo, a preocupação de uma pavimentação adequada ao crescimento. As ruas, a maioria sem qualquer calçamento, impossível de serem alargadas para atender ao trafego que avolumava, já começando a ser um empecilho à abertura de novas lojas comerciais, exigidas pelo crescimento populacional. As praças públicas como Cel Ribeiro, dr. João Alves, Praça da Matriz e outras não tinham qualquer calçamento. Somente a partir de 1950, no governo municipal de Eneas Mineiro de Souza, teve inicio à preocupação com a urbanização das ruas. Uma comissão de vereadores veio ao Rio de Janeiro para verificar “o calçamento moderno” que era feito no Cais do Porto e verificar a possibilidade de fazê-lo em Montes Claros. Era o que chamaram de “bloquete,” um pequeno bloco de cimento, em forma de “tijolo.” O calçamento que viram, agradou à comissão que o aprovou. Aprovada o calçamento, foi contratada a firma carioca que instalou na cidade uma fábrica de “bloquetes” e começou a produzi-los dando inicio ao calçamento das ruas, a começar pela Dr. Santos. Não demorou e o centro tomou novo aspecto. Foi o inicio da urbanização que continuou com os administradores que vieram.
Hoje, pelo que sei, Montes Claros transformou-se completamente mostrando-se como centro de referencia do norte de Minas, com um comércio e estabelecimentos educacionais e de saúde que atendem à população das cidades circunvizinhas. A UNIMONTES, Universidade de Montes Claros, coisa inimaginável nos anos cinqüenta, está com boa colocação no no rank educacional de Minas Gerais. Quanto à saúde, pouca noticia nos chega, mas, sabemos que o atendimento à população é razoável, levando-se em conta que em todo o país a área de saúde sofre com o descaso das autoridades que não lhe vêem como prioridade. As fotos que vemos nas páginas dos jornais ou que amigos nos enviam, mostram uma cidade moderna, crescendo no sentido vertical, como qualquer metrópole. A falta de estrutura para um desenvolvimento maior, não é culpa dos atuais governantes. Isso vem de longe, às vezes por falta de recursos, outras por desinteresse de um povo que não tinha consciência dos seus deveres e direitos de cidadania. De qualquer forma, Montes Claros cumpre o papel que lhe foi destinado desde sua criação: líder do Norte de Minas. E isto nos orgulha.


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Por José Prates - 19/4/2014 11:10:38
A VOCAÇÃO DE MONTES CLAROS
José Prates

Todos os dias, como se fosse uma obrigação, posso dizer assim, abrimos na internet, este epaço que nos traz as noticias de Montes Claros e, também, as reclamações do seu povo. Prestando bem atenção, lendo com interesse, nos é dado observar que Montes Claros não é mais aquela cidade do nosso tempo. Não, não é. Modernizou-se e tudo mudou em sua vida, sem deixar, porem, o jeito sertanejo, inocente, gostoso e romântico. Uma coisa que nos chama a atenção é a população que de tempos para cá, aumenta a passos largos com a chegada de mais e mais gente a cada dia, que vem não sabemos de onde, atraída pelo progresso, exigindo mais e mais moradias que a cidade não tem como atender de imediato, porque falta espaço disponível para mais construções. Pelo menos, isto é o que nos parece. Não deve haver disponibilidade de terreno para um crescimento horizontal que é bem aceito nessas bandas. O crescimento vertical que, agora, está começando, para atender ao aumento populacional, não é bem aceito porque não há o costume com altos edifícios que mudam a fisionomia da cidade e muita gente não aceita isso. . Hoje, as suntuosas torres da Catedral, antigo cartão de visitas da cidade, que eram vistas de longe ao chegarmos à cidade, agora, coitadas, desapareceram engolidas pelos arranha-céus que mesmo contra a vontade de um bom pedaço da população, já começa a ocupar espaço. .Dizem que é o progresso, um inimigo da poesia expressa nas casas baixas, caiadas de branco, com janelas abertas onde as mulheres se punham para apreciar o movimento e prosear com a vizinha. Hoje, isso não existe mais, eu acho. O progresso não permitiu que continuasse. . .
Antes desse rebuliço de crescimento populacional, a cidade já era grande, mas, com casas baixas e espaçosas, salas assoalhadas e fachadas enfeitadas. Bonitas, segundo o gosto da época. Uma casa dessas ocupava quase meio quarteirão. Ninguém falava em arranha-céus que era coisa de Capital, lugar sem terrenos pra construção. Aqui, não. No máximo quatro andares que já era muita altura. Isto tomou muito espaço que hoje faz falta e começa a desagradável necessidade da demolição desses palacetes, para conseguir terreno para a construção de edifícios que a cidade atual está pedindo, mas, muita gente saudosista ou conservadora não concorda como vemos no que é publicado aqui. Quando uma velha casa, na arquitetura antiga, é demolida para ceder espaço a uma nova construção, todo mundo lamenta. “É mais uma casa significativa para a história de Montes Claros que deixa de existir”, dizem os conservadores. Eu me lembro, faz pouco tempo, o rebuliço quando foi demolida, reduzida a escombros, a bela e original moradia da família Pimenta, sobrinhos do primeiro bispo de Montes Claros, dom João Antônio Pimenta. Família originária de Capelinha, cidade além da histórica Diamantina. Lá na casa hoje finada, morou, entre outros, o padre Paulo Emílio Pimenta, capelão do Colégio Imaculada. Ficava na rua Dom Pedro II, entre Dr. Veloso e Camilo Prates” Não era um prédio histórico nem, por qualquer motivo, tombado pelo patrimônio, mas, houve reação popular quando foi demolido porque fazia parte do embelezamento da rua.
Eu já disse muitas vezes que Montes Claros nasceu com vocação progressista e de liderança. Ainda arraial das Formigas no distante ano de 1768 já liderava a região, talvez, pelas bom desempenho da Expedição Espinosa - Navarro, composta por 12 homens determinados, espanhóis e portugueses, que foi a primeira a pisar as vastas terras da Região do Norte de Minas com intenções de progresso e essa intenção contaminou a região que aceitou sua condução ao desenvolvimento progressista, cujo resultado vemos hoje na Montes Claros atual. O longo caminho do progresso começou mesmo na “picada” aberta no mato inculto que nunca tinha sido pisado por gente civilizada. A “picada” virou caminho, o caminho virou estrada e a estrada foi longe buscar o progresso. Não passou muito tempo, não. Em 1831, sessenta anos depois, o longo caminho para o progresso foi percorrido e o arraial cresceu e se transformou na Vila de Montes Claros, sem querer parar porque a ânsia do desenvolvimento estava presente fazendo o progresso andar pra frente. O montesclarense já era homem feito e trazia a herança de progressista. A vontade de crescer, de progredir que até hoje existe, é de nascença. E, por isso, foi de Vila a Cidade em 26 anos e não parou por ai, porque a vocação continua. Por isso, a bela cidade com jeito de metrópole que hoje abriga uma população de quase um milhão de pessoas, cresceu pelo trabalho abnegado de seus filhos com a ajuda desse povo que veio de fora e se tornou montesclarino pelo amor à terra que lhe recebeu e abrigou. Hoje, se alguém lhes pergunta de onde são, respondem com alegria: somos de monsclaros!.


77732
Por José Prates - 10/4/2014 11:17:36
MONTES CLAROS SEMPRE PRESENTE

José Prates

Eu estava lendo a crônica de Iara Tribuzzi, uma belo crônica, aliás, e fiquei me perguntando porque quando vamos ao computador para escrever a crônica da semana para o Mural, geralmente, o primeiro assunto que se nos apresenta é Montes Claros, com a cidade, brotando em nossa mente, fazendo nos sentir andando devagar naquelas ruas tranqüilas, saudando alegremente aquela mulher que está na janela, “espiando” o movimento da rua quase vazia. Há muito tempo que não vou lá, mas, pelas notícias que me chegam, a cidade como está, hoje, pouco, ou quase nada, tem a ver com a cidade de ontem. O progresso chegou trazendo a indústria, o comercio e muita gente que veio de fora em busca de trabalho. A poesia e o romantismo que existiam, desapareceram; os poetas como Candido Canela, foram esquecidos, Deles, nem se ouve falar. São coisas de ontem, do passado. Hoje o que interessa não é poesia, mas, o dinheiro que significa riqueza e riqueza é poder. Nós, do passado, temos que nos conformar e, apenas, guardar na memória aquela cidade com toda sua beleza romântica que nos embalou na juventude, fazendo-nos sonhar . Nós sabíamos que a vocação de grandeza nasceu com o Arraial das Formigas onde cresceu e ficou. Mais tarde, transferiu-se para a cidade que nascia.
Montes Claros, então, nasceu para ser grande. O vigor na luta pelo progresso vem desde o nascimento e continua nos seus abnegados filhos. Desde o nascimento, o Arraial das Formigas dominou a região com seu comércio variado, servindo a todos ao redor. Por isso, não demorou e o arraial era conhecido e falado em toda a região.Gerido por pessoas interessadas no progresso, foi crescendo com a chegada de mais e mais gente que procurava emprego e negócio e não demorou muito, foi elevada a vila em outubro de 1831. A fama foi correndo atravessando territórios até chegar muito longe, atraindo muita gente. Ai, então, ninguém segurou mais. O tempo foi passando, mais pessoas foram chegando e a importância do lugar aumentando até tornar-se o centro comercial da região, o que lhe fez elevar-se à cidade em 1857.com o nome de Montes Claros que não parou de cresscer.
Hoje, Montes Claros não é a mesma do nosso tempo, é outra, que, ainda, não conheço. Transformou-se numa metrópole, do que nos orgulhamos. Mas, a velha Montes Claros, sertaneja, poética, romântica, continua em nossa mente, fazendo-nos viver ao recordar.os momentos de prazer que ali tivemos. .

(José Prates, 87 anos, é jornalista e Oficial da Marinha Mercante. Atualmente, é um dos diretores do Sindicato da Classe)


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Por José Prates - 29/3/2014 11:44:36
A violência está aí

José Prates

De uns vinte anos a esta parte, tudo mudou em nossa vida A nossa maneira de pensar e agir, hoje, obedece a outros critérios. Não são os mesmos daquele tempo em que a violência era desconhecida em nosso meio. Quem ainda vive, lembra-se dos anos setenta, oitenta quando o “alheio” era coisa sagrada e nos era possível dormir de janelas abertas, sem receio de invasão, porque, em geral, havia respeito ao que era “alheio”, ou melhor: ao que não lhe pertencia. Hoje o que vemos é o desrespeito a tudo, inclusive à vida humana que foi banalizada, podendo ser tirada sem qualquer motivo. A polícia luta para acabar com os marginais da lei que criam a violência em ataques às pessoas em qualquer lugar, à luz do dia, sem medo de punição. Assalto a bancos, ninguém conhecia nem ouvia falar sobre isso. Hoje são todos os dias, às escancaras, de dia com sol quente. O que mais preocupa é a faixa de idade desses assaltantes: jovens entre dezessete e trinta anos, cuja procedência ninguém sabe. Dizem que são dos morros, mas, pode ser que não.
O que assistimos diariamente e as rádios, jornais e televisão mostram é a violência que tomou conta de tudo e de todos, amedrontando e trazendo desassossego para a população que não dorme tranqüila. Andar de carro não é a comodidade que era antigamente. Hoje é preocupante e muita gente prefere deixar o carro na garage para não ficar sem ele. É a violência que campeia no país inteiro. Quem é o culpado por isso tudo? É o próprio espaço urbano, acompanhado do descaso dos governantes com o pobre favelado. Isso, quem for numa favela vai presenciar cenas que mostram o desamparo do habitante e isto revolta o jovem morador do lugar. Nas periferias das cidades, sejam grandes, médias ou pequenas, nas quais a presença do Poder Público é fraca, o crime consegue instalar-se mais facilmente, porque o abandono a que são submetidos esses habitantes, já é um crime. São os chamados espaços segregados, áreas urbanas em que a infra-estrutura de equipamentos e serviços como saneamento básico, sistema viário, energia elétrica e iluminação pública, transporte, lazer, equipamentos culturais, segurança pública e acesso à justiça, é precária ou insuficiente, e há baixa oferta de postos de trabalho. Não é a pobreza a responsável pela violência porque na maioria, o pobre é humilde e a humildade não combina com violência. Se a pobreza gerasse a violência, áreas extremamente pobres do Nordeste não apresentariam, como apresentam, índices de violência muito menores do que aqueles verificados em áreas como São Paulo, Rio de Janeiro e outras grandes cidades. E o País estaria completamente desestruturado, caso toda a população de baixa renda ou que está abaixo da linha de pobreza começasse a comer crimes.

Nós sabemos que esses fatores não são exclusivos do Brasil, mas, estão em muitos outros paises
da América latina e mesmo do mundo inteiro, em intensidades diferentes. Acontece que entre nós, o descaso das autoridades marginalizando o pobre favelado o leva à violência por senti-se discriminado. Alguns especialistas no assunto acham que não é, propriamente, o desemprego uma das causas da violência urbana, mas, a dificuldade que o jovem encontra para o seu ingresso no mercado de trabalho. Essa dificuldade que é bastante conhecida leva alguns jovens à desilusão e, então, é fácil partir para a violência, às vezes, num ato de desespero. À sociedade e às autoridades públicas, cabe repensar o caso da violência urbana e partir para soluções que possam diminuí-la porque sanar é impossível. A primeira providencia seria o amparo à pobreza, principalmente ao jovem. Se houver um entendimento sério entre todas a socledade em torno desse objetivo, é certo que uma grande melhora acontecerá.



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Por José Prates - 24/3/2014 10:15:52
Gameleira e Janaúba

José Prates

Precisei da certidão de meu casamento e, hoje, liguei para Janaúba, para o Cartório de Registro Civil onde o casamento foi celebrado e ali está, portanto, o seu registro. Falei com a Escrevente do cartório, a Senhora Nayara que deve ser descendente de japonês. Janaúba teve a influencia de japoneses, tanto que o seu atual Prefeito é de da terra do Sol Nascente, naturalmente naturalizado brasileiro e, segundo as notícias, está sendo elogiado no exercício do mandato. Na conversa ao telefone, fui-me acostumando ao sotaque gorutubano e todo o passado veio-me à mente. Mil novecentos e quarenta e sete. Vinte e um anos de idade, eu estava completando. Trabalhava com “seu” Veraldino no escritório de sua firma compradora de algodão e milho, para exportação em vagões lotados. Janaúba era distrito de Franiso Sá; O Doutor Mauricio, dentista de profissão que ali chegou com a ponta de trilhos, abriu consultório e ali se radicou, tornando-se a sua família, uma das principais da cidade. Moisés Bento Lacerda foi um dos primeiros a chegar depois de inaugurada a Estação ferroviária e abriu uma loja comercial..
Janauba crescia rapidamente e o comércio acompanhava o crescimento. Anos depois, cinco ou seis. surgiu a idéia da emancipação que o Deputado Estadual Dr Antonio Pimenta encampou. Foi feito o plebiscito e a emancipação ganhou. Em 27 de dezembro de 1948, pela lei 1058, era criado o município de Janaúba; no dia primeiro de janeiro de 1949 reunidos no salão do Clube Social que ficava na Praça da Igreja, hoje Dr. Rochert, nós instalávamos, solenemente, o Municipio de Janaúba, com território desmembrado de Francisco Sá. Além do Intendente, nomeado pelo Governo do Estado, estavam presentes na reunião os próceres locais, como Antonino Catulé, Moisés Bento Lacerda, Veraldino Conrado da Silva, Mauricio de Azevedo, como, também, os Deputados Antonio Pimenta, Estadual e Dr Esteves Rodrigues, Federal.
Janauba hoje, graças, obviamente ao interesse e esforço dos seus primeiros habitantes é a segunda cidade mais importante do Norte de Minas, ficando abaixo em progresso, apenas de Montes Claros, Uma cidade moderna, populosa, com cerca de oitenta mil habitantes, com industria e comércio. Orgulha-se de filhos ilustres do passado como: Francisco Barbosa que por volta de 1872 chegava à região com esposa e filhos, fundando fazenda na terra de Caatinga Velha, levantando casa ao lado de frondosa gameleira, que deu nome à povoação. Mais tarde vieram Antunino Antunes da Silva (Antônio Catulé), Américo Soares de Oliveira, Jacinto Mendes, Santos Mendes e Mozart Mendes Martins, que muito contribuíram para a formação e o progresso de Janaúba, estabelecendo-se nas imediações. Por iniciativa de Antunino Antunes da Silva (Antônio Catulé) foi levantada em 1939 a Capela do Senhor Bom Jesus. Com a chegada da Estrada de Ferro Central do Brasil, em 1943, veio a família Dr. Maurício de Azevedo e Moisés Bento Lacerda. O Distrito foi criado em 31 de dezembro de 1943 pela Lei n.º 1.058, com o nome de Gameleira. Daí começou o desenvolvimento. Hoje, Janauba é uma grande cidade e eu me orgulho disso porque vivi o seu começo,

(José Prates, 87 anos, é jornalista e Oficial da Marinha Mercante. Atualmente, é um dos diretores do Sindicato da Classe)


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Por José Prates - 20/3/2014 09:14:21
Os Morrinhos Que Nos Fizeram Sonhar

José Prates

Estão aqui, na minha frente, na mesa do computador, dispostas acima do monitor, as miniaturas da Igreja dos morrinhos, como, também de um catopé, um marujo e um caboclinho. É Montes Claros sempre presente em nossa memória e por isso, relembrada todos os dias quando chegamos ao computador para a crônica diária. Primeiro, nossos olhos vão para a pequena Igreja e nela penetramos em pensamento, pedindo a proteção Divina. Depois olhamos e cumprimentamos o caboclinho, o marujo e o catopé que nos responde com sorriso nos lábios. Essa lembrança nos agrada. São dois ou três minutos que nos detemos diante das miniaturas para transformá-las mentalmente em reais, nos permitindo a sensação de estarmos pisando o solo montesclarense, acompanhando a procissão do Divino. A Igrejinha, então, é a que nos traz maiores e melhores recordações. Jovens, eu e Afra minha esposa, então noivos, aos domingos, íamos aos morrinhos. Sentados num bloco de pedras, contemplando a cidade aos nossos pés, sonhávamos com a vida de casados e fazíamos projetos, alguns realizados, outros esquecidos. Nunca estávamos sozinhos. Outros casais, também, aproveitavam a beleza e o silêncio do lugar para dar ao namoro o romantismo que embelezava o encontro distante de olhos fiscalizadores que destruíam a beleza romântica do encontro. Hoje, não creio que existam casais com esse propósito porque o tempo mudou. O romantismo ficou no passado. Os encontros amorosos são diferentes, perderam a inocência poética quando chegou a permissividade dizendo-se fruto da modernidade.
Os morrinhos, hoje, pelo que eu soube, estão no centro da cidade e o volume de tráfego destruiu a beleza e o romance que não existem no burburinho do centro, onde a presença maior é o comércio que não aceita romantismo. A cidade levada pelo desenvolvimento industrial e comercial atraiu muita gente de fora e cresceu, estendendo-se por todos os lados e os morrinhos chegaram ao centro sem perder a sua beleza, mas, sem o romantismo que o cercava, contagiando os visitantes. O lugar perdeu o romantismo como o namoro perdeu a inocência. São os morrinhos, simplesmente um endereço ou ponto de referência na cidade grande. Em nossa mente, porem, estão os antigos morrinhos que nos deram momento de vida cheia de sonhos.

(José Prates, 87 anos, é jornalista e Oficial da Marinha Mercante. Atualmente, é um dos diretores do Sindicato da Classe)


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Por José Prates - 5/3/2014 11:24:00
Os festejos de carnaval no Rio de Janeiro, terminaram como sempre terminam, sem graça, com os foliões cansados e sonolentos pela noite insone, desfilando na Avenida. O esforço foi grande para mostrar a beleza de sua escola aos que se arriscaram chegar à Avenida pra assistir ao espetáculo em que se resume o carnaval de hoje. Por quê? Porque hoje, o carnaval de rua envolvendo todo mundo numa alegria contagiante, não existe mais, como antigamente. Hoje, a maioria das ruas por onde desfilavam os blocos, estão vazias. Muita gente se prende em casa, com medo da violência. Por isso, os blocos de rua que desciam dos subúrbios para sambar na avenida, desapareceram e levaram com eles os foliões de caras pintadas que se esbaldavam na Presidente Vargas. Até os clubes de sócios, em alguns bairros não existem com seus bailes domingueiros. Fecharam por falta de freqüência. É a violência que está em todo lugar na grande cidade. Os ladrões assaltantes não escolhem lugar nem hora para fazer suas vitimas. Muita gente queixa da insegurança, dizendo que a polícia não protege ninguém. Proteger como, se o perigo está em toda parte e a polícia não tem condições de onipresença? São seres humanos, normais, não se multiplicam para estar aqui e ali ao mesmo tempo. Alem disso, quando enfrentando a policia, algum marginal morre, uma parte da população, pequena, reclamam da ação policial, alegando “falta de respeito aos direitos humanos” Parece brincadeira. Direito humano para quem não respeita os direitos nem a vida de ninguém.
Pois é. Não pensem que essa violência está somente no Rio e São Paulo. Tomou o país inteiro. Não existe um lugar, seja lá onde for, que a violência não esteja presente. Banalizaram a vida humana de tal maneira que hoje em dia em muitos lugares, um cadáver estendido no chão não causa mais nenhum impacto. Apenas olham pra saber de quem é. Esse é o mundo sem Deus onde não existe amor nem respeito porque o sentimento de fraternidade desapareceu tragado pelos interesses materiais. Deus é um desconhecido para essa massa de jovens mal formados que abraçam o crime como meio de subsistência. Para eles a vida alheia é objeto sem importância, descartável. Essa juventude mal formada é produto de uniões carnais que não conheceram o amor, mas, tão-somente, o prazer da carne que faz ignorar as conseqüências do ato. De quem é a culpa? Em parte nossa, da sociedade que fechou os olhos permitindo o crescimento do volume de meninos de rua, jogados ao leu, sem ninguém que lhe assumisse a responsabilidade. Ninguém clamou contra isso, deixando para fazê-lo quando sentiram na pele, os seus efeitos. As autoridades constituídas que esquecem suas obrigações para concentrarem se na sua posição política, com olhos na próxima eleição. Cuidar de menor de rua não dá voto. Enquanto isso, a quantidade de meninos de rua só vai aumentando e os problemas crescendo tornando mais difícil a solução.


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Por José Prates - 1/3/2014 10:01:07
Não nos é possível saber a intenção real dos dirigentes do Montes Claros Futebol Clube , na contratação do goleiro Bruno, condenado a 22 anos de prisão pelo assassinato de Elisa Samudio, mãe de um filho seu. Não há, veiculando na imprensa, uma explicação por parte desses dirigentes que justifique ou procure justificar esse ato que deixa muita gente sem entender nada. Pode ter havido a intensao caridosa de minimizar o sofrimento do apenado, permitindo uma convivência mais efetiva, quase diária com a esposa o que não acontece hoje. Tanto assim, que a imprensa já noticiou que essa mulher, uma odontologa, já está d mudança para Montes Claros, para onde vai com “mala e cuia”. Se não é esse o interesse, sinceramente não vemos outro porque como profissional da bola, deve estar fora de forma sem condições de atuar convenientemente. Outra razão que deve ter movido os idealizadores da contratação, foi trazer para a mídia o clube contratante, um desconhecido, acho que até mesmo em Montes Claros, Se foi isso, acertaram porque o clube hoje é conhecido e comentado no Brasil inteiro. Só que manchou um pouco o nome da cidade e eu penso que essa na estava na intenção desses dirigentes


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Por José Prates - 27/2/2014 12:03:02
Aos oitenta e três anos de vida, sessenta dedicados à imprensa montesclarense, morreu Antônio Meira, baiano, “tipografo” que assumiu a gráfica do Jornal de Montes Claros no seu inicio, 1952. A notícia deixou-me parado, de olhos fixos na tela, sem poder falar. Agora, meio dia, quando escrevo esta nota, seu corpo deve estar sendo enterrado na terra que ele aprendeu a amar e eu aqui sem saber o que dizer. Apenas, me vem à lembrança a nossa luta, eu, ele, Andrezo e Dona Maria, para manter vivo e atuante o jornal. Meira foi embora. Atendeu ao chamado de Deus e nos deixou, mas, continua vivo, imortal, como parte da história da imprensa montesclarense.


77094
Por José Prates - 25/2/2014 12:04:06
JACARACI

José Prates

Hoje, eu estava vendo a vista parcial de Jacaraci numa foto que me mandaram, não sei quem, mas, agradeço. Nessa foto, quase nada me foi possível reconhecer porque foi tirada do alto, talvez, de um morro e predominou a vista dos telhados, impedindo a visão das ruas e praças, parecendo um conjunto de casas sem nenhum traçado de urbanização. O que pude identificar foi o antigo “Cruzeiro”, aquela capelinha lá em cima do morro, onde íamos aos domingos, quando o Padre resolvia celebrar missa ali. São muitos anos passados. Eu estava completando treze anos quando deixei Jacaraci para assumir um emprego em Condeúba, como telegrafista, com o salário de sessenta mil réis por mês.
O tempo passa, a vida toma outros rumos, mas, de vez em quando, nos vem à lembrança os anos de nossa infância. É o que me acontece agora que me veio à mente a lembrança daquela cidadezinha lá no sertão baiano. Ali eu nasci, numa casa baixa, caiada de branco, com portas e janelas azuis. Ficava no Largo da Feira e era, também, a loja de tecidos do meu avô Daniel. Vivíamos ali com meus avós, meu pai, minha mãe e meus irmãos, todos juntos na mesma casa, num convívio gostoso, onde problemas não eram conhecidos, pelo menos por mim. A sala de visitas, espaçosa, assoalhada, tinha uma parede coberta por retratos emoldurados de parentes e amigos, homenageados naquele espaço reservado. Na outra parede, o quadro de Jesus no horto, dava um ar solene ao ambiente. Ainda me lembro das novenas rezadas à noite, com Tio Tone de terço na mão, recitando Ave Maria, acompanhado pelos presentes de joelhos em frente ao altar armado naquela sala de visitas Depois da reza, um café com leite, servido com biscoito de polvilho, feito por tia Cândida, completava a noite de orações. .
Jacaraci era pequena, bem pequena naquela época. Não sei como está hoje. No meu tempo de criança, a Vila de Jacaraci, depois elevada à cidade, era formada por três ruas e três praças, que chamavam de “largo”, As rua eram: a rua de baixo, onde morava o nosso tio Tone, “seu” Antônio Julio para os outros. Morava numa casa grande com grande quintal que ia até o pequeno rio que cortava a cidade; tia Cândida com sua vendinha e “seu” Athanásio com sua loja de tecidos e no meio a venda de “seu” Otávio que tinha “de um tudo”: da cachaça ao feijão. No largo da feira, a rua terminava. A rua do meio era a mais movimentada. Foi nessa rua que eu e os meus irmãos nascemos. O único sobrado de dois andares, onde morava meu primo Celso, coletor estadual, esposo de Judite, pai de Celdite. A rua do fogo era a última, ficava lá em cima, onde morava meu tio Juvenato, com os meus primos Tone e Nozinho companheiros de brincadeiras nas ruas tranqüilas. Descalços, sem camisa, corríamos rua à fora, montados em cavalos de pau. Á noite, no quintal grande de nossa casa, a meninada reunida, brincava de “cavalhada”, representando a a luta entre mouros e cristãos, com o seqüestro da princesa, que era representada por um menino vestido de menina, porque menina não podia brincar com meninos Tinha, também, a rua das pedras, uma rua pequena, pararlela à Rua do Fogo. Nessa rua, os pais não permitiam que a meninada fosse., porque era a rua das mulheres livres.
O sábado, ninguém esquece. Era um dia especial, dia de festa para a meninada: dia de feira. A praça enchia de povo vendendo e comprando. Das “roças” que significavam sítios e fazendas, vinha o que o povo da cidade necessitava, trazido no lombo de animais e exposto nas bancas armadas, tomando toda praça. Era muita gente que buscava a feira. A vozearia era ouvida de longe. Meu tio Juvenato tinha uma “banca” dentro do “barracão” onde vendia caldo de cana que chamavam de garapa, servido com requeijão e tijolo e custava duzentos réis o copo. Tijolo era uma espécie de rapadura especial, muito gostosa, aliás. Na feira não havia balanças, exceto na banca de carne, porque naquelas bandas os produtos como arroz, feijão, milho, farinha, etc. eram vendidos a litro, que tinha como medida uma vasilha quadrada, feita de madeira, devidamente aferida. Era a medida legal,
No domingo, o que havia de importante era a missa. A igreja sem bancos, com cadeiras próprias de uns poucos, deixava o povo que vinha da roça, sem lugar para sentar-se. As mulheres com chales cobrindo a cabeça e saias rendadas cheias de babados, sentavam-se no chão, esparramadas na nave da igreja, uma perto da outra, com rendas e babados estendidos, colorindo o assoalho. Os homens, de chapéu na mão, ficavam de pé. No coro, as moças, “Filhas de Maria”, entoavam hinos enquanto aguardavam o inicio da “missa cantada”. A missa dominical era uma festa semanal, quando todos tiravam a roupa do baú, com cheiro de naftalina, pra mostrarem-se almofadinhas, com cabelos brilhando, penteado com glostora, uma pomada usada na época.
O que não me sai da memória e penso que jamais sairá é a escola, a pequena escola, que pela qualidade da mestra, a professora Julieta, esposa do Cel Mozart, prefeito municipal, mãe de Julizar, Gutemberg, Ieda, Juraci, foi o alicerce de minha vida profissional como jornalista e, depois, a base para os cursos que vim a fazer, ao longo de minha vida. Ficava na esquina da Rua do fogo com a praça ou largo da Igreja. Eram duas salas de aula, uma para meninos e outra para meninas, que estudavam separados. Onze horas, terminavam as aulas. Acabava a escola, como diziam. Para encerramento, meninos e meninas juntavam-se na sala dos meninos e entoavam um hino patriótico.
Gostaria de ter noticias de lá - E-mail [email protected].



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Por José Prates - 22/2/2014 09:06:07
O BARULHO VOLTOU A INCOMODAR

José Prates

Há pouco tempo passado, a reclamação constante da população contra o barulho incomodativo que estava ferindo o meio ambiente em Montes Claros, deu uma trégua, porque a barulheira diminuiu, quase cessou em atenção às reclamações populares e, também, à pressão das autoridades responsáveis pela ordem. O silêncio, porem, não ficou por muito tempo. Agora, estamos vendo no noticiário local que o incomodo está voltando, fazendo retornar as reclamações, agora com pedido de providências à polícia. Acontece que os provocadores da desordem, esses donos de bares que colocam o som de seus aparelhos na altura máxima, parece não ter noção do prejuízo à saúde que causam às pessoas de idade, principalmente no descanso a noite, tão necessário à saúde do corpo.,
É preciso, então, esclarecer, é preciso dizer que esse barulho que incomoda e prejudica, não é, simplesmente um barulhinho qualquer que vem de vez em quando, por acaso. Esse barulho causado não se sabe exatamente com qual intenção, pode parecer à primeira vista, ao morador afetado, um mero problema de desconforto acústico, mas, da maneira que é em Montes Claros, segundo as noticias que nos chegam é coisa de rotina,, proposital que estava se tornando um dos principais problemas ambientais da cidade com prejuízo visível à saúde pública, como diziam as reclamações publicadas neste Mural..
Num excelente trabalho recentemente publicado e que esses fabricantes de barulho precisam conhecer, a Doutora Anaxagora Alves Machado, Advogada, pós graduada em Direito e Gestão Ambiental, diz que é fato comprovado pela ciência médica, os maléficos que o ruído excessivo causa à saúde mental, além do que, esse barulho feito de propósito, ocasionando a poluição sonora com grave ofensa ao meio ambiente vai atingindo a rotina do habitante indefeso, à medida em que os níveis excessivos de sons e ruídos lhe causam deterioração na qualidade de vida, na relação entre as pessoas, sobretudo quando acima dos limites suportáveis pelo ouvido humano, prejudicando o repouso noturno, indispensável ao equilíbrio emocional e ao sossego nos grandes centros urbanos como Montes Claros..Não é somente isto, não. Diz a Doutora que os ruídos são responsáveis por inúmeros outros problemas como a redução da capacidade de comunicação e de memorização, perda ou diminuição da audição e do sono, envelhecimento prematuro, distúrbios neurológicos, cardíacos, circulatórios e gástricos. Muitas de suas conseqüências perniciosas são produzidas inclusive, de modo sorrateiro, sem que a própria vítima se dê conta. O resultado mais traiçoeiro ocorre em níveis moderados de ruído, porque lentamente vão causando estresse, distúrbios físicos, mentais e psicológicos, insônia e problemas auditivos. Além disso sintomas secundários aparecem: aumento da pressão arterial, paralisação do estômago e intestino, má irrigação da pele e até mesmo impotência sexual.
Existe uma legislação que trata do controle dos problemas relativos aos níveis excessivos de ruídos que estão incluídos entre os sujeitos ao controle da poluição ambiental, cuja normatização e estabelecimento de padrões compatíveis com o meio ambiente equilibrado e necessário à sadia qualidade de vida, é atribuída ao CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente), de acordo com que dispõe o inciso II do artigo 6º da Lei 6.938/81 No que diz respeito a ruído, a tutela jurídica do meio ambiente e da saúde humana é regulada pela Resolução do CONAMA 001, de 08 de março de 1990, que considera um problema os níveis excessivos de ruídos bem como a deterioração da qualidade de vida causada pela poluição. Esta Resolução adota os padrões estabelecidos pela Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT e pela Norma Brasileira Regulamentar – NBR 10.151, de junho de 2000, reedição. Leis e normas existem para combater os abusos. Falta porem, ao que tudo indica, ação das autoridades responsáveis.


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Por José Prates - 21/2/2014 09:35:22
Dr. Aroldo Tourinho - Em 20 de fevereiro de 1914, cem anos passados, nascia em Salvador, Bahia, um menino, filho de Fernando Costa Tourinho e Luiza Freire Tourinho que recebeu o nome de Aroldo. Foi criado e educado com esmero. Cresceu, estudou e escolheu a medicina como profissão, um instrumento para servir seus concidadãos. Montes Claros foi a cidade que lhe recebeu e lhe abriu as portas para inicio da brilhante e humanitária carreira. Foi o médico de nossa família recém constituída; foi quem cuidou e orientou minha esposa na gravidez do primeiro filho, nascido na maternidade da Santa Casa, em 1952. Hoje, Doutor Aroldo completaria cem anos de nascimento, mas, foi embora, atendendo ao chamado de Deus Pai. No convívio do nosso lar, hoje, com nossas orações, lhe prestamos nossas homenagens.


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Por José Prates - 17/2/2014 10:51:51
ONTEM E HOJE

José Prates

Quantas vezes, na nossa idade, a gente pára no meio do caminho, olha pra trás e busca o tempo que ficou lá, já quase esquecido. Na juventude, na adolescência, ninguém pára porque tem pressa em percorrer o caminho da vida e o que ficou para trás é esquecido. Para nós, porém, que atingimos a idade que chamam de avançada, vale a pena voltar no tempo e reviver momentos felizes que nos marcaram a vida. Qual de nós não os teve? Esses momentos de felicidades que marcaram a minha vida depois da infância, eu os vivi em Montes Claros, cidade princesa, orgulho do norte de Minas. Foi essa a Montes Claros que vivi e que ficou em minha lembrança. O tempo correu, trouxe o progresso e a cidade calma e poética virou cidade grande com todos os seus problemas, onde todo muno conhecia todo mundo. Hoje ninguém conhece ninguém e “bom dia” ou “boa tarde” é coisa que não se usa mais ao se cruzarem em qualquer lugar. Agora, por exemplo, ninguém tira o chapéu - aliás, chapeu poucos usam, saiu de moda, faz tempo - nem ninguém se curva em saudação a uma senhora.. Alem disso, a mulher lutou e conseguiu emancipar-se e a emancipação destruiu a fragilidade feminina que exigia consideração e amparo. Hoje, mulher e homem diferem, apenas, no sexo. Foi o desenvolvimento que criou tudo isto, fez a cidade crescer e mudar o jeito sertanejo do povo pacato com poesia no modo de falar e simplicidade no gesticular. Foi o progresso. É o que dizem para justificar o desamor pela falta de Deus na alma de quase todo mundo. Hoje, em qualquer lugar do mundo, tirar a vida do outro por qualquer motivo, não alarma ninguém. A notícia de assassinatos veiculada na imprensa local não é mais alarmante. É coisa corriqueira, normal em cidade grande. A causa não é briga de família nem disputa de terra nem a arma é a peixeira dos tempos românticos, mas, a pistola 45 do tempo cruel que chamam de moderno. A causa das mortes, tanto faz aqui como ali, é quase sempre a mesma: tráfico de drogas que naqueles bons tempos em moc,, ninguém sabia o que era, nem por ouvir dizer. Mas, chegou lá, como chegou às capitais, aos grandes centros em forma de comércio dentro da ilegalidade, corrompendo tudo que fosse corrompivel. O tempo correu trazendo tudo isso que destruiu a beleza da cidade calma ao fazê-la adulta, em alto estado de prosperidade, como dizem e querem os que trabalham para o crescimento industrial e comercial. Romantismo é para nós que estamos fora do espaço e do tempo, buscando o que ficou lá atrás, para revivê-lo como bálsamo para a dor que a modernidade, com sua irreverência, nos trás. Por outro lado, temos que parar para pensar no que aconteceu neste último meio século e forçosamente temos que aceitar como conseqüência natural do desenvolvimento global que nos atingiu a todos. O tráfico de drogas que gera violência e deixa cadáveres estirados nas calçadas, não é um fenômeno: é o lado mau do desenvolvimento. Combatê-lo é necessário, mas, não com a violência costumeira que amedronta o povo e ceifa vidas. O combate eficaz deve começar por um programa terapêutico de grande envergadura para eliminar o consumidor, através de sua cura. Não é combatendo o traficante, mas, eliminar o tráfico, acabando com o consumo. Isto só pode ser feito com a cura do viciado. Ao que parece, ninguém pensa nisso porque é dispendioso e demorado. O preferível é usar a violência contra a violência e deixar que inocentes morram, atingidos por “balas perdidas”.


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Por José Prates - 12/2/2014 09:20:10
A Imprensa montesclarense e seus construtores

José Prates


Até 1951, não podíamos dizer que existisse uma imprensa de fato, em Montes Claros. Existia, pelo esforço e dedicação do velho jornalista Jair de Oliveira, a Gazeta do Norte um hebdomadário que publicava alem da publicidade, artigos assinados pelos intelectuais e políticos da cidade como Dr Plínio Ribeiro, Simeão Ribeiro e outros. Em setembro de 51 nasceu O Jornal de Montes Claros por iniciativa de Jose Monteiro Fonseca, Inspetor Federal do Ensino e antigo colaborador da Gazeta, com o patrocínio do Capitão Enéas Mineiro de Souza recém eleito Prefeito Municipal. O primeiro numero saiu nos mesmos moldes da Gazeta. Foram seis páginas com publicidades e artigos dos costumeiros colaboradores. Eu estava recém casado com uma montesclarense e chegava de Belo Horizonte de onde fui removido a pedido, quando conheci o O JORNAL DE MONTES CLAROS em sua primeira edição.
A impressão pareceu-me ótima e a feitura também. Faltavam notícias, reportagens, coisas de jornal, que não tinha. Apenas crônicas, artigos assinados e publicidade local. Nessa ocasião eu já estava acostumado a jornais porque durante o tempo em que estive residindo em Belo Horizonte, servindo ao Exército, colaborava com FOLHA DE MINAS em reportagens de rua, o que fazia como “amador” usando pseudônimo, sem vinculo empregatício. Com isso acostumei-me ao jornalismo e já havia planos para meu emprego quando deixasse o Exercito o que não aconteceu porque fui nomeado para a Central do Brasil, lotado em Montes Claros, onde estava de casamento marcado com uma montesclarense.
Quando vi o JMC com aquele feitio, estranhei. Resolvi falar com o responsável que era o Sr Zezinho Fonseca. Ele ouviu-me e ficou admirado do meu interesse pelo jornal. Disse-me, porem, que não tinha condições de manter um repórter de rua porque não havia noticias que justificasse isso, nem condições de trazer um jornalista de fora. Então, pra quê o jornal circulando? Perguntei. Ele não respondeu. O linotipista – não me lembro o nome – que veio do Rio acompanhando a linotipo, primeira de Montes Claros, estava ouvindo a nossa conversa. Saiu da linotipo e veio até nós para dizer a mim que fizesse uma reportagem sobre um fato de interesse do comércio. Ai, então, veriam a minha capacidade jornalística e o interesse do leitor. “Seu” Zezinho concordou.
Fiz, então, uma reportagem sobre o problema na Estrada de Ferro com o transporte das mercadorias para Moc e dos produtos de MOC pra BH e Rio principalmente vagões lotados de algodão e milho. Fiz a reportagem entrevistando os atacadistas e um colega em BH, a meu pedido, verificou as causas das dificuldades no transporte por um problema verificado em Corinto, devido a um defeito na malha ferroviária da estação. A reportagem foi publicada como manchete. Foi um sucesso. Daí, então, o jornal tomou outro rumo, o rumo certo do jornalismo. De manhã, já eram vistas na rua, pessoas, lendo o jornal.
O JMC tornou-se “o mais lido” e continuo com seu sistema. Com a cotinuação, ficou difícil para um repórter, no caso, eu, fazer tudo sozinho. Na redação era, apenas, eu. Na gráfica estavam o Meira e Andrezzo e na expedição Dona Maria. Isso até 1954 quando o saudoso Doutor Oswaldo Antunes assumiu a direção. Ainda fiquei sozinho algum tempo, mas, não demorou e chegaram Wanderlino Arruda, jovem saindo da adolescência, entusiasta do jornalismo; depois chegou Waldir Sena. Jovens, estudantes do ginásio que queriam ser jornalistas. Foi o inicio do caminho que percorreram com sucesso. Hoje, estão ai para gloria de Montes Claros. Doutor Oswaldo cumpriu sua missão e foi embora, mas, nos deixou um grande legado a imprensa montesclarense.

(José Prates, 87 anos, é jornalista e Oficial da Marinha Mercante. Atualmente, é um dos diretores do Sindicato da Classe)


76936
Por José Prates - 2/2/2014 11:07:03
A VIOLENCIA URBANA
JOSE PRATES

Dificilmente podemos entender a violência que está presente em todos os lugares do mundo, como se o homem tivesse arrancado de si o sentimento do amor, porque em amor, ninguém fala mais. O homem voltou às cavernas onde o interesse próprio fala mais alto fazendo desaparecer o direito do outro. Não existe mais aquele sentimento de fraternidade que sempre estava envolto no amor ao próximo. Acabou porque o progresso tecnológico com o avanço da ciência, fez desaparecer do homem a crença em Deus, que é amor. O egocentrismo tornou-se evidente ao passo que foi avançando o domínio dos interesses materiais no cotidiano da vida sem Deus. O que existe hoje em qualquer lugar, é isto que est´ai no mundo inteiro: a banalização da vida que pode ser tirada a troco de nada.
A violência urbana tomou conta dos grandes centros, fazendo a paz desaparecer das metrópoles. As cidades do interior dos Estados, ao passo que vão se desenvolvendo economicamente, a violência vae chegando para expulsar o sentimento de fraternidade que sempre existiu nas pequenas e mesmo grandes localidades como Montes Claros, por exemplo. A imprensa montesclarense, nos últimos meses, nos tem trazido notícias da violência que se avoluma na cidade, agora com assassinatos quase diariamente, o que nos assusta porque nunca podíamos imaginar que a nossa pacata cidade cantada na poesia de Candido Canela, na voz do seresteiro Nivaldo Maciel e contada nas crônicas poéticas de Ruth Tupinambá, chegasse a tal ponto na violência urbana, capaz de nos assustar. O desenvolvimento industrial chamou muita gente de fora, fazendo crescer a imigração em nível superior à oferta de emprego, aumentando, então, o número de desempregados entre os imigrantes que se concentram nas periferias. Nós sabemos que o desemprego; as aglomerações nas periferias das grandes cidades e a impunidade, entre outras, são as causas da violência urbana nos grandes centros. Não conhecemos os números, mas, é possível dizer que o desemprego atinge grande parcela da população montesclarense porque hoje, isto é comum no Brasil inteiro. O que acontece dede muito tempo passado, hoje em menor escala, sul e sudoeste do país é a imigração em busca de trabalho, de pessoas de outras regiões do Estado e até do país, fixando-se na periferia, criando núcleos residenciais com a inevitável promiscuidade gerando a violência que se espalhando.
Entretanto, não se pode jogar no imigrante, só nele, a causa da violência porque outras existem, até mais fortes, como a impunidade que todo mundo vê em alguns setores de uma sociedade imunizada contra a miséria, a fome e o desemprego que existe num Estado ineficiente em assistência social, principalmente no setor de saúde, sem programas de política pública de segurança, contribuindo muito para aumentar nos pobres excluídos, a sensação de insegurança e injustiça criando revolta e, conseqüentemente, a revide quase sempre inconsciente, fazendo nascer a violência que se espalha. Outros fatores, também, colaboram para aumentar a insegurança do cidadão nos grandes centros, como a urbanização acelerada atraindo mais e mais pessoas para áreas recém urbanizadas, contribuindo para um crescimento desordenado e desorganizado do lugar, criando fortes aspirações de consumo, frustradas pela falta de emprego. Mas, não é de agora que isto acontece em nosso país. A violência, em seus mais variados aspectos, está no Brasil desde a sua descoberta e ninguém pode ignorar isto. Em seus mais variados contornos, é um fenômeno na constituição da sociedade brasileira. Está na história. A escravidão foi a mais alta violência contra a mão de obra africana; a colonização mercantilista; o coronelismo escravagista; negar às mulheres o direito de estudar; as oligarquias que se formaram antes e depois da independência e a segregação racial que consideramos a maior de todas as violências contra o ser humano. Acreditamos que por isto, o poder público brasileiro não aprendeu a combater a violência, mostrando-se incapaz de enfrentar essa calamidade social que cresce a cada dia.

(José Prates, 87 anos, é jornalista e Oficial da Marinha Mercante. Atualmente, é um dos diretores do Sindicato da Classe)











76885
Por José Prates - 24/1/2014 16:35:25
AINDA É TEMPO DE PEQUI

José Prates

Agora está chegando ao fim o tempo de pequi e esse tempo eu nunca esqueço porque o pequi alimentou-me na infância. Faz muito tempo que não o vejo nem sinto o seu sabor, não o esqueci, porém. Esquecê-lo é impossível para o filho do cerrado acostumado a ele desde que aprendeu a comer sozinho, roendo com cuidado a castanha envolta na polpa amarela de sabor sem igual. Quando era criança em Jacaraci, alto sertão baiano, gostava do “tempo de pequi” e saia de cesto na cabeça, cerrado adentro, junto com outros meninos, para apanhá-los debaixo da árvore carregada e aproveitava para apanhar, também, pitomba e jatobá que estavam na época. O pequizeiro é do tipo sertanejo: resistente e teimoso. Cresce e frutifica apesar da hostilidade da terra e dos homens. Enfrenta as intempéries e produz seus frutos que alimentam gente e animais que correm para os pés, atraídos pelo cheiro forte da fruta madura, caindo ao chão. O pequi, como o peixe dos rios, as aves do céu, os frutos silvestres, não tem dono: ninguém o plantou; ninguém o cultivou. É obra da natureza em socorro de quem não tem o que comer na pobreza do cerrado. Dono é quem foi lá e os catou no chão, à sombra do pequizeiro, enchendo o cesto e levando pra casa. Naquele tempo, não sei se, ainda, acontece hoje, quando o pequi começa a soltar-se dos galhos, caindo em baixo das arvores, o cerrado entra em clima de festa com dezenas, até centenas, de mulheres, homens e crianças de cestos na cabeça para colher os frutos que caíram de maduro, .
Além da polpa amarela do pequi, com seu sabor e aroma marcantes que agora tem uso diversificado na culinária, principalmente no norte de Minas e sudeste da Bahia, tem, também a castanha com a coloração branca e um gosto exótico que não sei a que comparar. Seu valor nutricional, segundo informações que obtivemos através de estudos que fizemos a respeito, com base nas pesquisas da bióloga Fátima Oliveira Bozza da Universidade Católica de Goiás que chegou à conclusão de que essa castanha é rica em zinco e iodo, alem de conter cálcio ferro e manganês. Explica, ainda, a bióloga Fátima que o aproveitamento da castanha do pequi é posterior ao uso da polpa. Ou seja, depois de retirar a polpa amarela que cobre a castanha, em vez de joga-la fora, no lixo, deve ser aberta e retida a massa branca que ali está e usá-la como alimento. "Pode-se usar o pequi das formas tradicionais, cozinhá-lo no meio do arroz ou do frango, e depois aproveitar sua castanha em outras receitas de alimentação”. O que se deve fazer, seguindo a orientação da pesquisadora, é não jogar fora a castanha depois de cozida e usada, mas, retirar a massa de grande poder Precisamos é de criar esse novo hábito: em vez de jogar os caroços fora, reaproveitá-los. Eu me lembro que deixávamos o caroço secar ao sol para depois abri-lo e tirar a castanha. A crença era de que evitava a gripe o que é confirmado pela pesquisa da bióloga.
Na opinião da pesquisadora, e eu como muita gente concorda, é que o maior entrave ao aproveitamento da castanha do pequi é a desinformação. "Jogamos fora um alimento de alto valor nutricional e que tem grande potencial de comercialização", afirma. Segundo ela, na Bahia os pequenos agricultores e os extrativistas já estão comercializando a castanha do pequi mas somente mas somente em feiras e outros locais de comercio informal, faltando, portanto, um aproveitamento industrial.
Um pequizeiro pode produzir até mil frutos que vão amadurecendo devagar e caindo para alegria do povo e dos animais. Quem chega mais cedo, tem mais vantagem, colhendo mais frutos de um só pequizeiro. Quando está chegando o fim da safra, muitos apanhadores chegam bem cedinho, antes dos outros para garantirem o abastecimento. Usam inclusive de artifício. Na minha infância, conheci um homem, que se chamava Manoel e era mais conhecido por Manézinho de Lola; morava nos arrabaldes da cidade, não me lembro bem; vendia pequi no mercado. Diziam que ele no final da safra, para amedrontar os catadores do fruto, imitava as pegadas de uma onça nas proximidades dos pequizeiros, afugentando quem cegasse. Uma vez eu lhe perguntei se era verdade que fazia isto. Ele negou dizendo que as pegadas eram verdadeiras, de sussuarana que vivia no cerrado e ficava ali, na espreita de sua presas, como, também, para afugentar os catadores de pequi.

(José Prates, 87 anos, é jornalista e Oficial da Marinha Mercante. Atualmente, é um dos diretores do Sindicato da Classe)


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Por José Prates - 20/1/2014 11:39:16
“A CHUVA UMEDECENDO O ASFALTO”

José Prates

“Ontem, à noitinha, chegou a pingar em Montes Claros, umedecendo o asfalto” é o que nos informa uma pequena nota, neste jornal. Nada demais, nada estranho na frase, para a Montes Claros de hoje, com todo mundo acostumado à cidade grande com ruas asfaltadas. Pra mim, porém, chuva “umedecendo o asfalto” em Montes Claros é coisa estranha porque no tempo em que vivi ali, rua asfaltada não havia nem em sonho. O que existia e muita gente do meu tempo, ainda se lembra, são as ruas mal caçadas com pedras irregulares como a Dr Santos, no centro, uma rua principal, cuja poeira avermelhada, levantada na passagem dos carros, invadia as residências, empoeirando tudo, deixando a dona de casa, o dia inteiro, de espanador na mão, limpando os móveis.
Entrava Prefeito e saia Prefeito, mas, ninguém falava em calçamento. As prioridades eram outras mais importantes, como diziam os mandatários com assento na Câmara Municipal e altos cargos na Prefeitura. As Praças, como a Cel Ribeiro onde estava o melhor Cinema da cidade, era só terra; a Praça do Grupo Gonçalves Chaves com um Cruzeiro no centro para onde “peregrinos” levavam pedras carregadas na cabeça, como “penitência pra Deus mandar chuva pra terra”. Quando chovia, ficava intransitável, transformada num grande lamaçal. Havia sempre um problema que impedia a pavimentação das ruas: uma hora era a falta de recursos; outra hora eram as dificuldades com aquisição do material e nunca chegavam a uma conclusão.
Em 1951 o Capitão Eneas Mineiro de Souza, um empresário de grande poder econômico, pernambucano de nascimento, foi eleito Prefeito. Logo que tomou posse, organizou uma comissão que percorreu as ruas da cidade, constatando o estado deplorável que elas se encontravam. Quase todas em terra batida, esburacada sem rede de esgoto. No seu relatório propuseram, então, a pavimentação dessas ruas com prioridade para as ruas centrais. O Capitão aceitou a proposta. Foi informado por um membro da comissão que esteve, há pouco, no Rio, de que ali, estava havendo a pavimentação da área do Cais do Posto, utilizando um novo tipo de calçamento, substituindo o conhecido paralelepípedo e o asfalto por bloquetes de cimento. Mandou então, que essa comissão viesse ao Rio para verificar se essa pavimentação seria possível em Moc. Chegando aqui, procuraram o órgão responsável pela pavimentação, obtendo informações sobre a empresa contratada para a obra que procurada pela comissão, informou-lhe com detalhes técnicos e financeiros sobre todos os procedimentos para o novo tipo de pavimentação, o que transmitiram ao Capitão que, de imediato, convocou o Departamento de Obras da Prefeitura a quem deu a ordem de providenciar os meios para o inicio do calçamento com “bloquetes” de cimento, mais barato e mais rápido que os paralelepípedos. Em setembro de 1951 depois de contratada a empresa, foi instalada a fábrica de bloquetes, parece-me que no Alto de São João, iniciando, então, a pavimentação, começando pela rua Dr Santos. Dois meses depois, com todo o centro pavimentado, começa a instalação dos sinais de transito com guardas nos cruzamentos. O Jornal de Montes Claros, recém criado, dizia: “A cidade com suas ruas pavimentadas, sinais de trânsito e guardas nos cruzamentos, toma aspecto de capital” e, realmente, parecia outra cidade. Esse progresso que começou com o Capitao Eneas, não parou. Os administradores que vieram depois deram continuidade à modernização da cidade e o que ontem era impossível acontecer, hoje o montesclarino vê como coisa comum, normal: a chuva molhando o asfalto.

(José Prates, 87 anos, é jornalista e Oficial da Marinha Mercante. Atualmente, é um dos diretores do Sindicato da Classe)


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Por José Prates - 6/1/2014 08:11:28
A VIOLENCIA ESPALHOU

José Prates

Quando estávamos nos anos quarenta, cinqüenta, naquela mansidão do sertão mineiro, ninguém imaginava que um dia fossemos conhecer e viver em meio à violência de todos os tipos que banalizou a vida humana em quase todo o país. As quadrilhas que, hoje, atacam em assaltos aos bancos e residências são formadas por jovens, na maioria de origem humilde, sem qualificação para o trabalho, que buscam nos assaltos, não especificamente as condições de sobrevivência alimentar para si e sua família, mas, e principalmente, os meios que lhes coloquem iguais aos “ricos”, no traje e “financeiramente”, por se sentirem agredidos e inferiorizados como pobres. Esta é uma das causas da violência urbana que perturba a paz da sociedade. Porém, outras causas existem. No caso da violência urbana, é fácil concluir que a principal causa é o próprio espaço urbano. Nas grandes, médias ou pequenas cidades em quase todo o país, a presença do poder público nos subúrbios chamados de periferia em que a infra-estrutura urbana de equipamentos e serviços é precária ou inexistente, há baixa oferta de postos de trabalho, como, também, nota-se a ausência total do poder público, o que facilita a instalação do crime, arrastando para ele uma juventude sem qualificação para o trabalho normal.
Devemos ter em mente que esses fatores apresentados aqui não são exclusivos do Brasil, mas, existem em vários outros países, principalmente da América Latina, logicamente em intensidade diferente. Depois de estudar todas as situações aqui e em outros países, chega-se à conclusão de que não é a pobreza responsável pela violência, como muitos afirmam. Damos como exemplo os Estados do Nordeste Brasileiro, pobres como são, mas, o índice de violência é bem inferior ao apresentado pelos Estados mais ricos, como São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, etc. Por outro lado, temos verificado pelo noticiário, núcleos de extrema pobreza, famílias vivendo com salário mínimo, muitos abaixo da linha de pobreza que não apresentam nenhum índice de violência. Ao contrário, apresentam sintomas de solidariedade com uns ajudando os outros. Chega-se, então, á conclusão de que a violênci a não tem a pobreza como motivação.
Está claro que os atos de violência são praticados por jovens oriundos de famílias sem estrutura que não deram aos filhos a educação adequada para sua formação, permitindo que pratiquem atos prejudiciais à própria sociedade. A desestruturação familiar não significa pobreza, mas, a maneira de construção do lar, geralmente, sem o principal ingrediente que é o amor, em muito caso substituído por interesses outros. Sem laços familiares fortes que lhe permitam uma educação conveniente, é grande a possibilidade de a criança, quando atingir a adolescência, bandear-se para o crime. Quase sempre, a família se desestrutura com a separação ou morte de um dos cônjuges ou então quando desaparece o amor conjugal, desaparecendo com isso, as condições de afeto e convivência no lar. Outro fator que leva o jovem à violência é a frustração quando encontra dificuldade no i ngresso ao mercado de trabalho, isso traz desilusão ao jovem tornando-o vulnerável à criminalidade. Na verdade, o desemprego, ou o subemprego, destroem os sonhos do jovem levando-o a pensar em outras formas de conseguir espaço na sociedade, de ser, enfim, reconhecido. Por tudo isso, que fica clara a responsabilidade dos pais com a formação dos filhos porque é nos pais que eles apóiam quando passam a sofrer as desilusões nas dificuldades para o primeiro emprego. Os pais devem estar preparados para essa grande missão.

(José Prates, 87 anos, é jornalista e Oficial da Marinha Mercante. Atualmente, é um dos diretores do Sindicato da Classe)


76733
Por José Prates - 5/1/2014 16:14:29
Recebi com tristeza a noticia do falecimento de Raio Christoff filho do Dr Konstantin e de Yede. Não o conheci em vida, mas, conheci o seu pai e o seu avô Dr Plinio Ribeiro de quem fui amigo. A yede e sua família apresento os meus pêsames e lhe afirmo que Raio está em nossas orações.


76712
Por José Prates - 30/12/2013 15:11:17
MONTES CLAROS NA MEMÓRIA

JOSE PRATES

Quando abrimos o montesclarosnotícias aqui na internet e nos colocamos a par do noticiário local, sentimos que não é a Montes Claros que temos na mente, na alma, no coração. Tudo mudou inclusive a disposição dos bairros. Onde era longe, ficou perto; onde era subúrbio virou centro. A cidade cresceu, estendeu-se pra um lado e pra outro; cresceu pra cima com arranha-céus, mas, a gente que nasceu e cresceu ali, é a mesma, sem tirar nem por. O pequi – agora é tempo - vai continuar na mesa e a farinha, também; feijão preto, só de vez em quando, na feijoada com fucim e orelha de porco. A cidade cresceu naturalmente porque o comercio cresceu e a industria chegou trazendo gente de fora, mas, o montesclarense natural não mudou. Outro dia, telefonei e a voz trazida ao fone, que me chegava ao ouvido, mostrava-me a nossa Montes Claros de povo alegre, falando devagar, num sotaque misto de baiano e mineiro. Somos na alma os mesmos montesclarenses de ontem, vivendo a Montes Claros que não morreu nem se modificou em nós. A Montes Claros de hoje, grande, modernizada, com arranha céus, resultado do desenvolvimento econômico que chegou, é vivida pelos jovens que alavancam o progresso. Nós, os velhos montesclarenses de cabelos brancos, não nos afastamos da Montes Claros de ontem que continua em nossa mente com toda sua beleza e seu jeito sertanejo. É a cidade do Dr Plinio Ribeiro, do Dr Mario Ribeiro, de Simeão, de Lafetá com suas lojas, de Leonel e sua boneca gigante percorrendo as ruas. Aquela cidade encantadora, menina moça, namoradinha do sertão, ainda está em nós, sem tirar nem por.
Não queremos dizer que somos diferentes da gente de hoje, nascida outro dia mesmo, que não sabe e talvez não faça questão de saber quem foi esse ou aquele que deu nome a este ou aquele logradouro, nem, tampouco, fazem questão de lembrar a Montes Claros jovem, de casas baixas, sem arranha-céus. Essa gente jovem nasceu e vive na Montes Claros de hoje e até estranham quando falamos no ontem. São montesclarenses que nos sucederam na nissão de fazer a cidade progredir e cumpriram a missão, muito bem, aliás. As imponentes torres da Catedral eram vistas de longe, anunciando aos viajantes a chegada à cidade Hoje, procuramos a catedral, numa foto da vista parcial da cidade e a encontramos escondida, encoberta pelos edifícios.. Fazer o que? Agradecer a Deus pelo grande progresso cultural e econômico que chegou à cidade.

(José Prates, 87 anos, é jornalista e Oficial da Marinha Mercante. Atualmente, é um dos diretores do Sindicato da Classe)


76671
Por José Prates - 22/12/2013 11:44:26
Está nascendo o Ano Novo, trazendo esperanças, enquanto vai embora o ano velho levando consigo os sonhos que não se tornaram realidades, desfazendo ilusões que nasceram iluminadas pela luz dos desejos. O novo ano aponta no horizonte do “hoje” trazendo esperanças. Esperanças alimentadas pelos sonhos que ressurgem a cada novo ano, mantendo vivas as ilusões que nos alimentam.
. O tempo passa. O ano que vai embora se coloca no passado; o ano que começa apresenta-se como o presente que deve ser vivido intensamente. É a esperança que não morre, estimulando a vida. O ano novo que vai começar é futuro que não nos é revelado embora possa ser deduzido pelos atos do presente. Por isso, o Apostolo Paulo nos recomendou: “Sabei tirar proveito do tempo presente”, enquanto o Filosofo Sócrates nos recomenda a “não se preocupar com o amanhã porque é incerto; esquecermos o ontem porque passou; vivermos intensamente o hoje porque é o tempo presente” Mas, o que é o tempo? É tudo que vem do “antes” para o “depois”, com o “agora” interpondo-se entre os dois. Então, vivendo o “agora” devemos analisar o que veio do “antes” para prepararmos as condições para o “depois”.que depende de nossas ações no presente.. Geralmente, o começo de um novo ano nos emociona porque vemos e sentimos a passagem do tempo em nossa vida. Mas, o que passa, o tempo ou a vida? Nossa vida sofre a ação do tempo, mas, vai além dele. Por isso é que devemos tirar proveito do tempo, como nos recomenda o apostolo Paulo..
Daqui a pouco, mais alguns dias, acaba o ano velho e tem inicio um ano novo fazendo emergir as esperanças que estão guardadas no recôndito da alma. Temos porem, que nos lembrar que não vivemos, apenas, de esperanças, mas, em luta constante pela sobrevivência condigna. Não podemos nos esquecer de que em todos os atos dessa luta buscando a felicidade, o amor deve estar presente como instrumento principal. O Apostolo Paulo nos diz que : "Ainda que eu fale a língua dos anjos e dos homens, se não tiver amor sou como um bronze que soa, perdendo-se no ar. Ainda que eu tenha fé, a ponto de transportar montanhas, se não tiver amor nada sou. Ainda que eu distribua todos os meus bens aos famintos, sem amor, nada me adianta” São três ingredientes que sempre devem estar presentes nas batalhas para a conquista de uma vida digna: obediência às leis divinas e humanas; amor ao próximo e respeito aos seus direitos legítimos. São estes os fundamentos que devem nortear as ações humanas. O amor é fundamental porque nele está o sentimento de irmandade, necessário ao relacionamento entre as pessoas.
José Prates


(José Prates, 87 anos, é jornalista e Oficial da Marinha Mercante. Atualmente, é um dos diretores do Sindicato da Classe)


76629
Por José Prates - 10/12/2013 17:38:28
A BELEZA DO NATAL

José Prates

O Natal está ai batendo às portas, querendo chegar. Quando chega, vem com festas e traz alegrias porque não é um dia comum, um simples feriado, mas, uma data que se nos apresenta não apenas como o hoje, mas, nos transporta para o passado, fazendo-nos reviver a infância inocente quando esperávamos Papai Noel com o presente dos nossos sonhos.. O tempo passou, o mundo mudou, o povo mudou, mas o Natal continua o mesmo, mostrando a mesma beleza, trazendo alegria às crianças que ainda esperam o Papai Noel trazendo-lhe o presente sonhado. As ruas enfeitadas e iluminadas, envoltas em melodia suaves, nos dizem que é Natal, seja lá onde estivermos nesse mundo de Deus, porque o sentimento é o mesmo, a data é universal, é do mundo todo, A saudação “Feliz Natal” soa como um hino de amor, cantado a uma só voz no universo cristão, onde o sentimento de fraternidade alimentado pela fé em Christo Jesus, está presente em cada cristão, alimentando o amor ao próximo.
. Tempo bom, aquele. Era um tempo em que a fé existia na humanidade. No Natal, em todas as residências havia um presépio, cada um mais bonito que o outro. À noite, a criançada, acompanhada dos pais, saia para visitá-los. Havia, também, as pastorinhas, meninas com trajes típicos, saiam pelas ruas cantando hinos de louvor, enquanto atrás, vinham os meninos soltando fogos. Geralmente, na casa onde o presépio era visitado pelas pastorinhas, a dona as recebia em clima de festa, com comes e bebes, fazendo a alegria da garotada. Depois das pastorinhas, mais tarde, vinham os “reiseiros”, um grupo de rapazes, também, em trajes típicos, cantando os hinos da “reisada” acompanhados por violas, gaitas e tambores. Iam às casas que lhes convidassem e ali faziam festa com danças e cantorias. Depois, iam à mesa farta em guloseimas sempre regadas a sucos e refrigerantes. Fico, então, imaginando e pergunto a mim mesmo? Por que tudo mudou ou a tudo mudaram, fazendo desaparecer tanta beleza folclórica? É obra do tempo que responde por todas as modificações na vida e no comportamento social do povo, criando novos conceitos e implantando modificações que alteram as crenças e os costumes. Por isso, toda beleza nas comemorações do Natal é coisa do passado, residindo, apenas, na memória dos poucos que a elas assistiram. Hoje, tudo é comercio e mais nada..

(José Prates, 87 anos, é jornalista e Oficial da Marinha Mercante. Atualmente, é um dos diretores do Sindicato da Classe)


76590
Por José Prates - 2/12/2013 09:04:59
O “CHINELÃO” QUE JOGARAM FORA

José Prates

Sinceramente, eu lamento dizer que não vi, por isso não conheci o “chinelão”, obra do Dr. Konstatin homenageando o tropeiro, aquele homem abnegado que cortava o sertão sem estradas, conduzindo sua tropa carregada de mercadorias, de um lugar para o outro. Era o Brasil sem estradas em que somente o animal de carga era empregado no transporte que hoje é feito pelos caminhões, pela Estrada de Ferro ou pelos navios. Muito antes das estradas de ferro de norte a sul, antes das rodovias pavimentadas cortando o país, quando nem se falava em transportes ferroviários ou rodoviários, o transporte de mercadorias do produtor ao consumidor, no interior do país onde não havia alternativas de navegação marítima ou fluvial, era feito por tropeiros, em lombo de burros que formavam uma tropa. As regiões interioranas, distantes do litoral, como os sertões, principalmente no nordeste, dependeram durante muito tempo desse sistema de transporte por burros e mulas. Os tropeiros existiam desde o final do século XVII, quando os garimpos mineiros exigiam a formação de grupos de mercadores no comércio interiorano para negociar o produto das minas e fornecer alimentos e mão de obra. Como nos conta a história, ai começou a formação de tropa, sendo os condutores chamados de homens do caminho ou viandantes. Com a freqüência de tropas nas estradas, os seus condutores passaram a ser conhecidos como tropeiros. Naquela ocasião, essa tropa passou a ser empregada no transporte em geral. Além das ferramentas para os mineiros, transportavam gêneros de primeira necessidade e, também, açúcar mascavo, aguardente, vinagre, vinho, azeite, bacalhau, peixe seco, queijo, manteiga, biscoito, farinha, gengibre, sabão, fruta seca, chouriço, salame, tecido, carne seca, algodão, sal, etc. A maioria desses abnegados trabalhadores, não se limitava ao serviço de transporte, usando sua tropa. Alguns deles faziam-se comerciantes comprando e vendendo de tudo um pouco, como ferramentas, vestimentas, alimentos, inclusive escravos, o que dava a eles maior importância no cenário comercial que surgia no país.
O tropeiro estava intimamente relacionado ao ir-e-vir pelos caminhos e estradas, algumas abertas por eles próprios. Entre essas estradas que foram muito percorridas por tropas conduzidas por tropeiros, destaca-se a Estrada Real, via pela qual o ouro mineiro chegou ao porto do Rio de Janeiro de onde seguia para Portugal. De maneira, talvez, inconsciente, o tropeiro teve um grande desempenho na formação da economia nacional porque permitia a atividade normal e crescente do comércio em quase todo território nacional. Diz a história que quando uma tropa chegava a um lugar era recebida com alegria pela população porque trazia toda espécie de mercadoria para abastecer o comercio local. O constante movimento, o ir-e-vir das tropas, não só viabilizou o sistema comercial que se instalava com a abertura de lojas varejistas e atacadistas como, também, de “botequins” que eram supridos de mercadorias transportadas pelos tropeiros que passaram a ter uma grande importância para os habitantes dos lugares onde chegavam com suas mercadorias. Daí, então, a importância do “chinelão” na bela homenagem a esses abnegados trabalhadores. Esse “Chinelão” jogaram fora. Só nos resta, então, é pedir a Deus: perdoe-lhes Senhor, eles não sabem o que fizeram.

(José Prates, 87 anos, é jornalista e Oficial da Marinha Mercante. Atualmente, é um dos diretores do Sindicato da Classe)


76574
Por José Prates - 29/11/2013 15:57:19
Nas últimas décadas, pelo desenvolvimento industrial que se verificou no país, o Brasil vem sofrendo incessantes mudanças econômicas e políticas que refletem na sua estrutura social, atingindo o habitante idoso que por motivos decorrentes da própria idade, é colocado à margem desse desenvolvimento com desrespeito pelos poderes públicos, dos instrumentos legais que lhe protege. Recente estatística do Ministério da Saúde mostrou que atualmente, o país possui um contingente de vinte e um milhões de idosos, com previsão de que esse volume venha chegar a 32 milhões em 2050, igualando ao percentual de crianças de 0 a 14 anos. Esses dados são extremamente relevantes porque o aumento da população com idade superior a 60 anos ensejará, com a máxima urgência, a implementação de políticas que, efetivamente, dêem concretude aos direitos dos idosos. No Brasil, tais direitos estão consagrados na Constituição Federal de 1988, na Lei Orgânica de Assistência Social, na Política Nacional do Idoso, no Estatuto do Idoso e no Código Civil Brasileiro que, quase sempre, são ignorados.
Apesar dos esforços legislativos e o aparente interesse social, a realidade mostra que, não raro, muitos pais idosos são abandonados pelos próprios filhos que lhes negam prestar assistência material e, especialmente, assistência afetiva. Regada pela indiferença dos filhos e o desprezo de parte da sociedade, nasce no idoso a dificuldade de suportar a própria velhice com as suas limitações e angústias e, talvez, a mesma dificuldade de se pensar no futuro, preferindo viver o hoje, sem se preocupar com o amanhã, pelas incertezas que a idade lhe traz. É preferível pensar na morte como alivio para todas as dores. Como se não bastasse toda a série de agravantes físicos, que restringem muito, ou até mesmo negam uma existência confortável ao idoso, é muito comum as sociedades, famílias, abandonarem seus velhos à própria sorte, quase sempre em asilos ou abrigos em condições precárias de subsistência e sobrevivência.
A Constituição Federal consagra o princípio da dignidade da pessoa humana, que deve nortear, inclusive, as relações familiares. A família, de fato, é o núcleo da sociedade e é a responsável pelo desenvolvimento do indivíduo. A entidade familiar não tem somente o papel reprodutivo, mas também é fonte de afeto e solidariedade, atributos que ultrapassam os meros laços sanguíneos. A regra constitucional prevista no art. 229 é objetiva: estabelece que assim como os pais têm o dever de cuidar dos filhos enquanto menores, os filhos maiores devem amparar os pais na sua velhice, o que geralmente não ocorre. Em muitos casos, não raros, os velhos pais é que amparam os filhos que não se preparam para a vida futura. O que hoje acontece, demonstra que o abandono material e afetivo dos pais pelos filhos enseja a responsabilização civil que esses filhos e a própria sociedade procuram desconhecer e o poder público nada faz para lembrar-lhes.

(José Prates, 87 anos, é jornalista e Oficial da Marinha Mercante. Atualmente, é um dos diretores do Sindicato da Classe)


76529
Por José Prates - 24/11/2013 16:36:39
O BARULHO É O GRITO DE VITÓRIA DO ARRAIAL QUE CHEGOU A METROPOLE

José Prates

Quando abrimos este Mural para tomarmos conhecimento das notícias do Norte de Minas, quase sempre deparamos com reclamações populares sobre o barulho que dizem perturbador, neste ou naquele logradouro de Montes Claros. Antes era o chamado triangulo da impunidade de que ninguém falou mais. Parece-nos que os barulheiros que agiam ali, mudaram-se para outros lugares, já que as reclamações não cessaram dando a entender que o barulho continua incomodando algumas pessoas, o que até certo ponto, podemos considerar como normal numa cidade grande. Se não existe barulho; se as ruas são tranqüilas e silenciosas não existe movimento, uma característica de cidade pequena, sem grandes atividades, o que não é o caso da Montes Claros de hoje. Impedir o barulho causado pelo vai e vem de carros em ruas estreitas como são as do centro da cidade, não compete a nenhuma autoridade publica não lhes cabendo, portanto, atender aos reclamantes. O baralho é o resultado natural do movimento que aumentou com o desenvolvimento e progresso da cidade que, sem condições de qualquer modificação, continuam com ruas estreitas no centro, onde todo movimento é concentrado. Nas granes cidades como São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, etc. o barulho que é muito maior que em Moc, não há reclamações porque o habitante bloqueia a entrada do barulho, com protetores acústicos o que tranquilamente pode ser feito, também, pelo habitante montesclarense, resolvendo o problema que é natural nos grandes centros.
Quem vive em Montes Claros dos anos cinqüenta até hoje, obviamente sente o incomodo da cidade grande porque preso ao passado, não se acostumou às modificações que o progresso traz. Quem não se lembra a cidade líder do sertão mineiro, maior da região, com seu comércio intenso, servindo em tudo a toda região, como educação, saúde, eletrodomésticos, vestuários. Em tudo era Montes Claros que atendia. Não era, porem, como hoje, esse fervilhar de carros nas ruas que não conheciam esse movimento. Nós, ainda, nos lembramos quando instalaram os sinais de transito. Foi em 1953, eu acho. Foi uma grande novidade. O guarda ficava ali, em pé, esperando um carro passar. O transito maior era de bicicletas que não obedeciam nenhum sinal. Era a Montes Claros poética, sertaneja bela que crescia e progredia desde que nasceu. Hoje é metrópole, mas, muitos ainda a vê como a inocente princesa do sertão. O tempo passou, a cidade desenvolveu-se a custa do progresso, a inocência foi embora. Hoje é a cidade metrópole, a capital do sertão líder da região que abrange até o sudoeste da Bahia. O barulho que faz e que a alguns incomoda, é o grito do progresso nas ruas cheias de povo. Não é para reclamarem, mas, para sentirem-se felizes porque o barulho é o grito de vitoria da cidade que saiu do Arraial das Formigas e chegou à condição de metrópole, líder em educação, saúde, comercio e industria de todo o sertão mineiro e baiano.

(José Prates, 87 anos, é jornalista e Oficial da Marinha Mercante. Atualmente, é um dos diretores do Sindicato da Classe)


76488
Por José Prates - 18/11/2013 16:19:02
"O ar de Montes Claros denuncia a chegada da safra de pequi." Disse Alberto Sena, deixando-me com água na boca. Será que existe uma alma caridosa pra me mandar uns carolos?


76482
Por José Prates - 18/11/2013 08:17:43
O FUTURO DAS CRIANÇAS

José Prates

Quando dizemos que a violência aumentou no mundo, não nos referimos simplesmente às agressões físicas nem a outros crimes como roubos, etc. mas, também, a maneira errada de criar e conduzir uma criança na sua preparação para a vida que, em muitos casos, é um verdadeiro crime. Vemos em todo o país e em grande parte do mundo, crianças, mesmo antes da adolescência, sendo colocado no trabalho, na maioria dos casos como suprimento da renda familiar. Um relatório publicado esta semana pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), por exemplo, destaca o amplo uso do trabalho infantil em ambientes domésticos fora do lar. Estima-se que no mundo 10,5 milhões de crianças trabalhadoras, quase a metade com menos de 14 anos, são usadas para o trabalho doméstico, Isto cria uma situação que a própria criança acostumada ao trabalho, torna-se altamente dependente de seus empregadores para as suas necessidades básicas. Essa condição a que chegam, pode lhes tornar particularmente vulneráveis, podendo resultar em violência física, psicológica e sexual. Mesmo assim, o que se vê em muitas famílias, são os próprios pais enviando seus filhos para trabalhar na casa de alguém que não conhecem, onde essas crianças podem ficar expostas a condições de trabalho humilhantes sem qualquer oportunidade educacional. Este é um caso de violência contra a criança que pouca gente enxerga.
Ninguém desconhece que o trabalho infantil é um dos grandes problemas sociais existentes no Brasil, mas, não existe, pelo menos visível, um empenho da sociedade ou das autoridades responsáveis em acabar com o uso da mão de obra infantil no trabalho, principalmente fora do lar. O que se vê e está comprovado pelas estatísticas que são ignoradas, é uma multidão de cinco milhões de jovens entre 10 e 17 anos de idade que trabalha, apesar da legislação vigente estabelecer a idade de 16 anos como o mínimo para ingresso no mercado de trabalho na condição de aprendiz. Na última década, o governo brasileiro ratificou convenções internacionais sobre o assunto e o combate ao trabalho infantil se tornou prioridade na agenda nacional. Mesmo assim, continua a crescer principalmente no nordeste. Em 2008, o que mais concentrou o trabalho infantil foi o estado da Bahia com 10% do total das crianças em atividade no país, e 45% dos casos registrados no Nordeste. Depois da Bahia, os estados que tiveram números preocupantes foram Maranhão e Piauí. Nesses estados, a cada 100 crianças, 17 trabalhavam como empregados, fora do lar.. . Por outro lado, é necessário que a sociedade participe quebrando a cultura do trabalho infantil, ajudando a denunciar, sempre que for detectado uma situação de exploração do trabalho infantil, o denunciante deve procurar o conselho tutelar ou o Ministério Público do Trabalho. O silencio da sociedade é uma aceitação do que ocorre com as crianças de hoje que têm necessidade de uma preparação adequada para o amanhã. O que dizem, pricipalmente no nordeste, é que as crianças trabalham “para ajudar os pais na manutenção da família” o que não é correto, pois, na maioria dos casos, o estudo é esquecido e o analfabetismo toma conta, inviabilizando um futuro promissor para esses meninos. A responsabilidade é da sociedade, é nossa, portanto.

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Fontes:
http://www.fomezero.gov.br/noticias/nordeste-lidera-trabalho-infantil
http://www.educacional.com.br/reportagens/criancasdobrasil/trabalho_infantil_

(José Prates, 87 anos, é jornalista e Oficial da Marinha Mercante. Atualmente, é um dos diretores do Sindicato da Classe)


76455
Por José Prates - 13/11/2013 08:52:19
DE ARRAIAL DAS FORMIGAS AOS MONTES CLAROS

José Prates

Montes Claros modernizou-se e tudo mudou em sua vida, sem deixar, porem, o jeito gostoso do sertão. A população que aumenta a passos largos com a chegada de mais e mais gente a cada dia, atraída pelo progresso, exige moradias, mas, ao que se nos afigura, a cidade não tem como atender de imediato. Ao que nos parece, não há espaço para um crescimento horizontal que é bem aceito nessas bandas. O crescimento vertical que, agora, está havendo não é bem aceito porque muda a fisionomia da cidade. Hoje, as suntuosas torres da Catedral, antigo cartão de visitas da cidade, que eram vistas de longe ao ingressarmos na cidade, agora, coitadas, desapareceram engolidas pelos arranha-céus. Antes desse rebuliço de crescimento populacional, a cidade já era grande, com casas baixas e espaçosas, fachadas enfeitadas, bonitas segundo a arquitetura da época. Uma casa ocupava quase meio quarteirão. Ninguém falava em arranha-céus que era coisa de Capital. No máximo, quatro andares que já era muita altura. Isto tomou muito espaço que hoje faz falta e começa a desagradável necessidade da demolição desses palacetes para conseguir terreno para a construção de edifícios que a cidade atual está pedindo, mas, muita gente saudosista ou conservadora não concorda como vemos no que é publicado aqui. Um exemplo disto é a significativa mensagem 76388 de Olimpo, data de 1/11, nos informando que “ Mais uma casa significativa para a história de Montes Claros deixou de existir. Hoje, foi ao chão, derrubada e reduzida a escombros, a bela e original moradia da família Pimenta, sobrinhos do primeiro bispo de Montes Claros, dom João Antônio Pimenta. Família originária de Capelinha, cidade além da histórica Diamantina. Lá na casa hoje finada, morou, entre outros, o padre Paulo Emílio Pimenta, capelão do Colégio Imaculada. Ficava na rua de Dom Pedro II, entre Dr. Veloso e Camilo Prates” Não era um prédio histórico nem, por qualquer motivo, tombado pelo patrimônio, mas, houve reação popular quando foi demolido porque fazia parte do embelezamento da rua.
Montes Claros nasceu com vocação progressista e de liderança. Ainda arraial das Formigas no distante ano de 1768 já liderava a região, talvez, pelas intenções da Expedição Espinosa - Navarro, composta por 12 homens determinados, espanhóis e portugueses, que foi a primeira a pisar as vastas terras da Região do Norte de Minas com intenções de progresso e essa intenção contaminou a região que aceitou sua condução ao desenvolvimento progressista, cujo resultado vemos em Montes Claros. O longo caminho do progresso começou mesmo na “picada” aberta no mato inculto que nunca tinha sido pisado por gente civilizada. A “picada” virou estrada e a estrada foi longe buscar a civilização. Não passou muito tempo, não. Em 1831, sessenta anos depois, o longo caminho do progresso foi percorrido e o arraial chegou à Vila de Montes Claros, sem querer parar porque a ânsia do desenvolvimento estava presente fazendo o progresso andar pra frente. O montesclarense já era homem feito e trazia a herança de progressista. A vontade de crescer, de progredir que até hoje existe, é de nascença. E, por isso, foi de Vila a Cidade em 26 anos e não parou de crescer porque a vocação continua. Está ai até hoje. Basta ver em que se transformou o Arraial das Formigas de que se orgulha o montesclarino

(José Prates, 87 anos, é jornalista e Oficial da Marinha Mercante. Atualmente, é um dos diretores do Sindicato da Classe)


76400
Por José Prates - 3/11/2013 12:02:29
DE GAMELEIRA A JANAUBA

José Prates

Às vezes, uma palavra, uma pequena frase ou até mesmo um pequeno objeto nos traz à mente lugares em que vivemos ou nos relembram acontecimentos em que tenhamos sido envolvidos, nos fazendo voltar ao passado. Agora mesmo, aqui no Mural, a mensagem 16362 de Bruno Stinkie, despertou-nos a lembrança fazendo-nos regressar no tempo, e buscar Janaúba no seu começo de vida, quando era, simplesmente, Gameleira banhada pelo rio Gorutuba, lugar pequeno com vontade de crescer. Pois cresceu e graças à estrada de ferro que chegou a seu solo, mudou de nome e virou Janaúba, como foi escolhido pelo Dr. Rocchert, o Engenheiro Chefe da Comissão de Construção da Estrada de Ferro. Hoje, Dr. Roquert é o nome da principal praça da cidade, homenagem, aliás, justa. Pois, bem. Em 1943 quando a ponta de trilhos chegou e inaugurou a estação ferroviária, Gameleira em toda sua extensão, passou a chamar-se Janaúba porque a estação foi assim balizada com a esperança de ser grande porque essa disposição nasceu com ela, naturalmente, graças aos primeiros habitantes que lutaram bravamente pelo seu progresso. Obviamente, nasceu pequena, humilde, engatinhando nos dormentes da estrada, cheia de vontade de crescer. Hoje, está aí a cidade que ninguém do passado acreditava que chegasse aonde chegou: a segunda mais importante do Norte de Minas. Benza-te Deus!..
A história do município e de seu desenvolvimento está intrinsecamente ligada a duas forças propulsoras que se fazem sempre presentes: a privilegiada localização geográfica, o pioneirismo e a capacidade empreendedora de seus habitantes ao longo de sucessivas gerações. Os primeiros habitantes, um povo cafuzo ou caboré, mescla de índios tapuias e quilombos, de negros que fugindo do cativeiro se estabeleceram no Vale do Gorutuba, tornando-se conhecidos como Gorutubanos. Em 1940, a “picada” aberta no traçado da estrada de ferro ligando o país de norte a sul, estava chegando àquele pequeno povoado que já possuía uma igrejinha dedicada ao Bom Jesus, erguida por iniciativa de Catulé, em 1939. Em 1941 com o progresso da construção da estrada de ferro, na chamada “esplanada” onde seria edificada a estação, começou a construção de casas humildes, tipo popular, e o escritório da Comissão de Construção, onde passou a trabalhar o pessoal encarregado da burocracia do grande empreendimento. Essa “esplanada” ficava a quase meio quilometro da pequena praça que veio a denominar-se Praça Doutor Roquert. O povoado Gameleira começou a crescer desde a chegada dos trilhos, graças ao movimento que lhe trouxe as obras de construção da estrada de ferro com a chegada de trabalhadores bem pagos, vindos de muitos lugares como, também, pelo trabalho dos habitantes antigos como Antonino Catulé, Américo Soares, Jacinto Mendes, Santos Mendes e Mozart Mendes Martins, que muito contribuíram para a formação e o progresso do povoado, estabelecendo-se nas imediações. Quando foi inaugurada a estação, o comércio abriu suas portas com a chegada de Moisés Bento Lacerda seguido por outros como Virgilio, Veraldino Conrado da Silva negociando e exportando algodão e milho; lojas de tecidos,etc foram sendo abertas e não demorou a transformação da praça num verdadeiro shoppimg. No dia primeiro de janeiro de 1949, reunidos no salão do Clube Esportivo, na Praça da Matriz, hoje Praça Dr Roquert, os habitantes mais importantes e mais o Intendente Municipal nomeado pelo Governador e os Deputados Federal José Esteves Rodrigues e Estadual Antonio Pimenta, lavraram e assinaram a ata de instalação do Município de Janaúba, desmembrado de Francisco Sá. Finda a cerimônia, lá fora, uma salva de 21 tiros saudou o novo município.

Orgulha-se a cidade de filhos e habitantes ilustres do passado a quem ela muito deve, como: Francisco Barbosa que por volta de 1872 chegava à região com esposa e filhos, fundando fazenda na terra de Caatinga Velha, levantando casa ao lado de frondosa gameleira, que deu nome à povoação. Mais tarde vieram Antunino Antunes da Silva (Antônio Catulé), Américo Soares de Oliveira, Santos Mendes, Jacinto Mendes, Mauricio Azevedo, Moisés Bento Lacerda, Veraldino Conrado da Silva, Odeton B. Cavalcante, Pericles de Oliveira, Antonio Brito.

(José Prates, 87 anos, é jornalista e Oficial da Marinha Mercante. Atualmente, é um dos diretores do Sindicato da Classe)


76345
Por José Prates - 27/10/2013 12:48:56
A TRANSFORMAÇÃO DE MONTES CLAROS

JOSÉ PRATES

Eu posso dizer com convicção que não conheço a Montes Claros de hoje, nem sei quais os costumes adotados agora, pela sociedade local. Conheci e ainda tenho na lembrança, a Montes Claros que me recebeu, ainda, na adolescência e em que vivi parte de minha vida; onde recebi como esposa uma montesclarense ou montesclarina, constituindo uma família abrigada num lar tipicamente montesclarense onde nasceram os nossos filhos. Não era essa cidade que ai, está. Era outra. Uma cidade grande porque nunca foi pequena. Já nasceu grande. Ainda arraial, era líder no comércio regional. Foi crescendo com a chegada de mais e mais gente que procurava emprego e negócio e não demorou muito, foi elevada a vila em outubro de 1831. A fama foi correndo atravessando territórios até chegar muito longe, atraindo muita gente. Ai, então, ninguém segurou mais. O tempo foi passando, mais pessoas foram chegando e a importância do lugar aumentando até tornar-se o centro comercial da região, o que lhe fez elevar-se à cidade em 1857. Não parou não. Entrou no século vinte com mais vontade de crescer e o esforço de Francisco Sá, filho da região, então Ministro da Viação e Obras Públicas, trouxe a estrada de ferro em 1926, final do Governo de Arthur Bernardes. A facilidade e rapidez do transporte ferroviário atraiu o migrante nordestino com destino a São Paulo. Até então, São Paulo, pela grande distancia, era o fim do mundo para o nordestino. Embora o considerassem o eldorado, poucos arriscavam-se a alcança-lo pela falta de transportes. Quem se dispunha a fazê-lo, antes de partir, confessava e comungava se despedindo da família e dos amigos como se fosse para outro mundo.
Com a estrada de ferro funcionando, o movimento foi sempre aumentando, o comércio foi crescendo, fazendo nascer uma grande rede de lojas de tecidos, de ferragens, de louças e, também, farmácias. Aos poucos, outras melhorias foram chegando e não demorou a cidade ser muito bem servido por uma rede bancária eficiente; eletrodomésticos, vestuários, etc. Industria, praticamente, não existia. Na educação, sempre foi referencia. Ginásios, colégios e Escolas Normal não faltavam, estavam à disposição da juventude não só montesclarense, mas, também, dos arredores. Na área de informação, tinha dois jornais com repórteres de rua publicando reportagens e uma emissora de rádio. Com tudo isto, era uma cidade tranqüila habitada por gente tranqüila. A insegurança que já existia nas grandes cidades, em Montes Claros era, apenas, notícia. Era uma cidade alegre numa terra pacifica. Era a cidade gostosa com jeito sertanejo. Transitar pelas ruas, sozinho, a qualquer hora do dia ou da noite, não havia qualquer problema, nem qualquer perigo. Era costume social o cumprimento quando as pessoas cruzavam-se nas ruas. Às vezes, até paravam para um abraço. Era essa a Montes Claros que nos adotou como filho, nos preparando para a vida; foi nessa Montes Claros tranqüila, sertaneja humilde, que nasceram meus filhos. Hoje é uma metrópole conhecid no país inteiro, mas, perdeu aquela beleza da inocência sertaneja, perdeu a poesia do sertão para envolver-se de corpe e alma na economia que lhe transformou. Com tudo isto, nós nos orgulhamos de seu progresso e dizemos sempre com prazer que somos monteslarenses

(José Prates, 87 anos, é jornalista e Oficial da Marinha Mercante. Atualmente, é um dos diretores do Sindicato da Classe)


76308
Por José Prates - 18/10/2013 11:47:28
É TEMPO DE PEQUI

José Prates

O mês de outubro está em curso e nos faz lembrar nosso tempo de criança em Jacarací, nossa terrinha, sertão baiano de sol gostoso e pouca chuva. Mês de outubro, tempo de pequi. Por causa dele, gostoso e procurado, quantas vezes, mesmo debaixo de sol, lá íamos nós com os pés descalços, cesto na cabeça, junto com a moçada, enveredar pelo cerrado adentro, correndo para os pequizeiros, apanhar o pequi maduro caído no chão, antes que o gado devorasse tudo. Não era trabalho. Era diversão, difícil de esquecer. Quem não se lembra? Só quem não viveu isto. O pequizeiro frondoso, carregado de frutos, era a segurança de alimentação de muita gente que pouca coisa, além disso, tinha pra comer. Era o alimento poderoso que muita gente disputava com o gado, debaixo da árvore onde o fruto se espalhava cobrindo o chão e todo mundo alegre, passava à colher, enchendo a cesta. Eram horas de festa que em festa eram vividas. O ar enchia-se da melodia gostosa das “modinhas,” entoadas pelas moças em cantarolas com voz suave, enquanto apanhavam os frutos espalhados no chão. Os meninos, não. Esses corriam pelo mato a procura de umbuzeiro e se regalavam com a fruta que já amadurecia. Essa época do ano no cerrado, rico em frutas, não era só o pequi que atraia o povo. Outros frutos enchiam o ar com seu perfume atraindo principalmente a criançada: umbu, jatobá, cagaita, mandapuçá, pitomba, jaboticaba... eram tantas as frutas que de algumas já não nos lembramos mais. Do que me lembro com saudade é do arroz com pequi que minha avó fazia. Chegava da escola e lá estava em cima do fogão a panela de pequi à minha espera. Era um luxo. Anos e anos que não como um só pequi, mas, ainda tenho na mente o seu sabor inconfundível. Dizem, não sei se é verdade, que agora, na época do pequi, o índice de natalidade aumenta por causa de suas propriedades. Pode ser.
Que tempo bom, tranqüilo, sem atropelos. Passou! Mais de meio século ficou para trás com os momentos inesquecíveis de nossa vida. Ninguém que era como eu, menino naquele tempo, pode esquecer aqueles passeios gostosos, montados em cavalo de pau, correndo para Areia Branca buscar enfeite para o presépio ou então, aos domingos, subir a serra até o Cruzeiro e ficar, lá de cima, olhando o casario cá em baixo. Não é possível esquecer os nossos folguedos nas ruas tranqüilas, vazias de povo, que atravessamos correndo, “pegando parelha” que eu sempre perdia. Não é possível esquecer a escola, a primeira mestra, inesquecível Dona Julieta, que Deus a tenha no Seu Reino. Esquecer como, se eram momentos que nos alegravam a vida? O tempo passou; os meninos cresceram, tornaram-se homens e a responsabilidade chegou a tudo modificando, mas, a lembrança do passado está aí nos fazendo revivê-lo de vez em quando. Está aí fazendo-nos lembrar que fomos crianças e crianças felizes dentro de nossa inocência, num lar onde havia paz e amor. Aos que nos deixaram a chamado de Deus, prestamos nossas homenagens.

(José Prates, 87 anos, é jornalista e Oficial da Marinha Mercante. Atualmente, é um dos diretores do Sindicato da Classe)


76274
Por José Prates - 12/10/2013 11:51:54
A IGREJA DOS MORRINHOS

JOSE PRATES

A mensagem 76260 assinada por Paulo veio nos trazer uma notícia que nos deixou contentes: o projeto de um novo cartão postal de Montes Claros que será o belo jardim projetado para os morrinhos. A figura do que está sendo preparado e que Paulo nos apresenta nessa mensagem é simplesmente, belo. Um jardim que a cidade merece, principalmente onde vai ser plantado, com sua beleza dominando a vista da cidade. Os morrinhos não foram importantes apenas por que a caixa d’água que abastecia ou ainda, abastece a cidade estar instalada ali, mas, pela beleza poética daquela Igrejinha, sempre de portas abertas para receber seus visitantes. O mais importante desse projeto é que a beleza e a poesia não serão alteradas mas, ornamentadas pelo jardim, emprestando beleza e romantismo aos novos encontros de namorados, o que não vai faltar. Nenhum de nós que teve sua juventude, sua adolescência vivida em Montes Claros pode esquecer aquelas tardes alegres de domingo, quando risonho, esbanjando prazer, subia os morrinhos com a namorada, de mãos dadas, para viver momentos felizes de um amor inocente. É impossível esquecer porque foram momentos de sonhos, muitos transformados em realidade.
A Igreja dos Morrinhos constitui um símbolo de Montes Claros. Não foi, porem, construída com esse pensamento nem com essa finalidade, mas, tão somente como cumprimento de uma promessa feita por uma dama da sociedade, Dona Germana Maria de Olinda, isto em 1884. Os recursos para a construção vieram de doações da própria sociedade, conseguidos pela idealizadora da obra, cujo corpo ali está sepultado. Segundo consta nos dados históricos, em 1930 a Igrejinha sofreu alguns reparos que lhe descaracterizaram o que foi refeito depois, isto em 1940, quando as características foram restabelecidas. Em 1996, segundo a historia, passou por uma operação conduzida pelo Conselho Municipal de Patrimonio Histórico Artisitico e Cultural de Montes Claros que teve a parceria com o Conselho da Igreja e Associação dos Moradores do Bairro. Os morrinhos com a Igrejinha, merecidamente, figura como um dos cartões postais da cidade. Na realidade, é.
Segundo o que nos foi possível apurar com relação à história da pequena Igreja, além das referências históricas, da edificação graciosa e da localização privilegiada, a Capela de Nosso Senhor do Bonfim sempre figurou como um dos principais cartões postais da cidade. Houve, no decorrer do tempo, pelo que nos é apresentado hoje, um grande interesse na manutenção do local que é o alto do Bairro Morrinhos, sempre jardinado, destacando-se o cruzeiro em madeira. No interior da capela, o altar-mor, segundo dizem os visitantes, é de uma beleza inconfundível, com imagens de Nossa Senhora Aparecida e do Senhor do Bonfim. Hoje, a igreja que pertence à Paróquia de Santa Rita, é utilizada para celebrações de casamentos e missas especiais.


76212
Por José Prates - 30/9/2013 08:51:55
Montes Claros aonde chegou?
José Prates
Quando leio as notícias que este Mural nos traz, deparo-me com nomes de ruas e avenidas homenageando muitos dos que foram nossos amigos e companheiros do passado e que, depois de tantos benefícios à cidade e ao seu povo, foram embora para a eterna morada e tiveram o seu nome gravado numa placa de rua como agradecimento pelo muito que fizeram pela comunidade. Agora mesmo ao abrir esta página, vejo a reclamação de uma leitora sobre o barulho que lhe incomoda na Avenida João Luiz de Almeida. Veio, então, à minha mente a imagem do Dr. João Luiz, sempre apressado, de pasta na mão, chegando ao Fórum. Era advogado militante, mas, as suas atividades não ficavam somente nessa. A mais importante foi a administração do Instituto Norte Mineiro de Educação de que era o proprietário e administrador, auxiliado por seu filho Joãozinho, professor de matemática. O estabelecimento conhecido na área de educação como o “Instituto” mantinha atuante um respeitável grupo de mestres competentes como, por exemplo, Márcio Aguiar, ex seminarista, excelente professor de português. Esses mestres davam ao estabelecimento credibilidade e grande aceitação dos pais de alunos.
Nos anos cinqüenta, Montes Claros tinha um grupo expressivo de intelectuais como o Dr. João Luiz e outros, contrastando com as atividades principais do município que eram o comércio e a pecuária mantidos por montesclarenses da qualidade dos Athayde e Pimenta fazendeiros e pecuaristas por tradição de família, cuja intelectualidade e vocação desenvolvimentista estão neles como herança de família. Por isso não é de admirar o grau de desenvolvimento que o Arraial das Formigas atingiu, chegando ao domínio comercial do Norte de Minas e sudoeste da Bahia. Hoje, como cidade grande, muita coisa que ontem causava espanto e era motivo de comentário por longo tempo, passa, até, despercebido por uma grande parte da população. Na questão do ensino, não há termos de comparação porque o desenvolvimento foi do próprio ensino em todos os seus ramos, no Estado e no país que trouxe para a cidade o seu nível superior, o que era impossível acontecer nos anos cinqüenta.
Foi grande, porém, o preço pago pelo progresso desenvolvimentista comercial e industrial em razão do grande volume de migrantes em busca de emprego que, alem da mão de obra que se fazia necessária, trouxe, também, a violência que se tornou rotina e que antes era desconhecida. Não é, porém, um caso isolado de Montes Claros, mas, do mundo todo, pode-se dizer. Hoje, em qualquer lugar do mundo em que haja população heterogênea, a violência está presente pela falta de unidade de entendimento. O que acontece nos grandes centros onde, por incrível que pareça, um homicídio é considerado de pouca importância, mostrando a banalização da vida Montes Claros a princesinha do sertão nos anos 50, menina moça, feliz, inocente, cresceu, tornou-se grande e foi tomada pelo progresso que lhe fez perder a inocência e a beleza de menina moça. Entregou-se ao desenvolvimento econômico, afastou-se da beleza poética do sertão para entrar na materialidade dos negócios lucrativos que ignora a beleza poética da inocência sertaneja. .


76127
Por José Prates - 23/9/2013 08:31:46
Lamentamos o falecimento de Dona Josefina Paula, esposa do saudoso Dr Hermes de Paula. À familia enlutada, apresentamos nossos pesames. -- José Prates e família


76119
Por José Prates - 22/9/2013 11:23:40
A ESCOLA DA VIDA

JOSE PRATES

As pessoas, na sua maioria, procuram esquecer o passado que lhe causou sofrimento, o que é difícil de conseguir, porque seja lá o que tenha ocorrido, nunca vai lhe sair da memória onde está guardado como arquivo, pronto para voltar à lembrança quando for chamado. Na vida de todo mundo, não deve haver exceção, houve momentos de glórias, de vitórias, de alegrias, que sempre são lembrados com prazer, mas, também houve fracassos dolorosos, momentos de sofrimento que exigiram sacrifícios para serem superados. São momentos que muita gente faz questão de esquecer porque a simples lembrança gera sofrimento. Não sabem, porém, que esses momentos de felicidade ou tormento, de dor ou de alegria, foram aulas ministradas na severa escola da vida, preparando o caminho para o futuro.
A vida é a grande escola em que ingressamos quando o mundo nos recebe, oferecendo-nos a sua luz. O choro ao nascer, que alegra a mãe, é o doloroso anuncio da chegada ao campo de luta que se abre sobre nós, sob a luz do mundo cruel. A grande batalha está, portanto, começando com a procura instintiva de alimento, no que é atendido pela grande mestra que se nos oferece, colocando carinhosamente, o peito em nossa boca, para a primeira refeição à luz do mundo. É o descortinar da vida no cenário da existência terrena onde todos, em sã consciência, desejam ser felizes. Não sabem porem, ou não procuram saber o que é necessário para atingir esse objetivo. Começa, então, a grande batalha em busca do indispensável à normalidade da sua existência, um estado durável de plenitude em satisfação e equilíbrio mental que é a felicidade. Para isso, é necessário desprender-se dos desejos da coisa exterior e superficial para se fixar no que nos foi doado por Deus, em nossa formação; concentrar-se no que somos e sentir gratos pelo que nos foi dado gratuitamente; perder a timidez e insegurança. Quantas vezes em razão de nossa timidez e insegurança as nossas palavras, gestos e decisões não refletem os nossos valores; não dizem o que somos, nem a que viemos? É fundamental descobrir em nós o lugar da nossa fraqueza e insegurança; dar valor ao que se tem, em vez de procurar ter o que se deseja, geralmente inatingível. Um desejo é sempre uma falta, carência ou necessidade; um estado negativo que implica um impulso para a sua satisfação, sem medir conseqüências; um vazio com vontade de ser preenchido Afinal, o que conta verdadeiramente não é a enormidade do que se sonha, mas, a qualidade do que se é.
A vida é, em si mesma, um permanente fluxo de desejos. Administrar esta torrente é necessário para que a vida tenha sentido. Cada um de nós deve ser senhor de si mesmo com capacidade de ordenar os seus desejos, interesses e valores, sob pena de levarmos uma vida vazia, imoderada e infeliz. Os desejos são inimigos sem valentia ou inteligência, dominam a partir da sua capacidade de nos cegar, nos atrair e levar para o seu abismo

(José Prates, 87 anos, é jornalista e Oficial da Marinha Mercante. Atualmente, é um dos diretores do Sindicato da Classe)


76072
Por José Prates - 12/9/2013 11:50:33
LEMBRANÇAS QUE TRAZEM SAUDADE

José Prates

Quando abro o Mural em busca de notícias da terrinha, isto é, de Montes Claros, o passado me vem à mente e me faz revivê-lo em pensamento, principalmente quando leio uma crônica como as de autoria de Alberto Sena, com aquela linguagem gostosa, sem rodeios, que tira o passado do arquivo da memória e a ele nos leva, fazendo-nos, queira ou não queira, revivê-lo como se estivessemos em sonho, porque a presença do passado me faz parar com a leitura, fechar os olhos e deixar que ele projete-se na mente como um filme de curta metragem que eu passo a assistir, vendo-me correndo de bicicleta, de um canto para outro, buscando notícias para o Jornal de Montes Claros que vai circular amanhã e o Meira precisa de matéria para fechar a última página. Isto foi na década de cinqüenta. É o passado.
Eu morava na Rua Januária, lá em cima, margeando a estrada de ferro. Em frente, do outro lado da linha, ficava a algodoeira de “seu” Fraga, onde Luiz de Paula trabalhava como contador. Eu descia a rua, devagar, até a Praça Cel Ribeiro, atravessava, entrava no hotel São Luiz para cumprimentar o Sargento Moura e depois, entrava na Rua Dr Veloso e ia descendo sem pressa, olhando um lado e outro cumprimentando quem encontrava. Meu destino era a redação do jornal, lá em baixo, vizinho do Dr Alfeu. Ouvi o rufar de tambores que vinha lá de baixo. Era Leonel Beirão e sua boneca gigante que já estavam na rua fazendo propaganda das Lojas Macedo que trouxeram para venda a prestação, maquina de lavar que minha sogra não me deixou comprar porque estragava a roupa, como lhe havia dito Dona Marucas, Diretora do Colégio. Além disso, a instalação era difícil porque não havia água encanada naquela rua em que morávamos. Com todas as dificuldades que se nos apresentavam, gostávamos de viver naquela cidade que me assistiu na saída da adolescência, levando-me ao primeiro emprego que mantive até a aposentadoria; cidade que me deu a esposa na construção do lar onde nasceram nossos filhos; cidade que amamos e nunca está ausente de nossa lembrança. Na mesa do computador, acima do monitor, está presente a lembrança de Montes Claros nas miniaturas do “caboclo”, do “marujo” e do “Catopé” que me fazem lembrar a festa do Rosário com toda sua beleza folclórica; está ali também, a miniatura da Igrejinha dos Morrinhos que eu muitas vezes contemplo, lembrando o período de namoro e noivado com minha esposa, quando íamos lá, aos domingos, sentávamos na grama e contemplando a cidade aos nossos pés, sonhávamos com a vida futura, fazendo projetos que, alguns, não todos, conseguimos realizar. São tantos anos de uma união que nos enriqueceu o lar com filhos, netos e bisnetos que nos dão alegria e nos enchem de orgulho.
Hoje, em nossos dias, tudo avançou em tecnologia e os contatos pessoais e com lugares afastados que eram difíceis no passado, hoje, são fáceis e imediatos como se todo mundo estivesse presente no mesmo lugar. No passado, noticia de Montes Claros, só por carta via postal. Telefone interurbano existia, mas, a dificuldade para uma comunicação interestadual era muito difícil e raramente conseguia-se o intento. Internet? Nem imaginavam que, um dia, viesse a existir. As noticias vinham pelas cartas que demoravam dias e dias para chegarem. Hoje tudo está mudado. Vivo Montes Claros diariamente, conhecendo as suas novidades que este Mural publica e a Internet me permite o contato rápido com pessoas amigas. Sinto o progresso da cidade, a sua evolução no comércio e na indústria. As crônicas de Ucho Ribeiro, Wnderlino Arruda, de Waldyr Sena, Alberto Sena; os belos artigos de Ruth Tupinambá e as noticias veiculadas neste Mural, trazem Montes Claros ao meu computador que se descortina em minha frente, permitindo que eu a viva pelo milagre da internet, com direito a um papo com quem estiver disponível. Não quero esquecer o passado com os seus percalços; não quero esquecer o passado de martírio na luta, nem a alegria das vitorias porque são a gloria do presente.

(José Prates, 87 anos, é jornalista e Oficial da Marinha Mercante. Atualmente, é um dos diretores do Sindicato da Classe)


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Por José Prates - 7/9/2013 10:22:50
VEM AI O TRANSPORTE FERROVIÁRIO

JOSÉ PRATES

Quem conhece a Europa sabe que o transporte usual na locomoção de pessoas entre cidades e países é a estrada de ferro, mesmo que a distância seja grande. O trem é confortável tanto na primeira quanto na segunda classe e mantém uma velocidade média de 120 quilômetros horários, superior a dos ônibus a que estamos acostumados no Brasil. Para se ter uma idéia, na Itália, a distância de Livorno no Vale do Rio Pó para Roma, pela ferrovia, é de 312 quilômetros que o trem misto com velocidade de 110 kms, cobre em 3 horas, com duas paradas de 10 minutos em estações intermediárias. Aqui no Brasil, houve o uso da ferrovia, principalmente do nordeste para o sul, quando não existia estrada de rodagem, como hoje, existe. O hábito de uso da estrada de ferro foi diminuindo desde a década de setenta quando começaram a surgir as rodovias pavimentadas, nascidas do binômio “energia e transporte” do Governo Juscelino. Aos poucos, os trens foram sendo substituídos pelos ônibus até que desapareceram, ficando como lembrança da estrada, apenas, os trilhos cobertos de mato e as estações abandonadas, que sem uso, vão sendo aos poucos, destruídas pelo tempo, e algumas outras servindo de abrigo aos “sem teto” e mendigos.
A ferrovia no Brasil foi resultado da disposição progressista do Imperador Dom Pedro II depois que os Estados Unidos, em 1854, inauguraram seu primeiro trecho ferroviário. Em fevereiro de 1855 o Governo Imperial firmou contrato com o Engenheiro inglês Edward Price para construção da primeira seção de uma estrada de ferro saindo do Rio de Janeiro com a pretensão de uma integração sobre trilhos do território nacional, sonho imperial que veio a ser realizado em 1948, 93 anos depois, com o entroncamento em Monte Azul, Minas Gerais, da Central do Brasil com a Leste Brasileiro, fazendo a ligação ferroviária norte-sul do Brasil. Aconteceu, porém, que a escolha de uma bitola estreita para o trecho Belo Horizonte a Monte Azul que foi usado até agora, inviabilizou o progresso do empreendimento. No mundo lnteiro, essa bitola de um metro e quinze, adotada no Brasil é a única o que tornou impossível a reposição de vagões e máquinas, não podendo acompanhar o desenvolvimento tecnológico da ferrovia nem a necessidade atual de transporte de qualidade, tornando-se, assim, obsoleta.
Agora, com entendimentos e providencias já iniciadas, tem como certa a construção de uma estrada de ferro moderna entre Belo Horizonte e Salvador, prevendo a licitação para o próximo ano e inicio das obras para 2015 como está na Resolução 4131 da ANTT. Pelo que fomos informados, as obras terão inicio nas duas pontas, ao mesmo tempo, até se encontrarem. Como vimos não se trata mais de um simples projeto ou uma simples promessa, mas, de um projeto já aprovado cuja execução terá inicio daqui a dois anos. Pretende-se construir uma estrada moderna com alta velocidade capaz de atender às necessidades de transportes em toda região por ela servida. Ainda hoje, apesar da disposição governamental em iniciar os trabalhos, já estando sendo retirados os trilhos velhos em Montes Claros, existe a pressão contrária de empresas atuantes hoje no transporte coletivo que não desejam a construção dessa nova estrada, temerosas da concorrência que dizem desleal. Entretanto, pelo que vemos, a disposição do governo é forte, exisitindo seriedade no projeto que virá trazer facilidade no transporte do nordestino para o sul e vice-versa. Por isso, existe em todo país um movimento exigindo que as novas ferrovias que serão construídas, tenham também o transporte de passageiros. Sabe-se, porem, que o trem de passageiro não virá de imediato, mas, será uma questão de tempo porque a tendência é seguir o exemplo dos países europeus que, como dissemos, utilizam muito esse sistema de transporte.

(José Prates, 87 anos, é jornalista e Oficial da Marinha Mercante. Atualmente, é um dos diretores do Sindicato da Classe)


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Por José Prates - 31/8/2013 12:03:04
A imprensa e a opinião pública

A importância deste Mural para o montesclarense que vive distante

Desde que foi criada no Brasil por decreto do príncipe regente D. João, em 13 de maio de 1808, com o nome de Impressão Régia. A imprensa nacional tem tido um papel importante não apenas como informante, mas, e, sobretudo, como formadora da opinião pública, orientando os administradores públicos criando lhes condições de conhecimento da reação popular a seus projetos, facilitando-lhes administração.
Desde que foi criada, a imprensa desenvolve o seu papel de informante e formadora de opinião pública, sendo, pela sua importância, objeto de estudos e pesquisas de cientistas, políticos, juristas e filósofos que se têm dedicado a analisar o seu papel na sociedade, como, também, o seu poder na formação da opinião pública.
Nós nos referimos à imprensa no sentido lato, incluindo rádio, televisão, agora enriquecida pela pelo uso da internet. O filosofo austríaco, naturalizado britânico, Karl Popper era de opinião que o papel da imprensa, o quarto poder, é o de controlar por meio da critica ou orientar por meio de informações, os outros três poderes tradicionais: executivo, judiciário e legislativo levando-os a ações que tragam benefícios à sociedade.
Em nossos dias, graças ao desenvolvimento não só:econômico como, também, cultural do mundo civilizado, a imprensa não está, apenas, nas capitais ou grandes cidades, mas, em todos os lugares habitados no mundo, cada um com seu estilo, mas, com a mesma finalidade e importância. É cada vez mais utilizada pela facilidade que a Internet oferece.

Montes Claros, no Norte de Minas, metrópole que consegue conciliar agitação e desenvolvimento com tranqüilidade, usando sempre a modernidade em beneficio e conforto do habitante, criou um jornal virtual dedicado a levar o noticiário local aos montesclarenses que vivem em outras plagas.
Esse jornal intitulado “montesclaros,com, uma janela para Montes Claros” está na internet, presente no mundo inteiro sendo de grande importância para o montesclarense que vive distante, em outras plagas para quem o virtual “montesclaros.com” é de grande interesse não só pela sua forma “sui generis” de jornalismo com a participação direta dos leitores na sua redação, como, também, pela sua impressionante penetração, graças ao poder da internet, chegando ao montesclarense em qualquer lugar do mundo em que ele esteja.
Nós sabemos e sobre isso não há dúvidas, que a característica essencial da democracia é manter a população conhecedora de todos os projetos administrativos e, também, das finanças publicas. O poder e a importância da imprensa estão exatamente aí por que não pode nem deve existir nenhum poder sem controle.
É daí, então, a importância da imprensa que fiscaliza e informa, dando à sociedade a oportunidade de exigir correções nas administrações. Entretanto, como o poder da imprensa é grande, é necessário, também, que seja exercido de maneira controlada, sem exageros.
Isto é o que vemos no “montesclaros.noticias” que conhece o seu poder, mas, sabe que a democracia não pode sobreviver se o poder da imprensa não for honesto e rigorosamente controlado. Esse controle está presente nos próprios dirigentes responsáveis pelo Mural que o mantém independente, não aceitando colaborações que fujam das suas regras de independência, imparcialidade e comedimento nos comentários. É um jornal da família montesclarense.

(José Prates, 87 anos, é jornalista e Oficial da Marinha Mercante. Atualmente, é um dos diretores do Sindicato da Classe)


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Por José Prates - 25/8/2013 10:22:28
JANAÚBA, HOJE

José Prates

Hoje pesquisando sobre cidades importantes do Norte de Minas, encontramos Janaúba como a segunda mais importante da região. Isto nos fez voltar ao passado que nos trouxe à lembrança momentos felizes, cheios de alegria por que passamos nesse lugar, há muitos anos atrás. São sessenta e cinco anos passados que completarão agora em dezembro próximo, Começávamos a sair da adolescência quando vivemos e participamos ativamente do mais importante momento da historia de Janauba que foi a sessão de instalação do município recém-criado. Reunidos no salão do Clube Social, na pequena Praça da Igreja, os políticos locais: Antonino Catulé, Dr. Maurício Azevedo, Péricles de Oliveira e os comerciantes: Marcolino Evangelista, Moisés Bento Lacerda, Veraldino Conrado da Silva e os deputados José Esteves Rodrigues, federal e Antônio Pimenta, estadual, comigo, um jovem de 22 anos, como secretario, contando, também, com a presença indispensável do Intendente Municipal nomeado pelo Governador para administrar o município até a eleição do primeiro Prefeito, reuniu-se a comissão de instalação do município de Janaúba, desmembrado de Francisco Sá.
Desde esse tempo que a Janaúba, hoje cidade de importância no Norte de Minas, está em nossa alma, fazendo-nos lembrar que somos um dos seus fundadores. Aquela Janaúba que vimos nascer com a ponta de trilhos em 1943 é a Janauba de hoje, forte, com vocação de prosperidade, crescendo em todos os sentidos como nos mostra, tudo que ali acontece. A chegada da Universidade Federal foi um dos acontecimentos que muito nos comoveu, nos fazendo lembrar a primeira escolinha que ali foi instalada sob a direção da professora Lourdinha, esposa de "seu" Veraldino. Foi numa casa grande, na esquina de um projeto de rua que conduzia ao rio. Era só aquela escolinha abrigando aquela turma de alunos que, talvez, hoje, muitos deles não existam mais.
A estrada de ferro fez nascer Janaúba, construindo as primeiras casas na esplanada da estação, mas, o seu desenvolvimento rápido, crescente, está ligado à capacidade empreendedora de seus primeiros habitantes como Antonino Catulé, Américo Soares de Oliveira, Jacinto Mendes, Santos Mendes, Mozart Mendes Martins que vieram com o propósito de trabalhar o desenvolvimento econômico daquelas terras. A localização geográfica do lugar, acrescida pelas vantagens de "ponta de trilhos" que ali ficaria por algum tempo, prometia segurança nos investimentos que fossem feitos. Isto contribuiu para a formação do povoado e seu rápido desenvolvimento.
A chegada, em 1945, de Moisés Bento Lacerda e Masculino instalando ali suas atividades comerciais, atraiu outros comerciantes como Veraldino Conrado da Silva, sócio da firma Fraga & Silva Ltda, abrindo um escritório para compra e exportação no atacado de algodão e milho e, também a representação dos Bancos com Agencia em Montes Claros, facilitando aos comerciantes locais o pagamento de suas duplicatas. Logo depois, chegava "seu" Virgílio, abrindo firma dedicada, também, ao atacado de algodão. Com a emancipação do distrito e conseqüente criação e instalação do município, em pouco viriam as eleições para a prefeitura e Câmara de vereadores, o que fez comerciantes e fazendeiros unirem-se em torno de seus "líderes" que, na ocasião, eram: Antonino Catulé de um lado e Dr. Maurício Azevedo do outro. Antonino Catulé, apoiado por fazendeiros da região, criou e instalou o diretorio municipal do Partido Social Democrático (PSD), enquanto o Dr. Maurício de Azevedo, apoiado por alguns comerciantes, instalava o diretório da União Democratica Nacional (UDN). Não era a política do ódio pessoal nem do interesse próprio que estava nascendo ali, mas, a política do desenvolvimento econômico e social de uma cidade que começava a surgir no sertão mineiro, longe dos olhos do governo, que estavam sempre voltados para o sul e sudeste do Estado. Logo, logo, feriu-se o pleito eleitoral com dois candidatos à prefeitura: Pelo PSD: Péricles de Oliveira. Pela UDN: Mauricio Azevedo. Apurada a votação, constatou-se a eleição do Dr. Mauricio de Azevedo, primeiro prefeito municipal do município recém-criado.
Ao gorutubano, Janaubense de hoje, podemos afirmar que Janaúba nasceu do empenho e dedicação dos seus primeiros habitantes que vieram de longe e a ela se integraram com vontade de crescer, como, de fato, cresceram juntos com a cidade. Todos, sem exceção, sentiam-se filhos da cidade e supunham-se gorutubanos. Até hoje, tantos anos depois, os fundadores que se encontram com vida, emocionam-se com o que acontece ali, como foi a chegada da Universidade Federal que a todos emocionou. Por isso, nós os pioneiros, devemos reconhecer o empenho do gorutubano no progresso da cidade que, pelo trabalho desenvolvido, chega à posição de segunda mais importante do Norte de Minas, superada, apenas, por Montes Claros. Isto, naturalmente, todos nós, fundadores de Janaúba, esperávamos, levando em conta a privilegiada localização geográfica, o pioneirismo e a capacidade empreendedora de seus filhos, frutos de tantas gerações . Ao longo desses anos, não cessou o trabalho desses filhos, todos eles voltados para o progresso da terra. Esse trabalho constante foi a grande alavanca que levou Janaúba à posição privilegiada em que se encontra hoje, o que nos alegra e nos orgulha.


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Por José Prates - 21/8/2013 11:29:02
A SECA QUE MARTIRIZA

José Prates

Recebi, ontem, uma carta de um montesclarense que se diz meu leitor, o que agradeço, falando sobre a seca que está matando tudo, inclusive o pasto, no alto sertão mineiro e sudoeste da velha Bahia, o que não me surpreendeu. Diz a carta e isto é preocupante, que os rios pequenos estão secando em algumas partes de seu ltrajeto, prejudicando o abastecimento dos lugares por eles servidos. Embora o missivista seja residente na cidade, sua carta mostra muita angustia e suas palavras me fizeram sentir que embora tenham confiança na ação divina, como ele diz, os agricultores prejudicados pela falta de chuva, sentem-se relegados ao abandono por quem tem a obrigação de socorrê-los, que são os políticos eleitos com seus votos, mas, nada fazem para conseguir financiamento publico para abertura de poços artesianos que, pelo menos, aliviariam o sofrimento e poderiam impedir a morte do gado, hoje ameaçado pela falta de água nos riachos que cortam os pastos. .
Esse sofrimento atingindo o morador daquelas bandas parece sem fim, eterno. É a seca impiedosa que assola a região trazendo sofrimento que toma conta de todo mundo que se conforma resignado por que “é a vontade de Deus” Quando a resignação desaparece e surge o desespero, essa frase dita como busca de um refugio, muitas vezes tem a conotação de um íntimo desespero, mas, a confiança naquele Deus em que o sertanejo sempre repõe sua última esperança, ameniza as dores causadas pela incerteza do amanhã. A confiança em seu Deus e a esperança de Sua ação trazem a resignação. Resignação, mas, não desistência da luta, Embora conscientes de que além do Senhor, em ninguém mais possam acreditar, não desistem da luta que lhe anima a viver. Os políticos com suas promessas nunca cumpridas frustram as esperanças dos sertanejos tlagelados.
A seca não é de hoje, não é de ontem, é de muito tempo, desde que nos conhecemos por gente e continua ai, impiedosa, castigando o sertão desamparado por quem tem o dever de socorrê-lo, de assisti-lo. Onde estão eles? Sumiram. Mas, com toda certeza, vão reaparecer agora com as proximidades de novas eleições. Virão com a mesma história, sem nada mudar: “se eleitos mudarão tudo para melhor”, Não se pode negar, porém, que alguns governos municipais , de boa vontade e interesse na administração, fizeram alguma coisa para amenizar o sofrimento que a seca impõe àquele povo. Mas, poucas, pelo que podiam ter feito com melhor aproveitamento e aplicação do recurso que é disponibilizado e que se perdeu nos caudais dos administradores públicos e da burocracia e o povo continua sofrendo. Não podemos esquecer que algumas Prefeituras têm tentado com carros pipas e adutoras amenizar o problema, mas alcançam baixo resultado porque tudo é insuficiente para atender à demanda dos flagelados. Alguns açudes, ainda inacabados porque os recursos terminaram, têm um resto de água podre que não serve para mais nada. Todos nós oriundos dessas plagas sentimo-nos atingidos pela dor que martiriza os conterrâneos e para aliviá-la o remédio é falar sobre os seus dolorosos efeitos, na esperança de que alguém ouça e alguma coisa seja feita para aliviá-la. Ref: Globo Rural - Inter TV Rural - MG

(José Prates, 87 anos, é jornalista e Oficial da Marinha Mercante. Atualmente, é um dos diretores do Sindicato da Classe)


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Por José Prates - 15/8/2013 16:47:04
AS EXIGÊNCIAS DO PROGRESSO

JOSÉ PRATES

Não é possível manter uma cidade, uma fazenda, exatamente como eram quando nasceram há não sei quantos anos, mas, mesmo que fosse possível, ninguém gostaria que isto acontecesse. As modificações surgem exigidas pelo progresso dos negócios, como é o caso das fazendas que necessitam produzirem mais e mais para atenderem ao comércio que vai crescendo ao longo do tempo. Isso demanda expansão das atividades, sejam agrícolas ou pecuárias e daí vêm as modificações que se fazem necessárias. Quem está ali no dia-a-dia da fazenda, não sente as mudanças e nada vêem de estranho. Porém, as pessoas que se foram para outras plagas e lá ficam por muitos anos, quando regressam não reconhecem o local porque o progresso trouxe mudanças e tudo foi renovado ou modificado por ação do tempo ou exigência da produção.
As cidades passam por esse mesmo processo de transformação quando as suas atividades se multiplicam trazidas pelo desenvolvimento do comércio ou da industria que foi ali instalada. É mais gente que chega aumentando a população que pede moradia e moradia vai surgindo onde haja espaço para elas. Entretanto, como terreno é pouco para tanta procura, elas crescem para cima, surgindo, rntão. os edifícios que arranham os céus. Esse foi o caso de Montes Claros e de muitas outras cidades que ofereciam casas baixas enquanto havia terreno para elas. Sem terreno disponível e o progresso aumentando com mais gente chegando, as casas velhas foram sendo demolidas para cederem lugar aos edifícios que transformaram a paisagem, deixando a cidade irreconhecível por quem está distante há muito tempo, como eu, por exemplo, que na ultima vez que visitei Montes Claros, sem saber onde estávamos, perguntei ao meu sobrinho que nos conduzia e ele respondeu naturalmente: Rua Dr Santos. O meu assombro foi grande. O que fez o progresso? Destruiu tudo que era belo, Onde está a casa do Dr Alfeu, aquela mansão bonita com jardim na frente; onde está o prédio onde funcionou o Jornal, cadê o Hotel São José; cadê o “Foto Pinto”, a gráfica Orion; a loja de carros? A cidade cresceu... pra cima e o que estava em baixo foi demolido. Não reconheci a Praça Cel. Ribeiro, nem a velha Praça do Mercado transformada num belíssimo logradouro. Só não sei pra onde foram os taxis nem o Mercado.
Não foi, porém, um pecado a transformação que se processou na cidade, mas, uma exigência do progresso que sempre está presente em cidades com vocação de progresso desde que nasceu, como a nossa Motes Claros. Nasceu como Arraial das Formigas em 1768, elevado em 1831 a Vila Montes Claros de Formigas e em 1857, com dois mil habitantes, é elevada a cidade de Montes Claros, pois, os melhoramentos existentes eram tantos que já justificavam a elevação a cidade. Então, pela história podemos verificar que o processo de desenvolvimento montesclarense, trazendo-lhe grandes transformações vem desde o Arraial e continua até hoje, não, sendo, portanto de se estranhar as modificações no seu aspecto paisagístico com a construção de edifícios altos para atender à necessidade de moradias decentes. Para ter-se uma idéia da transformação paisagística, a vista parcial de Montes Claros apareceu-me pela Internet, enviada por um amigo. Chamei minha esposa para ver e lhe perguntei que cidade estava na foto. Ela não soube responder. Quando eu lhe disse: É Montes Claros, ela não acreditou. O progresso modificou tanto essa nossa cidade, que uma montesclarense que ali nasceu e cresceu não lhe reconheceu. Pior seria se ela tivesse dito: não mudou nada, continua a mesma!

(José Prates, 87 anos, é jornalista e Oficial da Marinha Mercante. Atualmente, é um dos diretores do Sindicato da Classe)


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Por José Prates - 9/8/2013 12:02:54
AMEAÇA À PRODUÇÃO DE FRUTAS

JOSE PRATES

Não dá para acreditar, porque não podemos imaginar autoridades governamentais autorizando a entrada no país, de frutas importadas do Equador, o que implica em grandes prejuízos à lavoura brasileira, principalmente na área de Janaúba e Jaíba no norte de Minas, únicos produtores de frutas na região, especialmente banana. Todo o esforço e dedicação desses agricultores em anos e anos de trabalho serão jogadas por terra com a concorrência desleal da importação. Não dá para acreditar que pessoas do governo, principalmente do Ministério da Agricultura não conheçam a situação do país no que se refere à produção de frutas. Autorizar a importação de banana do Equador, como está sendo anunciado, é esquecer o trabalho brasileiro de revitalização da agricultura no sertão mineiro, com irrigações garantindo produção capaz de abastecer todo o norte de Minas e, também, exportar o que, em tempos passados, não acreditavam acontecer.
Foi grande o esforço para instalarr a agricultura no norte de Minas, saindo daquele quadro artesanal de enxada e foice e as queimadas como o meio de adubo. Nessas áreas, o camponês aprendeu desde criança a cuidar da terra e dela tirar o sustento, sem, contudo a ambição do comércio porque não se imaginava uma produção suficiente para isso. A grande extensão de terra inculta, sem habitação humana que tomou o nome de Jaíba, foi descoberta por caçadores em 1958 e comunicada a descoberta ao governo estadual que mandou verificar a área, nascendo, então o “projeto Jaíba” . Depois veio o Centro de Agricultura Alternativa do Norte de Minas Gerais (CAA) apostando na agroecologia e na defesa das comunidades tradicionais como estratégias para o desenvolvimento do campo e para fazer face as grandes concentrações de terra no país. Em Montes Claros, como todos sabem a atuação da CAA fez nascer uma área de formação e experimentação agroecológica, na perspectiva da convivência com o cerrado e o semiárido, se tornou referência em toda a região norte do estado. O Centro de Agricultura Alternativa (CAA) presta assessoria técnica aos agricultores, tem projetos institucionais e vende a sobra da sua produção. Possui uma horticultura, sistemas agroflorestais, um viveiro de mudas, criação de animais e um banco de sementes crioulas, chamado Casa Regional das Sementes. A replicação desses conhecimentos é feita nas comunidades da região, em parceria com cooperativas, sindicatos e associações, além dos agricultores familiares. Vê-se que houve uma grande trabalho não só dos agricultores mas, também, do governo estadual para chegar ao ponto em que se encontra hoje a produção frutífera, ameaçada, pela importação pleiteada que não deve acontecer porque não há necessidade disso, segundo porque está ameaçando a produção nacional de frutas que levou tempo e muito trabalho para chegar onde está. .

(José Prates, 87 anos, é jornalista e Oficial da Marinha Mercante. Atualmente, é um dos diretores do Sindicato da Classe)


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Por José Prates - 1/8/2013 12:05:10
AS AUTORIDADES ACORDARAM E A FERROVIA VEM A

José Prates

Dizem que nunca é tarde para reparar um erro e eu concordo. E agora, o reparo de um grande erro de autoridades do passado, que atingiu boa parte do país, parece que foi anunciado em audiência pública em Montes Claros, há poucos dias, quando o Superintendente da Agencia Nacional de Transportes Terrestres, informou oficialmente que será construída uma ferrovia moderna com bitola larga, velocidade prevista de 80 kms hora, entre Belo Horizonte e Candeias na grande Salvador, destinada ao transporte de carga, o que confirma a publicação, agora em julho, da Superintendência de Infra-estrutura e Serviços de Transportes Ferroviário e Cargas da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). Segundo esse projeto já aprovado, a ferrovia obedecerá ao mesmo traçado da velha, com pequenas modificações. Vai cortar 52 municípios, sendo 27 em Minas Gerais e 25 na Bahia. Isto acontecendo, colocará o pais bem servido de transporte terrestre o que é esperado desde muito tempo passado. Esse projeto é, sem dúvida, uma notícia alvissareira porque nos dá a certeza de um empreendimento que está se propondo a proporcionar um grande desenvolvimento na região atingida, com a garantia de transporte rápido de passageiros e escoamento da produção regional com rapidez e frete baixo O mais interessante e deve ter sido objeto de longos estudos, é o financiamento da obra por empresas privadas que, naturalmente, ao final, irão administrá-la, fugindo ao controle do Estado ou da União que até hoje, não mostraram capacidade para uma administração com vistas ao progresso da capacidade da estrada, como vimos na antiga ferrovia, cujos trilhos chegaram ao Norte de Minas nos anos vinte do século passado, quando uma velocidade horária de 30 kms satisfazia às necessidades da região. Para se ter uma idéia da morosidade desse transporte, a viagem Montes Claros a Belo Horizonte, cerca de 450 kms, era feita em vinte horas, com o trem numa velocidade média horária de 22 kms, o que, naquele tempo, era normal pela ausência de transportes rápidos como os que temos hoje. Ao passo que o transporte auto-motriz foi-se desenvolvendo com carretas de grandes capacidades e os ônibus conduzindo passageiros a longas distancias, as velhas estradas de ferro que não passaram por nenhuma modificação, foram se tornando obsoletas, perdendo a utilidade até seu abandono total, como estão hoje.
Em 1955, candidato a Presidente da República, o doutor Juscelino Kubitscheck de Oliveira, lançou em sua campanha o binômio “energia e transporte” como objetivo principal do seu governo, tendo em vista as dificuldades com que lutava o país no transporte a longas distancias de carga e passageiros, porque não existiam rodovias em condições de tráfego para lugares distantes e as ferrovias, o principal transporte de então, para esses lugares, não ofereciam condições de conforto para os passageiros que se sujeitavam ao desconforto por longo tempo. Juscelino, eleito, cumpriu o prometido dando inicio a abertura de estradas pavimentadas ligando as principais regiões do país; promoveu a vinda da indústria automobilística estrangeira que se instalou em São Paulo e, também, incentivou a fabricação de caminhões na Fabrica Nacional de Motores que lançou o chamado Fê Nê Mê (FNM), mas, esqueceu a ferrovia. Depois que foram lançados os primeiros veículos pesados, começou, então, devagar, o transporte rodoviário que foi crescendo ao passo que a indústria automobilística ia-se desenvolvendo. Começou o, então, o declínio mais acentuado das ferrovias que sem qualquer reaparelhamento, não tinha condições de concorrer com a eficiência e velocidade do transporte rodoviário que crescia rapidamente com veículos rodoviários de grande capacidade que, aos poucos, foi substituindo as velhas e ronceiras ferrovias. O Presidente Juscelino nem os seus sucessores tiveram a idéia ou o interesse em renovar essas ferrovias, preferindo abrir rodovias que passaram a cortar o país de norte a sul e de leste a oeste, enquanto os trilhos iam sendo abandonadas, até desaparecerem. Agora, porem, parece que as autoridades acordaram para as necessidades do transporte de carga e passageiros e essa nova estrada virá como solução. Parece que virá.

(José Prates, 87 anos, é jornalista e Oficial da Marinha Mercante. Atualmente, é um dos diretores do Sindicato da Classe)


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Por José Prates - 26/7/2013 16:19:05
POLÍTICA, COMO PENSA O SANTO PADRE

José Prates

Jorge Mário Bergolio, nascido no ano de 1936, em Buenos Aires, recém-eleito Papa, que se nomeou Francisco, está agora em visita ao Brasil e se nos apresenta um homem humilde que se porta humildemente no contacto com os fiéis. Essa atitude ressalta sua importância como chefe da Igreja de Cristo, mostrando ao mundo a beleza da humildade que não lhe priva das responsabilidades de cidadão, com interesse e conhecimento das questões temporais como nos faz sentir em seus pronunciamentos, quando nos deixa perceber o seu interesse pelas questões que afetam o povo e que não têm a devida atenção dos governantes. Depois de eleito Papa, não escondeu seu interesse pela política temporal quando está em jogo o bem do cidadão. Depois de afirmar que envolver-se na política é um dever de cristão, pois a ação politica é “das formas mais altas de caridade”, comentou: “A política é muito suja, mas, pergunto por que é assim? Porque os cristãos não fazem política com o espírito evangélico? É fácil dizer que a culpa é do outro, mas o que eu faço? Trabalhar pelo bem do outro, que é um dever do cristão” Nessa resposta, ele dá à política o sentido de um recurso que deve ser usado para beneficiar o povo, o que não acontece em muitos casos. Na Rocinha, favela pobre do Rio, ele fez questão de frisar que: “nós cristãos não podemos nos fingir de Pilatos e lavar as mãos” ante os desmandos de uma política voltada para os interesses de partidos e políticos. Foi um recado aos jovens que, segundo ele, “possuem uma sensibilidade especial frente às injustiças , mas, muitas vezes, se desiludem com noticias que falam de corrupção, com pessoas que em vez de buscar o bem comum, procuram o seu próprio benefício”.
Interessante é que em seus pronunciamentos, ele dá ao seu pontificado um sentido de integração à população, sentindo os seus problemas e clamando por suas soluções, sem, contudo, afastar-se da religião. Que nós saibamos, nunca houve um pontífice com esse pensamento e essa atitude, pelo menos, publicamente, pregando sobre problemas temporais e apresentando suas soluções como tem feito o Papa Francisco.. Em todas as ocasiões que lhe permitem abordar o assunto “educação”, faz questão de insistir na necessidade de uma educação de qualidade e calcada em valores e “não apenas, uma simples transmissão de informações com o fim de gerar lucros” Nota-se em seus pronunciamentos que existe uma preocupação com os problemas sociais que podem afetar a juventude vulnerável pelo despreparo. A política partidária, segundo ele, “ficou defasada em relação às idéias. As idéias sairão da plataforma política para a estética. Hoje, importa-se mais com a imagem do que com o que se propõe”
O Papa Francisco diz considerar que a religião não pode nem deve impor aos cidadãos, caminhos na política partidária. “Se, porem, concebo o poder de uma maneira antropológica, como um serviço à comunidade, é outra coisa. A religião tem um patrimônio e o põe a serviço do povo, mas, se começa a se misturar com politicagem e a impor as coisas por baixo do pano, transforma-se em um mau agente de poder” concluiu Sua Santidade.

(José Prates, 87 anos, é jornalista e Oficial da Marinha Mercante. Atualmente, é um dos diretores do Sindicato da Classe)


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Por José Prates - 20/7/2013 12:05:20
O PEQUI QUE NOS ALIMENTOU

José Prates

O pequi que me alimentou na infância, na juventude e muitas vezes me encheu a língua de espinhos, até que eu aprendesse a comê-lo, está na mesa do povo do “cerrado” desde tempos imemoriais, como nos conta a história. Quando me lembro do pequi, toda minha infância vivida na pequena e gostosa Jacaraci volta-me à mente e me vejo debaixo do pequizeiro, catando a fruta que amadureceu e caiu do galho, nos avisando que é tempo de sua colheta. “Catar” pequi debaixo do pé, não sei se acontece, ainda, hoje, mas, no meu tempo que já vai longe, era festa pra meninada que saia aos bandos, balaio na mão, correndo pela estrada arenosa até chegar no cerrado onde estavam os pequizeiros. Era perto, logo depois do “cruzeiro”, como chamávamos a igrejinha que ficava no alto do morro, antes da “areia branca” onde íamos apanhar enfeites naturais para o presépio e o pessoal de “seu” Chiquinho David buscava areia para enfeitar a calçada do bazar, nos dias festas. Não era só pequi que nos atraia ao cerrado. Eram, também, as frutas que lá nasciam, como cagaita, cabeça de negro, umbu, mandapuçá, araçá que, maduras, caiam do pé enchendo a mata com seu cheiro gostoso, colocando os animais em festa diante do banquete. O gado roia o pequi caído no chão, deixando a castanha limpa, sem tirar um espinho sequer, ao passo que nós, de vez em quando enchíamos a língua de espinho, difícil de ser retirado. Comer pequi foi coisa que demorei a aprender, enquanto o boi e o cavalo já nasceram sabendo.
Não há necessidade de falar muito sobre o pequi porque é conhecido de todo mundo e tido como coisa da gente. Guimarães Rosa em seu gostoso romance “Grande Sertão, Vereda”, conta que "o Garanço se regalava com os pequis, relando devagar nos dentes aquela polpa amarela enjoada. Aceitei não, daquilo não provo: por demais distraído que sou, sempre receei dar nos espinhos, craváveis em língua" Aqui em casa, aconteceu isto ano passado. Mandaram-me de Montes Claros, umas dúzias de pequi. Minha esposa os cozinhou no arroz. Foi ai que aconteceu: meu neto foi experimentar e encheu a língua de espinhos que tiramos com uma pinça.
Mesmo residindo há muito em plagas distantes não esquecemos o pequi e, ainda, sentimos o seu cheiro e o seu gosto ao nos transportar para o passado porque a presença do Pequi na nossa vida é de fato marcante. Não conseguimos esquecer o seu lado folclórico, sua importância na nossa gastronomia, como sabor exótico, sua versatilidade em se fazer combinações e seu poder afrodisíaco. Dizem que na época do pequi, oitenta por cento das mulheres casadas engravidam, resultado do poder nutritivo da fruta. Carlos Ribas, psicanalista e diretor de TV, comentando a revista Magazine Pequi diz que ” Seria também mais importante que saber dos seus preciosos valores nutritivos, para os quais tanto se dissertou como a “carne dos pobres” do sertão. Seria também mais importante até que reforçar o incansável discurso ecológico e preservacionista ao denunciar a ameaça do desmatamento que o coloca no rol dos espécimes com risco de extinção” Creio que Montes Claros protegeu, por lei, o seu pequizal, proibindo o corte do pequizeiro. Ribas conclui o seu comentário, dizendo que “talvez sua maior importância seja a de um orgulho em que nós, nativos, desse sertão, somos acometidos ao descobrir que esse vegetal, de certa forma, nos une. Até mesmo quando escutamos desencontrados discursos críticos em torno dessa preciosidade sertaneja. Quem nunca teve a sensação de, ao dividir um elogio ao Pequi como se fosse um passaporte, uma senha de identificação regional, se sentir realmente em casa? “Se ele ou ela gostam de Pequi, então são um dos nossos…”
Outro lado interessante do pequi é a medicina. Gostar de pequi, todo mundo do cerrado gosta, mas, acredito que poucos sabem que a utilização terapêutica do pequi não está restrita à medicina popular. Depois que li a noticia do pequi na pré-historia, fiz uma pesquisa sobre ele e com surpresa encontrei referencias a um trabalho publicado na Revista Brasileira de Medicina Tropical que descreve a atividade antifúngica das folhas, dos dois principais componentes presentes no óleo essencial das sementes, além do alto poder nutritivo. Foi verificado neste trabalho que a parte mais ativa contra os fungos é a cera epicuticular da folha, coletada no período da seca, inibindo o crescimento de 91,3% dos isolados de fungos

(José Prates, 87 anos, é jornalista e Oficial da Marinha Mercante. Atualmente, é um dos diretores do Sindicato da Classe)


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Por José Prates - 7/7/2013 16:14:25
LUGAR DE CRIANÇA É NA ESCOLA

José Prates

Quando criança eu ouvia minha avó Maria Silvina dizendo que “lugar de criança é na escola” e esta frase ficou-me na lembrança e eu a repeti para os meus filhos, que a seguiram, Graças a Deus. Felizmente, essa frase que não ficou guardada só por mim, atravessou o tempo, passou de geração para geração e hoje, em nossos dias, “os mais velhos”, que somos nós, continuam a repeti-la para os mais novos, que são nossos filhos e nossos netos, levando para a escola a garotada quando chega aos seis anos de idade. Enquanto isto acontece com a meninada miúda que alegre, entra na sala de aula, outra turma, os adolescentes que fogem do controle paterno, diz que não é mais criança e pode ficar fora da escola, fazendo o que mais lhe interessa: nada. São eles os famosos “nem, nem”: os que nem trabalham, nem estudam. Lamentavelmente, é um grupo que cresce pela falta de autoridade dos pais sobre os filhos rebeldes que insistem em seguir o caminho que escolheram, sem pensar no amanhã
Estudo recente do Instituto de Estudos Sociais e Políticos da UERJ, nos assusta quando nos mostra que num universo de 27.3 milhões de jovens com idade entre 18 e 25 anos, um em cada cinco, não estuda, não trabalha, nem procura emprego. São os chamados “nem nem” que formam um contingente de seis milhões de desempregados espontâneos. Por mais que este problema se agrave, ninguém vê surgir no programa de governo, seja da União, dos Estados ou Municípios, qualquer providência séria para um desfecho satisfatório dessa situação que além de prejudicial à formação social desses jovens, é humilhante para a família porque mostra o seu desinteresse ou despreparo na formação do homem em que se vai transformar esse jovem. Por outro lado, não se vê interesse das autoridades do ensino pelo estudo dos jovens maiores de 17 anos, para constatar esse desinteresse, basta verificar a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicilio realizada pelo IBGE: existe um contingente de 1.7 milhões de adolescentes na faixa etária de 15 a 17 anos longe dos bancos escolares, engrossando as fileiras do “nem nem”. Segundo as pesquisas, a maioria desses jovens reside com os pais que lhe sustenta, sem qualquer exigência. O filho, então, sente que sua ausência da escola é aceita tranqüilamente pela família, o que lhe dá a certeza da desnecessidade de estudar para sobreviver.
Não é falta de estabelecimento de ensino qualificado, não. É falta de interesse do jovem, mas, grande parte dos pais finge não ver nem sentir. O Brasil cresceu em todos os sentidos e esse crescimento mudou muita coisa. O que parecia desnecessário há algum tempo passado, hoje é exigido e quase obrigatório como é o caso do o segundo grau, antigo curso cientifico. Há vinte anos passados, quem imaginaria que até para ajudante de pedreiro fosse existir um curso com exigência do segundo grau, se naquele tempo, não era exigido do pedreiro nenhum curso legal. Não é só isso, não. Agora, com todas essas mudanças, a moça com profissão de “babá” que toma conta do filho da madame, não basta saber cantar pra criança dormir, mas, conhecer pediatria, psicologia infantil e primeiros socorros pra ser tratada como “babysister”. Tudo mudou. O país mudou, mas, ninguém pensou em preparar o jovem para essa mudança nem o jovem quis tomar conhecimento do que estava mudando. O resultado está ai: mão de obra qualificada vem de fora porque não a temos aqui em quantidade suficiente para atende às necessidades de nossa industria.

(José Prates, 87 anos, é jornalista e Oficial da Marinha Mercante. Atualmente, é um dos diretores do Sindicato da Classe)


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Por José Prates - 3/7/2013 22:08:47
AS TRISTES NOTICIAS

JOSE PRATES

É doloroso e nos coloca em situação vexatória, quando estamos hoje, agora, numa roda de amigos e alguém nos pergunta se tomamos conhecimento das ultimas notícias de nossa cidade – Montes Claros, é o que querem dizer. Sim, tomamos conhecimento, mas, não queremos comentar. O que está sendo noticiado pela imprensa é constrangedor e nos fere o brio de mineiro. É preferível fazer de conta que não sabemos de nada e passar a conversa pra frente. As pessoas - são poucas - que procedem de maneira irregular na administração pública, principalmente municipal, visando proveito próprio, não se lembram que o procedimento irregular, às vezes doloso, pode ser descoberto e vir à tona. Todo mundo vai ficar sabendo, porque a imprensa leva a noticia pra o mundo inteiro. É ai que toca nos filhos do lugar, mesmo os que moram distante. Nunca ouvimos falarem mal de nossa cidade e para os amigos que não lhe conhecem, nós a pintamos com cores agradáveis, mostrando-lhes um celeiro de trabalho e honestidade que é a Montes Claros que conhecemos, que nos recebeu na adolescência, sendo, agora, maculada pelo proceder incorreto de alguns filhos seus que lhe enxovalham a reputação de sertaneja heróica, cujo passado é de glórias que lhe abrilhantam a história. Imaginem como devem estar do outro lado da vida, no convívio com Deus, montesclarenses ilustres como Plínio Ribeiro, Antonio Pimenta, Lafetá, João F.Pimenta, Geraldo Athayde e outros, naturalmente constrangidos com o procedimento inadequado de alguns montesclarenses que maculam a reputação da cidade.
Não é necessário falar da Montes Claros histórica, nascida para o liderar o sertão, levando o progresso a cada canto de seu território. Não é necessário falar da Montes Claros heróica berço de uma Tiburtina capaz de pegar em armas na defesa dos ideais da cidade ou de uma Helena Prates, firme e decidida na condução da política partidária, visando o melhor para a região; não é necessário falar de um Armenio Veloso que desenvolveu o comercio atacadista, nem de um Deba ou Neco de Santa Maria que trataram e desenvolveram a política partidária com honestidade, visando, apenas, benefícios para a região. Basta falar da Montes Claros que nasceu para líder e líder sempre foi, berço da honestidade que sempre regeu os atos de seus filhos numa conduta honesta, herança dos antepassados que agora, um pequeno numero procura macular. Numero pequeno que a reação da maioria honesta vai alijar.

(José Prates, 87 anos, é jornalista e Oficial da Marinha Mercante. Atualmente, é um dos diretores do Sindicato da Classe)


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Por José Prates - 30/6/2013 12:29:55
O DESPERTAR DA JUVENTUDE

José Prates

Não podemos dizer que é difícil de acreditar, mas, é surpreendente o despertar da juventude, mostrando o seu avanço político e cultural, capaz de convencer e trazer o povo à luta por seus direitos, num país em que o egocentrismo partidário domina todos os setores da administração nacional. As passeatas dos jovens, nestes últimos dias, mostram uma juventude consciente e vibrante num movimento pacífico que influenciou o povo até então, suportando calado e até submisso à negação dos seus direitos. Quando vimos a massa de povo jovem enchendo as ruas, rejeitando a presença e participação de partidos políticos, sentimos que estamos num Brasil que despertou, levantando-se do berço esplêndido, sacudido por essa juventude que nos surpreendeu a todos.
Nos anos oitenta a juventude vivia embalada pelo rock in rio, com uma minoria buscando êxtase nas drogas. Vocalistas como Jim Morrison do grupo The Doors, encantava a meninada, tornando-se um ídolo. Depois vieram os Beatles que encantaram os jovens, levando-os ao delírio. Não havia na juventude o interesse político partidário e não interessavam em conhecê-lo, deixando esse assunto para “os mais velhos” Naquele tempo, os cuidados dos pais com os filhos jovens, adolescentes, estavam nos seus locais de encontros e nas suas amizades porque já estava nascendo o perigo das drogas. Ao jovem, porém, nada interessava alem dos prazeres da juventude, longe dos “chatos” problemas dos “mais velhos” Com a chegada da Internet, considerada uma das maiores invenções do mundo no século XX, criou-se uma rede de informações não só encurtando distancias, como, também, trazendo novos conhecimentos à juventude que desde o principio interessou-se por esse novo sistema de informações que lhe abriu novos horizontes. O jovem, então, saiu do pequeno mundo em que vivia e enveredou-se pelas trilhas da internet buscando conhecer outros mundo, descobrindo seus segredos e seus problemas.
O desenvolvimento cultural da juventude aumentou desde a última década, com os trabalhadores brasileiros conquistando vitórias, como a política de valorização do salário mínimo e novos mecanismos de acesso à educação e formação profissional. A aprovação da Proposta de Emenda Constitucional n° 65, o PEC da Juventude, em 2010, representou avanço para setor específico da classe trabalhadora: os jovens. A medida concede à juventude garantias fundamentais previstas na Constituição Federal, inserindo seus problemas na agenda de políticas públicas brasileiras, criando o Estatuto da Juventude agora aprovado no Senado Federal, que reafirma direitos essenciais para a população entre 15 e 29 anos, abrindo mais espaço para educação cultural do jovem que hoje se nos apresenta aculturado, integrado à sociedade, disposto à luta na defesa dos direitos da cidadania. .

(José Prates, 87 anos, é jornalista e Oficial da Marinha Mercante. Atualmente, é um dos diretores do Sindicato da Classe)


75647
Por José Prates - 25/6/2013 12:11:05
O PROGRESSO COMERCIAL EXPULSOU O ROMANTISMO
JOSE PRATES
Por mais que queiram, hoje, ninguém consegue escrever uma crônica romântica, falando sobre a Montes Claros que conhecem e vivem hoje, porque a cidade perdeu o romantismo sertanejo ao enveredar pelo caminho do capitalismo onde amor é fantasia. O importante sobretudo é o dinheiro. Na cidade não existe mais poesia e a que existiu até a pouco no sertanejo de alma pura, desapareceu engolida pelo desenvolvimento industrial que tem tudo de comércio, mas, de romance, não tem nada. Quando a gente abre o jornal, mesmo na Internet, só vê notícias desagradáveis, quase sempre sobre assassinatos que, até, já se tornaram coisa comum e não assusta mais a ninguém. Outro dia mesmo, contei três, num único dia. Agora pensem: no passado, nem em um ano ocorria tanto assassinato assim. Agora, num abrir e fechar de olho, já tem algum corpo sem vida, estirado no chão, cercado de curiosos que nunca faltam numa hora dessas. Ah! Isto é porque atraída por emprego, veio muita gente de outros lugares, a cidade cresceu, progrediu e ficou assim. É o que dizem os mais velhos, culpando o progresso que trouxe gente de fora fazendo a população crescer desordenada, esticando a cidade para um lado e para o outro sem nenhuma infra-estrutura. Então, pra ser franco, o melhor teria sido ficar como estava, igual menina moça, quietinha, iluminada pela luz brilhante das luas cheias, fazendo as moiçolas sonharem com seu príncipe encantado, montado em seu cavalo branco, descendo a galope o Alto de São João para o encontro romântico no florido jardim da Praça de Esportes.
Muita coisa do passado vai continuar como o passado porque não se pode modificar. A Rua Dr. Santos. Uma rua principal, estreita, que satisfazia as exigências do transito de tempos atrás, mas, que hoje, pelo movimento da cidade, não passa de simples ruela que não pode ser alargada para que se transforme em uma via moderna. Vendo os problemas de transito, de moradia, alimentação, que assolam a maioria das cidades que cresceram com a industrialização, principalmente nos sertões, verificamos que o povo que viveu no passado, nunca imaginou que tamanho desenvolvimento fosse ocorrer, por isso não se preparou para o futuro que chegou, deixando todo mundo de “calça curta”. Não havia uma visão do amanhã como realmente, ele seria. No início do século vinte, quando o então Prefeito do Rio de Janeiro Pereira Passos prevendo o aumento de veículos circulando na cidade, abriu a Avenida Central, hoje, Rio Branco, com trinta metros de largura, toda população achou um absurdo uma avenida com tamanha largura. O espanto era justificado pelo pequeno numero de automóveis circulando no Rio de Janeiro, que segundo consta, não passava de duzentos automóveis para uma população que não chegava a setenta mil habitantes, sofrendo pela deficiência de transporte. Pois bem, a visão de Pereira Passos não foi exagerada. Hoje, a Avenida Rio Branco está estreita para o volume de veículos que trafega por ela. O Rio tem hoje mais ou menos dois milhões de veículos correndo pela cidade e em Montes Claros passam dos 120 mil, congestionando suas ruas estreitas que em nada mudaram ao longo desse tempo. São as mesmas de quando havia, somente, duzentos carros, que eram simples objetos de luxo dos proprietários, sem a serventia que têm hoje. Fazer o que ou reclamar a quem? Os responsáveis que não previram o futuro ou não acreditaram no que poderia acontecer, foram embora antes do progresso chegar trazendo o abacaxi que ai está para ser descascado pelos dirigentes municipais.

(José Prates, 87 anos, é jornalista e Oficial da Marinha Mercante. Atualmente, é um dos diretores do Sindicato da Classe)


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Por José Prates - 8/6/2013 17:24:31
ÀGAPE, AMOR INCONDICIONAL

Faz muito tempo, eu não me lembro exatamente quando, o meu filho mais novo, o caçula, que então, cursava o segundo grau escolar, veio a mim para eu lhe dizer o significado da palavra ágape, que estava no trabalho que a escola lhe mandou fazer. No dicionário que consultou, diz “refeição que os primitivos cristãos faziam em comum; refeição entre amigos”. Algum tempo depois, procurando o significado de Ágape, fiquei sabendo que não é somente o que meu filho encontrou na sua consulta ao dicionário. È uma palavra grega que tem um significado maior: no seu sentido mais amplo, significa amor incondicional, puro, sem qualquer interesse. Isto me despertou o interesse e, então passei a procurar o fio da meada. Esse termo, com esse significado, foi usado pelos gregos desde os tempos mais remotos como vemos em Platão que foi um dos filósofos que pregou a ágape, nascendo, então, o amor platônico, um amor puro, inocente, sem desejos. Jesus Cristo, algumas vezes, usou a palavra ágape quando falava aos seus apóstolos sobre a necessidade de amarmos a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos, de maneira franca, sincera, com toda nossa alma e nosso entendimento, sem exigir nem esperar recompensas. Isto é ágape. Este termo foi, também, muito usado pelos escritores cristãos da antiguidade e aparece constantemente nos textos bíblicos no Velho e Novo Testamento onde o amor de Deus à sua criatura é um exemplo de ágape.
O amor é um sentimento que está no ser humano desde a sua criação, orientando o relacionamento entre as pessoas. Não existe, entretanto, apenas, uma qualidade de amor que anima a alma humana, mas, três que dominam esse sentimento: Agápe, Philos e Eros, tornando o homem como ente único na natureza a manifestar dois aspectos de amor, humano e divino, que se completam e são transferidos para os objetos desses amores, criando condições de vida afetuosa.
Dentro da nossa capacidade, vamos abordar de maneira prática e rápida esses três amores que habitam na alma do ser humano,. Comecemos dizendo que Àgape, Eros e Philos são necessários ao homem para que seja um ser quase perfeito, um ser único na natureza que manifesta três espécies de amor que se completam. Esses amores são aspectos fundamentais na vida de qualquer individuo e devem ser desenvolvidos com a diferenciação de sentimentos para equilíbrio na relação entre as pessoas. Essas três formas de amor manifestam-se em três níveis que se integram entre si. Ágape, como já disse, é o amor em nível espiritual e universal, enquanto Philos está em nível psicomental e Eros em nível material, voltado e animado pela atração física que alimenta o erotismo, ou seja, o desejo carnal. Não existe unanimidade na qualidade ou volume de amor É um sistema que funciona no ser humano segundo a tendência emocional de cada um, sendo cada forma de amor em maior ou menor grau. No homem mais evoluído, iluminado pela consciência e pela sabedoria, os três amores estão em equilíbrio, mantendo equilibrado todo o sentimento.

(José Prates, 87 anos, é jornalista e Oficial da Marinha Mercante. Atualmente, é um dos diretores do Sindicato da Classe)


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Por José Prates - 20/5/2013 10:54:39
O problema migratório do Brasil afeta Montes Claros

José Prates

Tomando conhecimento diariamente, das notícias de Montes Claros que nos chegam pela Internet, vamos analisando o seu conteúdo e entrando na rotina da cidade que não é diferente de nenhum grande centro, seja lá de onde for. Os assaltos, as agressões físicas e mesmo os assassinatos que, felizmente, são poucos, em nada difere das grandes cidades porque são acontecimentos que estão ligados às metrópoles e cidades populosas. Num lugar pequeno, de pequena população, nada disso acontece e quando acontece é para assombro geral. Nesses lugares, a população pequena, unida, procede geralmente, como em família porque quando não são parentes são compadres. Nesses lugares que pouco se desenvolvem, não por culpa da população, mas, por falta de condições, é grande a migração de jovens que chegando à idade adulta, procuram mercado de trabalho, o que não existe em sua cidade.
Não se pode dizer que Montes Claros era pequena e seu sistema de vida fosse diferente do que é hoje. Era uma cidade populosa para época, mas, não apresentava os problemas que hoje se apresentam porque não havia esse grande movimento migratório que vemos atualmente, assunto que tem despertado o interesse de diversas áreas da ciência, sendo particularmente estudado pela demografia e pela geografia. O que se verifica e que tem sido objeto de estudos é o fato de que quando um grupo de pessoas migra de um local para outro, provoca diversas alterações, principalmente nos setores da economia e espaciais, esvaziando o local de origem e aumentando a população do local de destino o que causa problemas pela falta de estrutura em muitos desses lugares, como é o caso de Montes Claros de ruas estreitas onde uma grande população sente dificuldade de locomoção dentro da cidade.
No nosso entender e segundo alguns entendidos do assunto, as soluções para o problema migratório que tem afetado os grandes centros, principalmente do sul e sudoeste do país, devem ser pensadas, como afirmam muitos estudiosos, sob dois aspectos: o primeiro é encontrar solução para fixar o homem no seu lugar de origem para diminuir o processo migratório. Muitas das razões que levam à migração principalmente em regiões do norte e nordeste, são a falta de trabalho; a pouca ou nenhuma assistência à saúde pública e a educação. Não existe um programa governamental, principalmente estadual ou municipal visando proporcionar ao habitante pobre uma assistência adequada que lhe permita uma vida tranqüila e digna. Em muitos e muitos lugares não existem qualquer estabelecimento de saúde à disposição de habitante, dependendo ele de locomover-se para lugares distantes na procura de socorro médico. Sem outros recursos, tratam-se com raízes e meizinhas tradicionais, receitadas pelos mais velhos. Hoje, o Bolsa Familia, única ajuda a esses pobres, ameniza a situação, mas, não resolve o problema que não é só financeiro.. Assim, nas pequenas cidades, é importante criar estruturas melhores de atendimento à saúde e à cultura.. Com o abandono à cultura, vem a ausência da diversão o que ocorre na maioria das pequenas cidades, transformadas num lugar vazio, sem vida, levando os mais jovens a migrarem em busca da vida. E aí está a razão do crescimento desordenado de cidades como Montes Claros, destino certo de migrantes n~so de outros estados,mas, de cidades vizinhas.
O assunto é complexo, pode ser de difícil solução, mas, os governos não podem cruzar os braços e ficar a contemplar o sofrimentos dos afetados. Devem assumir uma direção e mostrar uma política clara. E isso, infelizmente, não temos visto em lugar nenhum dos país.

(José Prates, 87 anos, é jornalista e Oficial da Marinha Mercante. Atualmente, é um dos diretores do Sindicato da Classe)


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Por José Prates - 15/5/2013 09:56:20
DR. MÁRIO RIBEIRO

José Prates

Estava lendo, agora, o artigo de Aroldo Tourinho sobre o Dr. Mário Ribeiro e no decorrer da leitura, a figura do grande médico não se afastou de minha mente, dando-me a sensação de sua presença. Éramos amigos. Mas, além de amigo, eu era um seu grande admirador tanto pelo seu desempenho humano da medicina, quanto pelo seu interesse e disposição no trabalho social pela cidade e seu povo. Tínhamos a mesma ideologia política e pensávamos igual sobre o progresso do país e o bem-estar do seu povo, o que Dr Mario sempre deixou transparecer em seus atos, quer como médico ou cidadão comum. O seu amor e interesse por Montes Claros foi muito grande, manifestado publicamente quando se formou. Para surpresa de seus colegas de formatura, preferiu em começo de carreira, clinicar na sua cidade, no sertão mineiro, em vez de fazer parte de um consultório médico na capital, com grandes chances de progresso. Montes Claros não era o que é hoje, mas, também, não era uma cidade pequena. Em comércio liderava o norte de Minas e sudoeste da Bahia; na área de medicina, necessitava de mais médicos para uma população que crescia. Dr. Mário compreendeu isto e aqui se instalou tornando-se um dos principais e mais procurados clínicos da região.
Torcíamos pelo mesmo time de futebol, o João Rebelo que virou Ateneu, aliás, criação do próprio Dr Mário. Eu estava no O Jornal de Montes Claros onde era o “faz tudo” porque na redação era eu e só eu. Para as noticias do esporte de que eu nada entendia, sempre procurava o Dr. Mário para as novas do Ateneu e “seu” Loyola para saber do Cassemiro de Abreu, únicos times que realmente interessavam ao leitor. Os outros, como o Ferroviário, tinham pouca importância no cenário esportivo da cidade. Como aficionado do Ateneu que por força do hábito, eu sempre chamava de João Rebelo, não conseguia redigir um comentário esportivo sem puxar a brasa para o seu lado, o que desagradava muita gente. Sobre isto fui chamado atenção pelo Diretor do jornal, o Dr. Luiz Pires e tentei fazer um comentário imparcial, o que não consegui. Entreguei, então, a parte esportiva para Lazinho, um jovem que estava começando no jornal, mas, entendia de esporte muito mais do que eu.
Quando fui transferido para o Rio de Janeiro fui despedir-me do ilustre amigo que me desejou felicidade no novo endereço, salientando que o Rio poderia me oferecer melhores chances no meu trabalho como jornalista. Conversamos bastante sobre o Rio de Janeiro que eu pouco conhecia, Ficamos, então, entendidos que não perderíamos o contato e aconselhou-me a continuar escrevendo no jornal como correspondente no Rio. Assim, disse-me ele, os amigos não perderiam o contato comigo. Falei com o saudoso Dr Oswaldo que aceitou a idéia e durante algum tempo, colaborei à distancia como jornal.
Quando tive notícias de sua eleição para a Prefeitura, mandei-lhe um telegrama dizendo de minha alegria pela sua escolha pelo eleitor montesclarense para dirigir sua Prefeitura o que significava a consciência política do povo de nossa terra. Sempre que tinha contato com Montes Claros, procurava saber sobre a administração de Mario Ribeiro e as informações eram agradáveis. A noticia de sua morte foi uma surpresa desagradável que nos atingiu, deixando-nos bastante tristes. Só nos restou orar pedindo a Deus para recebê-lo como um dos benfeitores de Montes Claros.

(José Prates, 87 anos, é jornalista e Oficial da Marinha Mercante. Atualmente, é um dos diretores do Sindicato da Classe)


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Por José Prates - 30/4/2013 08:22:24
O Jornaleiro

José Prates

O leitor Cesar Xavier tem razão quando diz na mensagem 75311, postada neste mural, agora, dia 27, que todo mundo fala sobre o passado da cidade, lembrando nomes de vultos que fizeram história, mas, ninguém fala sobre o jornaleiro que de jornal nas mãos, saia às ruas, anunciando aos gritos, as suas manchetes. A cidade estava mudando com o desenvolvimento econômico que chegava e com ele nascia a imprensa verdadeira, real, noticiosa com repórter de rua trazendo noticiário vasto sobre tudo que acontecia na cidade, coisa que não existia, até, então. Para dar vida a essa imprensa, o jornaleiro saiu da “banca” e veio para as ruas, anunciando aos gritos as manchetes, como nos grandes centros, sem tirar nem por. O jornal nasceu, cresceu e tornou-se obrigatório nas bancas. Vendo isto, nós nos perguntamos o que seria do jornal que surgia se não existissem as bancas e os jornaleiros, responsáveis pela sua divulgação? Ninguém pode negar a importância do jornal para a sociedade que se conduz, quase sempre, pelo que os jornais dizem. Assim, conclui-se que a informação jornalística tem um grande valor para a sociedade, principalmente pela influencia no pensamento e na orientação da conduta social. Daí, então, a importância do jornaleiro como distribuidor do jornal. Não é, porém, exclusivamente na rua, de exemplar em punho, anunciando a manchete, que está a atividade desse profissional. Existe, também, a banca onde jornais e revistas são postos à venda, completando a distribuição ao público. É um espaço cultural bastante conhecido da população, de fácil acesso seja a pobre ou rico, mantida pelo jornaleiro humilde, que faz parte da sociedade, sem qualquer discriminação.
Existe, hoje, nos nossos dias, um novo meio de comunicação tecnológico, a internet, aliás, eficiente pela vastidão de informações que lhe é possível fornecer ao consulente, mas, que não está ao alcance de todos. Portanto, o único meio popular é o jornal impresso distribuído nas bancas e vendido nas ruas pelo jornaleiro que se tornou um grande prestador de serviço à sociedade, por isso, então, ter o reconhecimento de pessoas influentes e autoridades importantes que lhe prestam homenagens quando surge uma oportunidade como aconteceu aqui, no Rio de Janeiro, no ano passado, em 30 de setembro, Dia do Jornaleiro. O Sindicato dos Jornaleiros do Estado do Rio de Janeiro, com apoio da Prefeitura e outras empresas que atuam no seguimento, realizou um grande evento na Churrascaria Estrela do Sul, para comemorar o Dia do Jornaleiro que contou com a presença de quinhentos convidados, entre eles o Prefeito Eduardo Paes que fez entrega de uma placa aos dois mais antigos e ativos jornaleiros da cidade, escolhidos pelo Sindicato como representantes da classe. Na ocasião, o Prefeito declarou o jornaleiro como bem imaterial da cidade o que realça a importância social desse profissional. Não há dúvida de que Cesar Xavier que possivelmente, é ou foi um jornaleiro, está pleno de razões ao queixar-se do esquecimento desse profissional nos comentários sobre o progresso da cidade. Nós mesmos, jornalistas, nos esquecemos de que o que escrevemos é publicado nos jornais que os jornaleiros distribuem. Não são, evidentemente, nossos colegas de profissão, mas, laboram na mesma área que é o jornal. Podemos, então, tratá-los como colegas, o que nos honra, naturalmente.


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Por José Prates - 24/4/2013 18:01:28
A nossa Montes Claros

José Prates

Quando ouvimos falar sobre Montes Claros, como ontem, quando a TV Globo noticiou os tremores de terra que lá acontecem, não podemos impedir que nos venha à mente a cidade que nos recebeu na adolescência e nos encaminhou para a vida, cujos passos ainda trazemos na memória. Estivemos lá em janeiro passado, mas, a encontramos, para nós, quase irreconhecível porque a nossa Montes Claros, a cidade sertaneja bonita, com linguajar mineiro, perdeu muito do seu jeitão sertanejo. Cresceu e com o crescimento muita coisa modificou-se, sem, contudo, perder aquela maneira gostosa do sertanejo sem pressa, parando na rua pra cumprimentar o amigo. A cidade cresce, o modernismo chega, mas, a humildade continua a embelezá-la com aquela fala mansa no sotaque mineiro misturado com baiano. No mundo inteiro, poucos lugares existem com a beleza poética do sertão mineiro, cujos filhos esbanjam filosofia no linguajar.
No centro da cidade, ficamos parados numa esquina, olhando pra um lado e para o outro sem identificar ninguém que passava apressado, no ritmo de lugar grande. As ruas são as mesmas, com a mesma largura, como a Dr Santos que pouco mudou. Quanta saudade dessa rua, a principal, onde estavam o centro comercial e as principais residências como a do Dr Alfeu, do Dr Konstantin, de Luiz de Paula; e as lojas mais famosas como a de Waldyr Macedo, o Foto Pinto, o Jornal de Montes Claros e lá na esquina com Rua Quinze, o bar de Zé Periquitinho com seu caldo de cana e pastel feito na hora. Descia um pouco, passando pela loja de automóveis, vinha o velho mercado municipal atulhado de bancas, ainda exalando o cheiro forte de pequi. O ambiente quase o mesmo de outros tempos, nos conduz ao passado, mas, a gente que passa apressada, enchendo os passeios, nada nos diz. São pessoas desconhecidas, vinda de outros lugares que fizeram a cidade crescer para lhes abrigar. Ninguém nosso conhecido; ninguém se abrindo em sorriso, de braços abertos, vindo ao nosso encontro para um abraço de boas vindas. Ali, os desconhecidos éramos nós.
A Montes Claros que deixamos e que temos na lembrança parece com a que estávamos vendo, mas, não era ela. O lugar onde nascemos ou simplesmente fomos criados até a idade adulta e de lá nos afastamos por qualquer circunstancia, permanece em nossa lembrança como o víamos e o sentíamos então, porque à lembrança convém manter intacto como gravou, aquilo que lhe faz reviver o passado, sem a influência do tempo que a tudo modifica. Assim, Montes Claros está em nossa mente. Humilde, com jeito sertanejo; líder sem a pretensão de se impor. Pouca gente nas ruas; habitantes, eram cinqüenta mil. Hoje são quatrocentos mil que encheram as ruas de novos prédios e deram à cidade outras fronteiras. Sufocou a poesia e destruiu a brejeirice da sertaneja mulata, namorada do sertão, cheia de poesia nas noites de seresta na voz de Nivaldo Maciel e João Leopoldo. Sofreu a ação do tempo que lhe fez crescer para abrigar os milhares de almas que lhe procuram como abrigo. É o progresso que ignora a poesia, na busca do desenvolvimento. Vamos, porém, deixar que continue em nossa lembrança a Montes Claros do nosso passado, a Montes Claros amiga que nos recebeu, nos abrigou e nos abriu espaço para a vida.


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Por José Prates - 18/4/2013 21:46:07
MENINOS DE RUA, PROBLEMA SOCIAL

JOSÉ PRATES

Em outubro de 2004 realizou-se na sede do Pontifício Conselho da Pastoral para os Migrantes, em Roma, o Primeiro Encontro Internacional para a Pastoral dos Meninos de Rua, com a participação além dos Superiores do Pontifício Conselho, dois Bispos e vários sacerdotes representando as Conferências Episcopais de onze nações européias, como, também, representantes de sete países de outros continentes, incluindo “experts” do Brasil, Filipinas, Índia, México e Perú. Na ocasião, o Papa João Paulo Segundo enviou mensagem de incentivo aos participantes do Encontro, com “calorosos votos para o bom êxito do Congresso, lembrando-lhes da predileção de Jesus pelas crianças, em favor das quais o Santo Padre deseja que o providencial encontro contribua para formular propostas concretas de eficazes acolhida e assistência aos sem casa e sem família, para a tutela dos direitos e da dignidade de cada menino e menina em dificuldade”. Para confirmar “a necessidade de ação social e religiosa”, Sua Santidade assegurou a todos os participantes, uma oração propiciadora para os que se dedicam a evangelizar o mundo juvenil, assim como para aqueles que são confiados aos seus cuidados.
No final desse Encontro Internacional, depois de muita discussão, troca de notícias, opiniões e aprofundamento, como acontece em todos os encontros e reuniões dessa natureza em órgãos governamentais, religiosos ou sociais, chegou-se à conclusão de que, sem dúvida, os meninos de rua constituem um dos desafios mais comprometidos e inquietantes do nosso século tanto para a sociedade civil como,também, para a Igreja.. Conclui-se que estamos diante de um fenômeno de grande e insuspeitável amplitude, inclusive para as instituições públicas. Trata-se de uma população de rua, espalhada pelo mundo, composta por cerca de 100 milhões de crianças, segundo as estimativas. Além disso, é um fenômeno em crescimento em quase todas as partes da terra, o que implica uma verdadeira e própria emergência social, além da pastoral. Mas, apesar das conclusões a que chegaram sobre a gravidade do problema, não se mobilizaram adequadamente para em conjunto, proceder a intervenções eficazes de prevenção e recuperação. O que se vê na sociedade civil é a atitude que prevalece, aquela de alarme social, porque imaginam diante de si uma ameaça à ordem pública. Portanto e isso está à vista, existe uma preocupação maior com a proteção pessoal perante o suposto perigo constituído pelos meninos de rua, do que uma disposição de ajudá-los, o que torna difícil fazer emergir o sentido humanitário e solidário do problema, e, mais ainda, o sentido cristão de ajuda ao próximo,.diante do sério problema. A sociedade, na sua maioria absoluta, acha mais cômodo meter a mão no bolso e oferecer uma pequena quantia para a pobre criança faminta e maltrapilha, que organizar-se para prestar-lhe socorro, criando-lhe ambiente e condições dignas de vida. A própria Igreja organizou-se em comissão, estudou o problema e o conheceu a fundo, mas, até hoje nada fez de concreto para resgatar da miséria e da ignorância esses menores que pululam pelo mundo.
Como vemos, os meninos de rua não são um problema unicamente nosso, brasileiro. É sim, um tema comum na realidade do mundo inteiro. Por qualquer lugar que passarmos seja em países pobres ou ricos, o problema existe como existe também, em todos eles, uma dicotomia: de um lado estão aqueles que se irritam vendo aquelas crianças maltrapilhas pedindo esmolas nos sinais de transito, não reparando o perigo que correm aqueles meninos mal tratados e famintos. Para essas pessoas, o caso é de polícia que deve agir retirando essas crianças da rua e tudo estará resolvido. Por outro lado, existem aqueles outros que pensam tratar-se de um problema social, encarando, porém, a situação de maneira distorcida, por acreditar que a falta de alimento é que joga aquela meninada para esmolar nas ruas. Se fosse isto, a pequena esmola que dão, suficiente para comprar um pão, resolveria o problema. Mas, não é assim. Na maioria das vezes, essa pequena esmola não vai para o pão, mas, para o “crack”, para a “cola” ou para outra droga que alimenta o vício e “alivia o sofrimento”. Não é um problema que pode ser resolvido com esmolas nem com atuação pura e simples da policia porque a situação é mais complexa do que se imagina. O que existe, entre outras coisas que levam a criança a esse estado, é a falta de educação capaz de integrá-la na sociedade, respeitando as suas normas. Faltou a ela o aconchego do lar com atenção e carinho dos pais que a maioria não sabe quem são ou onde estão. Hoje, no estado em que essa meninada se encontra, não é com uma pequena esmola para comprar um pão que se resolve o seu problema, mas, com seu recolhimento a um abrigo adredemente preparado, onde serão reeducados para o convívio social. Mas, onde estão esses abrigos? É a grande pergunta. Devido à sua complexidade, a questão demanda uma arbitragem, também, complexa e, com toda certeza, não se há de resolver com esmolas nem, tampouco, com ação policial para retirar esses menores das ruas, mas, com interesse sincero em solucionar o problema, o que não encontramos em lugar nenhum, como vimos em reuniões sociais e religiosas quando discutem e se interam da situação dramática, mas, nada fazem.


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Por José Prates - 11/4/2013 16:23:52
Parabéns à Polícia do Meio Ambiente

José Prates

É sumamente agradável, tanto para os moradores da cidade quanto para os montesclarenses que residem fora da cidade, a leitura de uma mensagem posta neste Mural, dando conta de que a Policia do Meio ambiente “em continuidade ao trabalho desenvolvido pelo 4º Pelotão do Meio Ambiente da 11ª Cia da PM, no intuito de coibir praticas abusivas ao uso de som automotivo na cidade de Montes Claros”, manteve-se vigilante e, por essa atitude na defesa do cidadão, efetuou a apreensão de um veiculo de som que depois de procedidas as diligências de praxe, como medição do som emitido constatando 77 decibéis, acima, portando, do que é permitido por lei, o veículo foi removido para o Patio Sapucaia. Encerrando a diligência com a prisão do responsável pela transgressão da lei do meio ambiente, segundo a nota da Polícia Essa atuação da polícia do meio ambiente que, naturalmente, não foi a primeira nem será a última, mostra ao cidadão montesclarense o empenho das autoridades policiais, certamente com apoio das autoridades municipais, em manter a ordem em todos os setores de atividade na cidade, garantindo a tranqüilidade do habitante que de há muito vinha sendo quebrada pela abusiva utilização de carros com alto falantes percorrendo as ruas emitindo sons que atingiam uma pressão sonora acima de 77 decibéis num total desrespeito às leis, causando graves prejuízos ao descanso do habitante trabalhador. A população não se calou e reclamou com veemência contra o barulho que lhe incomodava e lhe prejudicava o descanso após um dia de trabalho, no que foi apoiada por este jornal, veiculando os reclamos do habitante prejudicado no seu sono. . .
Não vamos dizer que a polícia do meio ambiente, simplesmente cumpriu o seu dever porque devemos ressaltar a atenção que deu ao clamor da sociedade local que se sentia agredida. Não queremos e nem podemos dizer que essa policia agiu sob pressão da sociedade, mas, atendeu como policia, às reclamações do povo e saiu em campo em diligência para apurar os fatos denunciados como transgressão das leis e coibir abusos, se existentes, porque é um crime de ação pública como diz o artigo 100 do Código Penal, segundo o qual “a ação penal é pública, salvo quando a lei, expressamente, a declara privativa do ofendido”. O parágrafo 1o do mesmo artigo diz que “a ação pública é promovida pelo Ministério Público, dependendo, quando a lei o exige, de representação do ofendido ou de requisição do Ministro da Justiça”. Neste caso o ofendido foi a sociedade que clamou providencias das autoridades numa ação pública, para fazer cessar a agressão ao meio ambiente e prejuízo ao descanso do trabalhador. A polícia do Meio Ambiente entendeu assim e assim agiu, dando inicio ao combate a agressão tanto ao meio ambiente quanto ao direito do cidadão ao sagrado descanso após o trabalho. Leis que amparam a ação contra os crimes de agressão ao meio ambiente existem na legislação brasileira. Em muitos lugares, porem, não são cumpridas e talvez, nem conhecidas porque não há interesse em divulgá-las ou colocá-las em cumprimento. A ação correta da policia montesclarense é um exemplo da aplicação dessa lei, exemplo que deve ser seguido por cidades que têm o mesmo problema.

(José Prates, 87 anos, é jornalista e Oficial da Marinha Mercante. Atualmente, é um dos diretores do Sindicato da Classe)


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Por José Prates - 6/4/2013 11:13:20
A Montes Claros que não sai da mente

Jose prates

Quando abro na internet o montesclaros.com, para ler as noticias da cidade, não é a Montes Claros de hoje, com jeito de metrópole que eu me lembro, mas, a cidade fagueira, gostosa, com sotaque sertanejo e cheiro de pequi com arroz, que a memória me traz à mente, fazendo-me reviver a cidade de minha adolescência onde pela primeira vez assinei o “o livro de ponto” ao chegar para o trabalho, no primeiro emprego. A cidade já era grande e liderava o comércio na região, porque desde que nasceu como Arraial das Formigas, teve grande interesse no desenvolvimento econômico e até hoje não parou de lutar pelo crescimento, o que é visível no seu dia-a-dia. Quando leio neste site as notícias que o povo nos traz, observo as mudanças por que Montes Claros passou, no cumprimento do seu destino de grandeza. Líder da região, sempre foi desde a sua descoberta em 1768 até hoje quando apresenta um grande e variado comércio varejista acompanhado pela indústria, destacando-se a algodoeira. A pecuária, porém, é e sempre foi o lado forte de sua economia, desde a sua descoberta. Pelo que vimos agora em janeiro último, quando de nossa visita à cidade para rever parentes e amigos, Pelo que vimos percorrendo as ruas asfaltadas e os altos prédios, a cidade mudou de fisionomia mostrando-se moderna com ares de riqueza. A vocação desenvolvimentista não morreu, continuando ativa no montesclarense de hoje que continua com o mesmo interesse pelo progresso econômico e cultural do lugar onde nasceu ou foi acolhido como filho.
. A pecuária foi o começo de tudo. Foi daí que nasceu o interesse pelo progresso, fazendo crescer cada vez mais, o rebanho bovino que era comercializado. No inicio, quando da descoberta das terras, a procura por novas pastagens fez com que alguns colonizadores se afastassem do litoral, entrando no interior do novo território, quando, então, descobriram esse pedaço de terra onde havia grande pastagem capaz de permitir a criação de bovinos. Com o passar do tempo, a pecuária instalou-se como principal atividade em grandes fazendas, fazendo nascer o povoado Arraial das Formigas que não demorou a ser elevado a cidade com o nome de Montes Claros que atraiu moradores, crescendo e tornando-se a principal da região, como é até hoje. Um dos fatores que mais contribuíram para o desenvolvimento econômico da região, foi o saudável entendimento entre os colonizadores o que era mantido sem interesses que pudessem ferir a amizade entre eles, garantindo a coesão na ação de desenvolvimento, sendo, naturalmente, a origem da união que se desenvolveu entre os habitantes, dando a todos a impressão de uma grande família. Até os anos cinqüenta, ainda era assim.. O hábito de saudar um ao outro ao se cruzarem nas ruas, onde andavam sem pressa, mostrava a amizade e o respeito entre eles o que não deve ter desaparecido, pelo menos entre os mais velhos, porque é um sinal não, apenas, de amizade, mas, também, de respeito à pessoa humana. Com saudade, eu me lembro quando recém casado, morando na Rua Bocaiúva que margeava a Estrada de Ferro. De lá saia para o trabalho no jornal que ficava na Rua Dr. Santos, vizinho do Dr Alfeu de Quadros, político de alta influência, Nesse trajeto que compreendia a Praça da Estação ali pertinho, entrava na sede do Tiro de Guerra para cumprimentar o Sargento Benicio e de lá descia a Avenida Francisco Sá onde sempre encontrava Pedro Leopoldo que já estava indo para a Agencia da Real Aerovias. Dobrava a esquina e ia direto para a Praça do Grupo Gonçalves Chaves, hoje Praça Dr João Alves. e descia a Rua, não me lembro o nome, passando pelos escritórios de Edgard Pereira e de lá ia para o jornal. Nesse trajeto encontrava com muita gente conhecida e sempre parava para cumprimentos ou falar sobre a família. Esse era um costume que hoje, talvez não exista mais porque quase todo mundo usa o transporte coletivo que naquela época não existia e, portanto, não impedia, como hoje impede, esse saudável encontro entre pessoas. Temos que entender, porém, que Montes Claros mudou e os hábitos dos habitantes, também, mudaram. .


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Por José Prates - 28/3/2013 17:13:47
A crônica de Augusto Vieira veio nos trazer alegria, a mim e a Afra por falar de Suzana Prates. Foi um tempo gostoso passado em nossa aldeia, trabalhando no jornal, no predio vizinho ao de Suzana. "Gente boa" como dizemos hoje. "Moderna" que não dava bola pros preconceitos socais que tolhiam a liberdade da mulher. Sonia, a irmã mais nova, era diferente. Ainda criança,muito achegada a Erotildes, não mostrava disposição para sair do sistema que, naquele tempo, a sociedade impunha à mulher. Não "puxou", como Suzana, o temperamento da mãe Helena, que veio dos Prates. Foi mais o lado do pai. Obrigado amigo Augusto por nos trazer a boa notícia. JPRATES


74950
Por José Prates - 27/3/2013 11:24:58
Jacaraci, a terra que não me sai da memória

José Prates

Acredita que nenhum de nós se esquece os anos da infância que, por mais difíceis que tenham sido para nossos pais, a nós, não nos pareceram dolorosos. A infância não admite sofrimento porque é o período da inocência que não deve ser desfeito. Pode faltar comida, hoje, mas, amanhã, se aparecer algo na mesa, será festa, fazendo o ontem ser esquecido, continuando a alegria inocente. A infância foi o pedaço de minha vida que passei em Jacaraci, uma,cidadezinha poética onde nasci ao mundo, mas, de onde estou distante há muitos e muitos anos, sem, contudo, esquecê-la, não só por alguns parentes que, ainda, moram lá, como, também, pelo tempo que lá vivi ainda criança. Foi um pedaço de minha vida que me ficou indelével na memória. Quanta coisa que a memória guarda como relíquia, mostrando-me que tive infância. Sempre que ouço a música "Lata d`água na cabeça" eu me lembro de "Sá" Maria, uma "botadeira d´agua", de lata na cabeça protegida por uma "rodilha" de pano, subindo o b eco de Titone para abastecer a casa da freguesa, na rua de baixo. Era água da "bica", que vinha do rio de águas límpidas mostrando os cardumes de piabas nadando de um lado ao outro, buscando o que comer. Isto é coisa do passado.que a memória guardou. Hoje, não existe mais uma situação dessas que, até, pode parecer poetica, mas, era dolorosa para a coitada de "Sá" Maria, o dia inteiro no vai e vem de lata na cabeça pra encher os potes colocados nas cozinhas das freguesas. Até há pouco tempo, que eu saiba, a lavoura nessa região esperava a chuva que viesse para ser irrigada e produzir. A chuva era coisa rara, pedida a Deus em orações e penitências. Agora a irrigação mudou. Está sendo feita com água do Rio Gavião. Asfalto? Ali, ninguém sabia o que era isto. Hoje, todo mundo sabe, todo mundo conhece porque chegou com as estradas asfaltadas e quem sabe? Um dias, as ruas, também,. "A luz elétrica, essa foi estendida para todos os cantos, inclusive nos povoados que também adquiriram poste da iluminação pública", Na minha infância, luz elétrica só na Igreja, nos dias de novena, fornecida por um motor instalado na farmácia do "seu" Chiquinho David, pertinho da Matriz. E tem mais que o progresso trouxe: ônibus escolares, mantidos pela Prefeitura, buscando alunos no campo para trazê-los para a escola na cidade. A educação melhorou muito nestes últimos anos. Creio que isto tenha acontecido, mas, dificilmente chegará ao nível da educação minist rada pela saudosa Professora Julieta Paranhos Cardoso David. Disso posso citar exemplos como Dalcy, escritor, autor de dois ou três livros; Lafontaine, Julizart, Date e alguns outros que fizeram, apenas, o primário e demonstram ou demonstravam no seu dia-a-dia capacidade intelectual superior a esse nível, graças ao excelente curso que fizeram, ministrado por essa inesquecível mestra. Bem educar, era o compromisso da mestra com ela mesma. Hoje, pelo que nos dizem as escolas foram reformadas e oferecem conforto aos alunos, coisa que não existia no nosso tempo. Também, o lugar era pequeno, em vista do que é hoje. . Não me esqueço, também, de Irundiara, um distrito. Quando eu era criança, onze anos, aprendiz de telegrafia, falava ao telefone com Irundiara, com "seu" Miguel o telefonista dos Correios que transmitia e recebia os telegramas destinados ao lugar. Um dia fui, a cavalo, conhecer Irundiara, onde, também, meu tio Juvenato vendia na feira, caldo de cana e "tijolo" com requeijão. Hospedei-me na casa de "seu" Miguel onde dormi à luz de um "candeeiro" de azeite. Hoje, pelo que eu li, é luz elétrica e as ruas estão pavimentadas emprestando ao lugar "ares de cidade". Talvez não demore a emancipar-se. Voltemos a Jacaraci e vamos para o velho mercado, no "largo da feira". Dia de sábado, vinha aquele povão da roça trazendo nas bruacas no lombo de burro, o que tinham para vender e postavam-se no largo atraindo os fregueses. Hoje, modernizou-se e possui boxs destinados a isto e aquilo sem bruacas e sacos abertos no chão do largo, esperando o freguês. Hoje, pelo que fiquei sabendo, Ja caraci tem outra cara. É uma cidade limpa bem tratada que faz bom uso dos recursos que o Governo Federal lhe fornece como PAC, Brasil Sorridente, etc. O que temos é uma cidade limpa, bem cuidada e bonita, cresce feliz à medida que seu povo vai sendo bem servido. Jacaraci que não me sai da memória .

(José Prates, 87 anos, é jornalista e Oficial da Marinha Mercante. Atualmente, é um dos diretores do Sindicato da Classe)


74893
Por José Prates - 22/3/2013 09:31:20
A importância do montesclaros.com
Leva notícias da cidade e dos seus problemas, ao montesclarense distante

José Prates

A importância da imprensa na informação e formação da opinião pública tem sido objeto de estudos e pesquisas de inúmeros cientistas, políticos, juristas e filósofos que se têm dedicado a analisar o papel da imprensa na sociedade, como, também, o seu poder, às vezes, utilizado indevidamente, desviado para grupos ou organizações contrárias aos interesses da coletividade. Nós nos referimos à imprensa no sentido lato, incluindo rádio, televisão e agora a internet. O filosofo austríaco, naturalizado britânico, Karl Popper era de opinião que o papel da imprensa, o quarto poder, é o de controlar por meio da critica ou orientar por meio de informações, os outros três poderes tradicionais: executivo, judiciário e legislativo levando-os a ações que tragam benefícios à sociedade. Hoje, em nossos dias, graças ao desenvolvimento não só econômico como, também, cultural do Brasil, a imprensa não está, apenas, nas capitais ou grandes cidades do interior, mas, na maioria das cidades brasileiras grandes e pequenas onde é sentida a importância da imprensa, nos hebdomadários editados nas pequenas localidades interioranas. Aqui entre nós montesclarenses que vivemos longe a terrinha, o virtual “montesclaros.com” é de grande interesse mesmo fora do país, não só pela sua forma “sui generis” de jornalismo com a participação direta dos leitores na sua redação, como, também, pela sua impressionante penetração, graças ao poder da internet, chegando ao montesclarense em qualquer lugar do mundo em que ele esteja.
Nós sabemos e sobre isso não há dúvidas, que a característica essencial da democracia é submeter e manter os poderes político e econômico sob controle.. O poder e a importância da imprensa estão exatamente aí por que. não pode nem deve existir nenhum poder sem controle. É daí, então, a importância da imprensa que fiscaliza e informa, dando à sociedade a oportunidade de exigir correções nas administrações. Entretanto, como o poder da imprensa é grande, é necessário, também, que seja, exercido de maneira controlada, sem exageros. Nenhuma democracia pode sobreviver se o poder da imprensa não for honesto e rigorosamente controlado. Esse controle deve estar no próprio jornalista que busca a notícias ou faz a cobertura de acontecimentos, Esse controle existe em nossa imprensa montesclarense como vemos no montesclaros.com que pela sinceridade do seu conteúdo, influencia as autoridades na prática de atos em beneficio da população,como, agora, no caso do “barulho”. O Mural veiculou as reclamações do habitante; crônicas foram publicadas chamando a atenção das autoridades para o perigo da poluição sonora, prejudicando o meio ambiente. O Mural foi a voz do povo, foi o clamor popular. As autoridades, então, agiram alertadas pelo povo e fizeram o barulho cessar. Um resultado que agradou a todo mundo e mostrou o prestigio e o poder deste jornal.que tem o povo como editor. Desse tipo de jornalismo, é o, único no Estado e talvez no país.
Quando abro na Internet o moc.com., o que faço quase todos os dias, depois que o descobri por intermédio de Ivanilde Prates, uma amiga montesclarense, eu tomo conhecimento do que se passa na cidade e enquanto leio coloco-me no ambiente da noticia, passando a vivê-la, o que me facilita comentá-la. É uma maneira de viver Montes Claros, trazendo ao presente um passado que nunca, será esquecido;

(José Prates, 87 anos, é jornalista e Oficial da Marinha Mercante. Atualmente, é um dos diretores do Sindicato da Classe)


74828
Por José Prates - 16/3/2013 17:07:51
O BARULHO ACABOU?

JOSÉ PRATES

As leis municipais que impedem a agressão ao meio ambiente pelo barulho que tanto incomoda o indefeso habitante não eram aplicadas, não sabemos por que, deixando à vontade para operarem suas fabricas de barulho, os irresponsáveis perturbadores do sossego público. O clamor da população foi grande, o povo “botou a boca no mundo” e as autoridades tiveram que agir, aplicando a lei em vigor, fazendo os fabricantes de barulho procurarem outro meio de diversão. Mas, por incrível que pareça, esses promotores de barulho que não se incomodam, não se preocupam com a tranqüilidade, nem com a paz de ninguém, porque são egocêntricos, estão procurando um meio de derrubar ou modificar essa lei “que lhes prejudica”. Só falta dizer que é inconstitucional porque lhes tira o direito de perturbar o pobre operário, ávido de descanso, depois de um dia de trabalho cansativo. Não sabem, porém, que existem leis estaduais e federais que punem tais procedimentos em qualquer parte do país. Mas, que não existam leis nem municipal, nem estadual, mas, existe em vigor nas pessoas normais,em convivência social, uma lei maior que se chama consciência e respeito ao direito alheio que é aceita e cumprida fielmente pelas pessoas normais que vivem em sociedade.
Os poluidores do meio ambiente precisam saber e por isso é necessário dizer que segundo estudos feitos sobre a ação da poluição sonora,sobre o ser humano, chegou-se à conclusão de que o som acima do nível aceito pelo ouvido, pode, em alguns casos ou em alguns indivíduos, causar estresse, e com isto, interferir na sua disposição para o trabalho, inclusive prejudicar-lhe a comunicação oral, que é a base da convivência humana. Vem, ainda, perturbar o sono, o descanso e o relaxamento o que, como está comprovado, causam problemas serios à saúde do individuo impediendo-lhe a concentração necessária ao raciocinio perfeito, portanto, à normalidade da vida. E o que é considerado mais grave, a poluição sonora cria na pessoa um estado de cansaço e tensão que podem afectar significativamente o siatema nervoso com graves prejuizos à sua atividade, impedidndo-lhe de trabalhar em qualquer setor. Pode ser que o som demasiadamente alto seja agradavel a alguem, seja a maneira de divertir-se. Mas, esse alguem precisa saber que a sua diversão vai prejudicar a muita gente, sendo. portanto, um crime sujeito às sanções impostas por lei.


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Por José Prates - 12/3/2013 17:03:13
As mulheres na história

José Prates

A mensagem 74730 de Ucho Ribeiro, chama a atenção para um fato que pouca gente percebe: a mulher, por mais ilustre que tenha sido ou por mais beneficio que tenha trazido a seu povo, não se torna famosa ou conhecida nacional ou internacionalmente. Em muitos casos, não passa de “a viúva de fulano de tal” ou “a mulher de beltrano”, sem lhe dar a importância pessoal que merece como mulher dinâmica, trabalhadora, benfeitora da comunidade, do Estado e até do País ou simplesmente como cidadã interessada pelo bem comum. Raramente, muito raro mesmo é a mulher ser homenageada como nome de logradouro público, em qualquer lugar do mundo. A mulher é necessária em tudo. É da dela que nasce a população humana que habita o mundo; é a fêmea que povoa os campos e enche os céus de voadores. Nós sabemos, nós conhecemos a importância da mulher em nossa vida, porque desde geração no ventre até a idade adulta, fomos conduzidos por uma mulher que nos guiou e orientou para assumirmos a vida própria, sem, contudo, dispensar a sua companhia. Vem, então, o casamento quando outra mulher assume o controle de nossa vida familiar.
Tivemos no Brasil mulheres de grande importância como a imperatriz Leopoldina que desempenhou um papel de grande importância na independência do Brasil, influenciando na decisão de seu marido Dom Pedro I. Depois veio a Princesa Isabel (1846-1921) que enfrentando toda resistência dos agricultores e comerciantes que então, dominavam a economia do império, no dia 13 de maio de 1888, assinou a lei Áurea, que dizia: "A partir desta data ficam libertos todos os escravos no Brasil.". Tivemos, também, Anita Garibaldi que se projetou como a primeira enfermeira militar, atuando na guerra do Paraguai, ao lado do marido, enquanto na França, Joana D’arc contrariando as regras sociais da época, trajou-se de homem, assumiu o comando do exercito francês e venceu a Inglaterra na guerra dos cem anos. Os governantes franceses temerosos que ela organizasse uma grande aliança dos camponeses e tomasse o poder, entregaram-na aos Ingleses que a julgaram e a condenaram à morte na fogueira, por atos de bruxaria. Apesar dos seus grandes feitos, pouco, fala sobre elas, sendo praticamente desconhecidas. No mundo inteiro, são poucas as homenagens a essas mulheres com nomes de logradouros ou estatuas em praça pública. A própria Bíblia Sagrada, no livro da Gênesis, capítulo 2, verso 18, falando sobre a criação da mulher, a coloca submissa ao homem quando diz: “Disse mais o Senhor Deus: não é bom que o homem esteja só; far-lhe-ei uma companheira que lhe seja idônea” o que, naturalmente, influenciou na formação da mulher para companheira fiel e submissa ao homem o que, ainda hoje é seguido, em várias partes do mundo, principalmente em alguns países da Arabia, onde a mulher, sem vontade própria, é totalmente submissa ao homem. No ocidente, porem, a mulher criou asas e vôo em busca do seu lugar, tornando-se independente, conservando, porem, as características e qualidades femininas como a vaidade e os cuidados com a beleza física. Diferente da maioria dos homens, a mulher quando alcança o poder o exerce de maneira discreta sem alarde, sem preocupar-se em se mostrar poderosa. Temos, entre nós, o exemplo da Presidente Dilma que governa bem, sem alardear seus atos, atitude comum nas mulheres. . Raras exceções são as que se apresentam como poderosas, buscando proveito próprio.

(José Prates, 87 anos, é jornalista e Oficial da Marinha Mercante. Atualmente, é um dos diretores do Sindicato da Classe)


74698
Por José Prates - 3/3/2013 09:47:34
A REPRESSÃO À FÁBRICA DE BARULHO ESTÁ FUNCIONANDO

JOSÉ PRATES

O que vemos agora, nas mensagens postada no MURAL, são leitores parabenizando a Prefeitura e a Polícia do Meio Ambiente pelo combate ao barulho vindo de carros de som que circulam pela cidade, perturbando todo mundo. As reclamações foram muitas e não caíram no vazio: a mensagem 74683, como algumas outras que foram publicadas, expressam o agradecimento do habitante e parabenizam a Polícia pelas medidas adotadas que fizeram cessar o barulho que tanto lhe incomodava. As multas que foram aplicadas aos infratores, conseguiram convencê-los a fecharem a fabrica de barulho. “Só mexendo no bolso que eles entendem”, como diz a mensagem de Francisco Nunes e nós concordamos.
Foi no meio do ano passado que, depois de uma avalanche de reclamações do povo, a Policia e a Prefeitura resolveram agir firmando um convênio de ação conjunta contra o barulho, o que surtiu algum efeito, fazendo diminuírem e até desaparecerem as reclamações do povo, sinal de que o barulho diminuiu. Dizíamos na ocasião e hoje repetimos, que Montes Claros não é nenhuma cidadezinha do interior onde o poder público sozinho, pode controlar tudo. É uma cidade grande, com jeito de capital, e os seus problemas, também, são grandes necessitando, obviamente, da cooperação da sociedade local em parceria com a municipalidade, para resolvê-los, como é o caso do barulho que tanto incomoda. Naquela ocasião não dissemos que o barulho incomodativo acabou, mas, diminuiu, podendo voltar como era antes, o que, de fato, aconteceu porque não houve a colaboração do povo para impedir que isso acontecesse. Não há dúvida de que sem o apoio da sociedade que é a principal prejudicada, nenhuma ação contra problemas como a poluição sonora, vai surtir efeito duradouro. Disso já temos exemplo com o que aconteceu antes com esse barulho e voltou a acontecer novamente depois de um pequeno espaço de tempo de sossego.
A população quase toda, com algumas exceções, preocupa-se em criticar ou reclamar das autoridades providencias sobre situações que de qualquer forma lhe prejudique, sem atentar para o fato de que a solução possa estar na própria sociedade. No caso do barulho provocado por carros de som, nota-se que há desrespeito às leis de proteção ambiental, praticado por pessoas adultas e, teoricamente, responsáveis, mas, sem nenhuma educação social que lhe facilite a noção do respeito ao direito alheio. Muitas vezes, esses casos reprimidos à maneira policial típica, não são resolvidos de forma definitiva porque quase sempre a punição obedece ao critério aplicado no crime comum, o que não é certo. Pune sem educar e nesse caso educar o individuo praticante do ato é necessário para fazê-lo enxergar os direitos do cidadão. Não há dúvida de que a ação policial é necessária como repressora, mas, também, é necessário que as autoridades planejem ações educativas, mostrando aos infratores o mal que causam ao habitante que necessita de descanso após um dia de trabalho. As multas pesadas são uma punição eficiente porque o medo da perda financeira inibe o ato delituoso. A ação repressora começou timidamente, mas, começou. Agora é aguardar os resultados.

(José Prates, 87 anos, é jornalista e Oficial da Marinha Mercante. Como tal percorreu os cinco continentes em 20 anos embarcado. Residiu em Montes Claros, de 1945 a 1958, quando foi removido para o Rio de Janeiro, onde reside com a familia. É funcionário ativo da Vale do Rio Doce, estando atualmente cedido ao Sindicato dos Oficiais da Marinha Mercante, onde é um dos diretores)


74672
Por José Prates - 27/2/2013 17:02:59
A mulher no mercado de trabalho

José Prates

Até o final do século XVIII, a atividade da mulher casada era somente no lar com suas obrigações domésticas como dona de casa. O homem era o único provedor das necessidades da família , ficando com a mulher a função exclusiva de mantenedora do lar a quem estava entregue a responsabilidade da educação os filhos. Sem as leis que hoje vigoram estabelecendo pensão no caso de separação ou morte do cônjuge, as mulheres que pertenciam a uma classe mais pobre, quando se enviúvam, viam-se obrigadas ao exercício de algumas atividades que lhe permitissem sustentar seus filhos. As atividades mais comuns, ao alcance da mulher, naquele tempo, eram a fabricação de doces por encomendas, o arranjo de flores, os bordados e em alguns casos a alfabetização de crianças nas fazendas, em escolas financiadas pelos fazendeiros. A sociedade preconceituosa de então, não via com bons olhos a atividade dessas mulheres, o que dificultava a conquista de um espaço no mercado de trabalho. Mesmo assim, algumas conseguiram transpor as barreiras e invadiram o mercado, impondo-se como profissionais capazes.
Até o início do século passado, existiam grandes restrições impostas pelo homem à atuação da mulher no mercado de trabalho, porque elas eram vistas apenas e simplesmente como a dona de casa apta a lhe servir. Isto porque a mulher, desde criança era preparada para casar-se, ter filhos e ser “dona de casa”, condição em que se acomodou por muito tempo. Depois da metade do século passado, com a introdução das leis trabalhistas, abriu-se legalmente o mercado de trabalho para as mulheres que quebrando o preconceito, foram entrando devagar, ampliando suas ações e conquistando espaço com a eliminação de algumas restrições ao sexo.
Em relação ao trabalho feminino, de algum tempo a esta parte, um espaço de cinqüenta anos, mais ou menos, com a facilidade de ingresso nas faculdades, a mulher conseguiu desenvolver sua capacidade de trabalho, chegando, em muitos casos, a igualar-se ao homem, destruindo o conceito de “sexo frágil” que lhe titulava de incapaz. Ao passar do tempo, a mulher foi-se desenvolvendo no trabalho fora do lar, aperfeiçoando-se e conquistando novos espaços no mercado de trabalho, competindo com o homem em muitos setores. Hoje, em nossos dias, é comum, é natural, a mulher empregada, desde o pedreiro na construção civil até á presidência de uma grande empresa privada ou pública, sem falar na ascensão política, com a mulher chegando à Presidente da República. Ao analisar o comportamento da força de trabalho feminino no Brasil no último quarto de século, o que chamam a atenção é a força de vontade e a persistência da mulher na luta pela conquista do seu espaço. Entre 1976 e 2002, segundo o IBGE, houve um acréscimo de 25 milhões de trabalhadores no mercado de trabalho brasileiro, com as mulheres desempenhando um papel relevante, superior ao dos homens, no crescimento da população economicamente ativa. Não há fugir que a mulher tem alto interesse no que faz, como aconteceu na máquina de costura quando ainda criança ou adolescente, sob os cuidados e orientação da mãe, ou quando adulta, depois de formada, o alto interesse no correto exercício da profissão escolhida, o que ainda hoje acontece. Seguindo esse interesse nato, hoje, ela está se especializando através de estudos e qualificação profissional, que exige um planejamento familiar capaz de lhe permitir o trabalho fora do lar, pois está conquistando cada vez mais posições atuantes no mercado de trabalho, impondo respeito e confiança como profissioanis em diversas áreas.
Médica, engenheira, ou advogada, não deixa de ser mulher, peça fundamental, indispensável na administração da casa, do lar. Não se cansam nem reclamam pelo acumulo de funções, porque são necessárias tanto no lar quanto no trabalho onde são peças fundamentais na execução ou na administração de qualquer projeto em que estiver engajada. Infelizmente, mesmo com as evoluções e conquistas da mulher no mercado de trabalho, ela ainda não está numa condição de vantagem em relação aos homens, pois continua existindo muito preconceito e discriminação, principalmente em relação à desigualdade salarial entre eles, o que é praticado na maioria das empresas nacionais, o que, felizmente, não faz desaparecer o seu animo para o trabalho.

(José Prates, 87 anos, é jornalista e Oficial da Marinha Mercante. Como tal percorreu os cinco continentes em 20 anos embarcado. Residiu em Montes Claros, de 1945 a 1958, quando foi removido para o Rio de Janeiro, onde reside com a familia. É funcionário ativo da Vale do Rio Doce, estando atualmente cedido ao Sindicato dos Oficiais da Marinha Mercante, onde é um dos diretores)


74619
Por José Prates - 22/2/2013 10:58:48
O barulho incomodativo voltou

José Prates

Há mais ou menos seis meses, este Mural sem ferir quem quer que seja, mas, sempre reclamando providências do poder público, desenvolveu uma campanha séria contra o barulho perturbador que tanto incomoda aos habitantes que nada podem fazer para impedi-lo. É um barulho que vem de carros de sons, festas ao ar livre, etc. um crime praticado contra a sociedade indefesa. No moc.com o povo falou livremente através de mensagens publicadas; artigos foram escritos e o grito popular correu mundo, levado pela internet. A opinião pública foi formada e pesou no ombro das autoridades responsáveis, fazendo-as refletirem no que estava sendo reclamado.
Primeiro veio a Patrulha do Silencio anunciada pelo Prefeito Municipal, que a ninguém convenceu. Uma espécie de “cala-boca” que nada fez. As reclamações continuaram mais freqüentes e mais vigorosas. Todos sabiam que as providencias cabiam à polícia por se tratar de um desrespeito à lei e agressão ao cidadão, portanto, um caso de ação pública. Entretanto, ao que nos parece, a Polícia para entrar em ação no que lhe é pertinente, como coibir abusos prejudiciais ao meio ambiente e punir agressões ao individuo, aguardava um sinal das autoridades municipais, o que estava demorando a acontecer.
Pois, bem. Naquela ocasião, há mais ou menos seis meses passados, a autoridade municipal, naturalmente pressionada pelo clamor publico começou a agir e o barulho cessou por algum tempo, fazendo desaparecer as reclamações populares. Agora, porem, as reclamações voltam com intensidade porque o barulho voltou, também, com intensidade, dando-nos a impressão de que as autoridades responsáveis pela repressão a essa pratica nociva ao sossego e repouso do cidadão, afrouxaram ou paralisaram a repressão, permitindo que o barulho voltasse, prejudicando o repouso do trabalhador. Está claro que as reclamações voltaram porque o barulho incomodativo voltou e se voltou é porque encontrou condições favoráveis para isso. Pois, então, é necessária que volte, também, a ação das autoridades municipais e policiais para fazer cessar essa prática nociva á população trabalhadora. Isto é o que aguarda o cidadão montesclarense.

(José Prates, 87 anos, é jornalista e Oficial da Marinha Mercante. Como tal percorreu os cinco continentes em 20 anos embarcado. Residiu em Montes Claros, de 1945 a 1958, quando foi removido para o Rio de Janeiro, onde reside com a familia. É funcionário ativo da Vale do Rio Doce, estando atualmente cedido ao Sindicato dos Oficiais da Marinha Mercante, onde é um dos diretores)


74586
Por José Prates - 17/2/2013 18:15:27
As cronicas e Ruth Tupinambá, frutos de uma mente jovem

José Prates

A beleza das crônicas escrita por Ruth Tupinambá; a fidelidade da estória que ela conta, fazem com que ninguém “passe por cima”, sem ler até o fim. A linguagem é coloquial e nos dá a impressão de estarmos sentados naquele gostoso sofá de palhinha, na sala de visitas, ao lado de Ruth, numa conversa franca e tranqüila, aquele “bate-papo” sertanejo, sem jogar conversa fora. É ai que vemos a beleza e a inocência de tanta coisa que deixamos para trás na corrida em busca de novos rumos. Coisas que não se perderam porque estão conservadas nas Ruth Tupinambás que as revivem e nos fazem revive-las lendo as suas crônicas.
Pois bem, a Ruth Tupinambá é um grande exemplo de saúde da mente, mantida jovem e atuante. Essa manutenção de juventude na mente é o que vemos na beleza de suas crônicas o que não é um fenômeno nem coisa totalmente rara, porque não importa a idade cronológica: a permanência da juventude mental é mantida através dos cuidados com o corpo físico, impedindo que problemas de saúde afetem as células do cérebro, influindo na saúde da mente. Muita gente, quando lê as belas crônicas que vêm da mente privilegiada de Ruth devem ficar imaginando como aquela mulher, naquela idade, pode produzir tão belas páginas contando coisas do passado. Considerando, apenas, a idade do corpo físico, como muitas pessoas fazem, não sabem que ali está uma mente jovem, saudável, assim mantida pelos cuidados de quem a possui. A mente inteligente é uma concessão do Criador, uma regalia do ser humano. Não envelhece, nós sabemos, mas, sofre as conseqüências dos maus tratos ao corpo físico que a aloja. O que vemos em Ruth é um exemplo disso. Com 93 anos de idade, apresenta-se com a mente saudável porque, naturalmente, cuida do seu físico, não permitindo que a mente seja afetada por moléstias que prejudiquem o seu belo desempenho. Sabemos que a mente não envelhece, mas, sabemos, também, que não está imune aos ataques de elementos nocivos que podem fazê-la perder a vitalidade. Esses elementos estão no próprio corpo físico quando levado a um estado de vida que prejudique o organismo, como alimentação inadequada que afeta as células do cérebro, diminuindo a sua capacidade de reação; o excesso de álcool, o cigarro e o sedentarismo são os fatores que mais afetam a juventude da mente, diminuindo a sua agilidade como, também, prejudicando a memória. Existem, porem, movimentos e ações que fazem rejuvenescer a mente e que são praticados por pessoas conscientes e conhecedoras de si próprias, como, naturalmente, seja o caso da ilustre cronista Ruth Tupinambás que nos dá o exemplo de mente jovem e sadia. Não é difícil cuidar do corpo como, também, da mente. Aliás, todos nós sabemos que quando se cuida bem do corpo está cuidando, também, da mente. Sigamos o exemplo de Dona Ruth e nossos filhos e netos terão motivos para orgulharem-se de nós.

(José Prates, 87 anos, é jornalista e Oficial da Marinha Mercante. Como tal percorreu os cinco continentes em 20 anos embarcado. Residiu em Montes Claros, de 1945 a 1958, quando foi removido para o Rio de Janeiro, onde reside com a familia. É funcionário ativo da Vale do Rio Doce, estando atualmente cedido ao Sindicato dos Oficiais da Marinha Mercante, onde é um dos diretores)


74547
Por José Prates - 13/2/2013 09:57:38
A luta de um menino pobre

José Prates

No meu tempo de criança, vivido na pequena Jacarací, no alto sertão baiano, quando eu tinha oportunidade, ficava olhando embevecido, “seu” Mozart, o Prefeito, em sua mesa de trabalho, dedilhando o teclado da maquina de escrever, fazendo aquele “tac, tac. tac”, compassado que me fazia sonhar com o dia em que me fosse dado o prazer de fazer isso. Maquina de escrever era coisa de luxo e chegar a ela era pra pouca gente. Nesse tempo, com onze anos de idade, eu aprendia telegrafia com meu primo João Guimarães, apelidado de Mulatinho, que era o Agente Postal. Como não havia carteiro nomeado pelos Correios, eu entregava aos destinatários, os telegramas e cartas que chegavam. Para isso, a Prefeitura Municipal pagava-me dez mil réis por mês e o comércio pagava-me trinta. Quando ia entregar a correspondência da Prefeitura, parava na porta do gabinete do Prefeito, para ver “seu” Mozart na maquina de escrever. Ficava imaginando os telegramas que chegavam serem escritos à maquina em vez de caneta, como era feito. Mas, no Correio não havia maquina de escrever, nem na Prefeitura, também. A maquina era de “seu” Mozart. Ele a comprou na Bahia, (Salvador), não sei por quanto. Eu gostava de ir entregar telegrama na Prefeitura pra ouvir o TAC TAC do teclado da máquina, sonhando comigo numa cadeira como aquela, dedilhando o teclado de uma maquina de escrever.
Minha infância, quase toda, foi vivida em Jacaraci, onde dois personagens influenciaram na minha formação: Mozart David e José Patrício Guerra, poeta, escritor e,também, farmacêutico em Mortugaba, então Boa Vista, distrito de Jacaraci. Ainda tenho na lembrança a figura de Patricio Guerra entrando a cavalo na cidade, vindo de Boa Vista, para saudar “seu” Mozart que chegava de uma de suas viagens à Bahia (Salvador). A presença de Patricio Guerra era imprescindível como orador nessa solenidade que chamavam de manifestação, quando o ” povo dava as boas vindas a Mozart”. Era um acontecimento até necessário na cidade que não dispunha de nenhum outro meio de distração para o povo, salvo os bailes de vez em quando, em algum dia festivo, ao som da “vitrola” de tio Antonio Julio, no salão da Prefeitura, atraindo a moçada sequiosa de diversão. Nessas manifestações encantava-me ouvir “seu” Patricio Guerra saudando “seu” Mozart. Às vezes em casa, eu com minhas irmãs, brincávamos de recepção e eu era o orador. Imitava seu Patrício na gesticulação e na voz, saudando “seu” Mozart representado, ali, por Daniel, meu irmão mais novo.
Numa dessas chegadas de “seu” Mozart, vindo de Salvador, eu com meus doze anos, resolvi também, fazer um discurso na “manifestação”. Pensei em imitar “seu” Patricio Guerra na gesticulação e na voz, mas, não sabia o que dizer no discurso que não podia ser nem muito breve, nem muito longo como me aconselhou o dr. Ariovaldo, Pretor, autoridade como o Juiz de Paz atual, com as mesmas atribuições. Com ele fiz amizade e muito aprendi sobre a língua portuguesa. Levei para ele a minha idéia de fazer um discurso na “manifestação” a “seu” Mozart. Ele achou interessante e se prontificou a escrever o discurso para eu ler, mas, não podia dizer a ninguém que foi ele quem escreveu. Mandou que eu decorasse o texto e fizesse a discurso como se fosse um improviso. E assim foi. Fui estar com Dona Julieta, esposa de “seu” Mozart e minha professora a quem falei sobre minha pretensão de falar na manifestação e a ela mostrei escrito o que havia planejado para falar. Ela ficou admirada da minha pretensão. Leu o que escrevi, gostou muito e colocou-me na lista dos oradores. Pediu-me que não comentasse com ninguém porque seria uma surpresa pra todo mundo a minha presença como orador. E foi mesmo. Quando começou o povo chegando para a manifestação, Dona Julieta colocou-me junto com os que iam falar, recomendando-me que aguardasse ser chamado, o que aconteceu logo após o discurso de “seu” Patricio Guerra. Chamado, então, cheguei a frente à porta onde estava “seu” Mozart acompanhado de Dona Julieta. Olhei para o povo e, imitando os oradores, disse em voz alta: “Meus Senhores e minhas Senhoras.” Olhei pra seu Mozart e comecei em voz alta, recitando em tom de discurso, o que havia decorado como me ensinou o Dr Ariovaldo, fazendo uma pequena pausa de um assunto para outro, quando, então, o povo irrompia em aplausos. Quando terminei de falar, uma grande salva de palmas aplaudia-me. “Seu” Mozart e Dona Julieta vieram até mim, apertaram-me a mão e abraçaram-me, mandando que eu fosse para a sala onde estavam os oradores. Quando entrei, “seu” Patricio Guerra anunciou em voz alta: “Eis o mais jovem orador jacaraciente!”. Todos os presentes vieram me abraçar. No dia seguinte, Tio Antonio Julio mandou chamar-me para almoçar com ele e fez questão que eu sentasse ao seu lado, na mesa. São acontecimentos que nunca se apagam da nossa memória porque foram momentos de glória de um menino pobre com vontade de crescer. Ninguém deve acomodar-se onde está e como está, aceitando a situação como coisa do destino. A luta para modificar a situação pode ser grande e árdua, mas, é necessária. Acomodar-se é abandonar o campo de batalha, aceitando a derrota.

(José Prates, 87 anos, é jornalista e Oficial da Marinha Mercante. Como tal percorreu os cinco continentes em 20 anos embarcado. Residiu em Montes Claros, de 1945 a 1958, quando foi removido para o Rio de Janeiro, onde reside com a familia. É funcionário ativo da Vale do Rio Doce, estando atualmente cedido ao Sindicato dos Oficiais da Marinha Mercante, onde é um dos diretores)


74471
Por José Prates - 1/2/2013 22:33:38
Poluição sonora é crime, previsto em lei

José Prates

Não é de hoje o problema da poluição sonora em Montes Claros. Vem desde muito tempo passado, resistindo a toda reclamação do povo impedido do descanso após um dia de trabalho. Não sabemos se se deve jogar na polícia ou na patrulha do meio ambiente a culpa pela continuação desse desrespeito às leis e ao cidadão, porque a cidade é grande, uma metrópole, e a quantidade de agentes policiais destacados para esse mister, não deve atingir o número suficiente para uma grande ação repressora, como se faz necessária. Por outro lado, ninguém ignora, que o responsável pela poluição, aquele que é o dono do carro de som, da boaite ou o operador do sistema, não respeita as leis, nem têm nenhuma preocupação com o sossego e a tranqüilidade do trabalhador. Está interessado, apenas, no que se propôs a fazer com sua fabrica de barulho, ignorando a tudo, inclusive ao descanso do cidadão trabalhador. Isto significa falta de educação social que impede essa pessoa de ver ou sentir o problema do próximo afetado pelo seu comportamento nocivo à sociedade. Reclamações que se multiplicam em publicações neste Mural, não fazem nenhum efeito prático porque os promotores da barulheira incomodativa não tomam conhecimento das reclamações por não lhes interessar o que falam ou o que pensam os pobres coitados impedidos do descanso a que têm direito. E a Prefeitura, o que tem feito? Pergunta a população prejudicada. Fazer o que se não tem condições de estar em todos os lugares ao mesmo tempo, nem pode prever a hora e aonde vai ser o barulho.
O Doutor Bruno Jorge Costa Barreto, Promotor Público do Estado do Ceará, apresentou um excelente trabalho sobre a poluição sonora e suas implicações como crime ambiental, publicado no Diário da Justiça do Ceará, sustentando seu trabalho na legislação de combate a essa pratica. Em seu trabalho, diz ele que “Na verdade, desde a década de 40, vem sendo a poluição sonora motivo de preocupação, tanto é que o Decreto-lei nº 3.688/41, Lei das Contravenções Penais em seu art 42 diz
I – perturbar o sossego alheio
II exercendo profissão incômoda ou ruidosa, em desacordo
com as prescrições legais.
III abusando de instrumentos sonoros ou sinais acústicos;
IV - provocando ou não procurando impedir barulho produzido por animal de que tem guarda.
Pena- prisão simples, de 15 dias a 3 meses, ou multa.
Conquanto seja posição minoritária na jurisprudência e na doutrina, se tem visto o enquadramento desse tipo de poluição como crime ambiental, isso em razão de estudos sobre os efeitos maléficos da poluição sonora sobre a saúde humana e das assustadoras fontes que a origina.”
Para alguns, poluição sonora simplesmente é "poluição"; como tal objeto da tutela Penal, prevista no art. 54 da lei n. 9608/98 que diz o seguinte: Art 54: causar poluição de qualquer natureza em níveis tais que resultem ou possam resultar danos à saúde humana ou que provoquem a mortandade de animais ou a destruição significativa da flora. Pena: reclusão de um a quatro anos.. Esse posicionamento, como regra, nos parece equivocado, não obstante o pensar de renomados ambientalistas.
Segundo o Dr. Bruno, “o enquadramento da poluição sonora como crime foi objeto da tutela penal no Anteprojeto da Lei nº 9.605/98, que, em seu artigo 59, especificamente tratava do assunto, incriminando a seguinte conduta:
Art. 59. Produzir sons, ruídos ou vibrações em desacordo com as prescrições legais ou regulamentes, ou desrespeitando as normas sobre emissão ou imissão de ruídos e vibrações resultantes de quaisquer atividades. Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
Referido dispositivo foi vetado pelo Presidente da República, constando em suas razões:
"O bem juridicamente tutelado é a qualidade ambiental, que não poderá ser perturbada por poluição sonora, assim compreendida a produção de sons, ruídos e vibrações em desacordo com as prescrições legais ou regulamentares, ou desrespeitando as normas sobre emissão e imissão de ruídos e vibrações resultantes de quais atividades.” O barulho que incomoda, que perturba e impede o descanso do cidadão é crime previsto em lei e deve como, obrigação do poder publico na defesa do cidadão, ser combatido. Não há justificativa para cruzarem os braços diante da situação, apenas ouvindo as reclamações.

(José Prates, 87 anos, é jornalista e Oficial da Marinha Mercante. Como tal percorreu os cinco continentes em 20 anos embarcado. Residiu em Montes Claros, de 1945 a 1958, quando foi removido para o Rio de Janeiro, onde reside com a familia. É funcionário ativo da Vale do Rio Doce, estando atualmente cedido ao Sindicato dos Oficiais da Marinha Mercante, onde é um dos diretores)




Selecione o Cronista abaixo:
Avay Miranda
Iara Tribuzi
Iara Tribuzzi
Ivana Ferrante Rebello
Manoel Hygino
Afonso Cláudio
Alberto Sena
Augusto Vieira
Avay Miranda
Carmen Netto
Dário Cotrim
Dário Teixeira Cotrim
Davidson Caldeira
Edes Barbosa
Efemérides - Nelson Vianna
Enoque Alves
Flavio Pinto
Genival Tourinho
Gustavo Mameluque
Haroldo Lívio
Haroldo Santos
Haroldo Tourinho Filho
Hoje em Dia
Iara Tribuzzi
Isaías
Isaias Caldeira
Isaías Caldeira Brant
Isaías Caldeira Veloso
Ivana Rebello
João Carlos Sobreira
Jorge Silveira
José Ponciano Neto
José Prates
Luiz Cunha Ortiga
Luiz de Paula
Manoel Hygino
Marcelo Eduardo Freitas
Marden Carvalho
Maria Luiza Silveira Teles
Maria Ribeiro Pires
Mário Genival Tourinho
montesclaros.com
Oswaldo Antunes
Paulo Braga
Paulo Narciso
Petronio Braz
Raphael Reys
Raquel Chaves
Roberto Elísio
Ruth Tupinambá
Saulo
Ucho Ribeiro
Virginia de Paula
Waldyr Senna
Walter Abreu
Wanderlino Arruda
Web - Chorografia
Web Outros
Yvonne Silveira